Roberto Lee, CEO e fundador da Avenue, falou ao E-Investidor sobre a trajetória dos brasileiros na internacionalização dos seus portfólios (Foto: Avenue)
O governo de Donald Trump completa 100 dias nesta quarta-feira (30) e, desde a sua chegada à Casa Branca, os mercados permanecem com alta volatilidade. As promessas em reduzir o déficit comercial via tarifas de importação desencadearam uma guerra comercial entre os países atingidos pelas novas taxas e derrubaram as bolsas de Nova York em meio aos riscos da maior economia do mundo entrar em recessão.
Contudo, o período de incerteza não impediu a internacionalização dos portfólios. Roberto Lee, CEO e fundador da Avenue, diz que o volume de alocação dos brasileiros em direção aos EUA triplicou no primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2024. O aumento coincide com o anúncio das primeiras ações protecionistas de Trump que elevaram a aversão ao risco dos mercados.
De acordo com o executivo, mais de 80% das alocações foram direcionadas para o mercado de renda fixa americano que, segundo Lee, oferece uma oportunidade única para o investidor. Isso porque as taxas de juros americanas ainda permanecem no seu maior patamar em duas décadas, o que garante ao investidor brasileiro proteção e rendimentos elevados.
“Os títulos mais seguros do mundo continuam sendo os títulos do Tesouro Americano. Não há nada no mercado que chegue perto disso, mesmo com a volatilidade atual”, diz o CEO. Diante das oportunidades, a Avenue realiza nos dias 16, 17 e 18 de julho deste ano a 2ª edição do Avenue Connection que vai discutir como os investidores podem internacionalizar o seu portfólio em períodos de incertezas econômicas.
E-Investidor – O governo de Donald Trump completa 100 dias. Como você avalia o atual cenário do mercado americano para o investidor brasileiro?
Roberto Lee – Para mim, continua sendo o melhor momento da história para investir nos Estados Unidos. As taxas americanas nunca foram tão atrativas. Há 15 anos, vivíamos um mundo com juros a zero. Então, quando o investidor brasileiro vinha para os Estados Unidos, estava basicamente buscando segurança e preservação de capital. O seu dinheiro não rendia. Hoje, quando você envia dinheiro para os Estados Unidos em busca de proteção de patrimônio, encontra remuneração em cima disso. Os títulos mais seguros do mundo continuam sendo os títulos do Tesouro Americano. Não há nada no mercado que chegue perto disso, mesmo com a volatilidade atual.
Como está a alocação dos investidores brasileiros nos Estados Unidos com o retorno de Trump à presidência?
O último trimestre foi o melhor da Avenue desde a nossa fundação. Os fluxos para fora (do Brasil) triplicaram em comparação ao mesmo período do ano passado. Em Abril, os números continuaram. Houve uma leve diminuição nos primeiros dias, mas observamos uma retomada forte, principalmente porque o dólar voltou a ter preços bem atrativos. Isso reflete o amadurecimento da sociedade. Então, esse período de volatilidade de curto prazo não mudou a trajetória do investidor brasileiros. Pelo contrário, aumentou o volume de conversas sobre a necessidade de internacionalizar a carteira que acelera esse fluxo estrutural para o exterior.
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Onde os brasileiros estão investindo?
Mais de 80% desse fluxo está indo para o mercado de renda fixa e esta classe de ativo está extremamente atrativa, principalmente, quando se fala dos bonds (títulos de dívida) das grandes corporações. As empresas americanas nunca estiveram tão sólidas. Então, a capacidade dessas empresas de pagar dívidas por muitos anos é robusta. Já os títulos públicos americanos são a reserva de valor do mundo tanto que todos os banco centrais do planeta possuem reservas em tesouro americano. Por isso, continuo com a minha visão de que nunca esteve tão fácil, barato e seguro para o investidor brasileiro iniciar a sua jornada de investimento fora do País.
No atual momento de alta volatilidade, vale mais estar posicionado em renda fixa americana do que em ações?
O investidor deve ter dois bolsos: um para a preservação de capital que deve ser maior e outro para ativos de risco que buscam oportunidades para gerar rendimentos. A primeira missão que falamos para os brasileiros é a preservação do capital. A busca por ganhar dinheiro vem depois. E em um cenário de muita incerteza, no qual o dinheiro é incerto, é preciso aumentar a parcela da preservação de capital. Como o investidor faz isso? Classificando o que é um ativo de risco. Então, ações de big techs são ativos de risco, assim como as moedas emergentes. Embora eu acredite que seja o momento para buscar mais proteção do que risco, o investidor não pode tirar o dedo do ‘gatilho’ porque, em breve, teremos ótimas oportunidades de entrada em ativos de Bolsa.