Analistas listam ações baratas do Ibovespa. Foto: AlfRibeiro - stock.adobe.com
O Ibovespa engatou um forte movimento de alta na última semana, aproximando-se do recorde histórico de 137.469,27 pontos, alcançado em agosto de 2024. Mesmo com a recente valorização, analistas ainda consideram que existem muitas oportunidades na Bolsa brasileira.
Levantamento de Einar Rivero, CEO e sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, mostra que 15 ações do Ibovespa bateram suas máximas históricas em abril – veja os detalhes nesta matéria. Por outro lado, existem papéis que ainda operam com preços considerados “baixos” e podem se valorizar mais nos próximos meses.
Rubens Cittadin, operador de renda variável da Manchester Investimentos, enxerga que as duas ações de maior peso do índice da B3 – Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3;PETR4) – se encontram em patamares historicamente baixos. Em abril, os papéis da mineradora acumularam perdas de 7,57%, enquanto os da petroleira registraram desvalorização ainda mais expressiva: de 20,11%, no caso de PETR3, e de 17,66% em PETR4.
“O restante das petroleiras também está com valor descontado, como Prio (PRIO3) e Brava Energia (BRAV3). Outro setor que parece não ter acompanhado a alta do Ibov é o metalúrgico e industrial, com destaque para a Gerdau (GGBR4)”, afirma Cittadin.
Na visão de Bruce Barbosa, sócio-fundador da Nord Investimentos, a Prio, negociada atualmente na faixa dos R$ 36 apresenta um crescimento de resultados que não condiz com o seu preço atual. “O Ibama travou alguns investimentos da empresa em campos de petróleo, mas com as liberações, a companhia tem um alto potencial de valorização”, afirma.
As petroleiras brasileiras sofreram em abril com a queda nos preços da commodity após o anúncio da política tarifária de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. A preocupação dos investidores é de que a guerra comercial provoque uma recessão global e enfraqueça a demanda por petróleo.
Nesse cenário, Flávio Conde, analista da Levante Ideias de Investimento, entende que um eventual acordo entre EUA e China na disputa tarifária poderia favorecer as petroleiras brasileiras. “O país asiático é um grande importador de petróleo. A commodity pode ser uma das principais beneficiadas caso um acordo seja firmado com os EUA, o que impactaria positivamente ações como Petrobras, Prio e Brava”, avalia.
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Além das companhias do setor de petróleo, Bruno Benassi, analista de ativos na Monte Bravo, entende que papéis ligados a outras commodities também estão baratos. “Consideramos os preços de Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) bem interessantes. Mas é importante acompanhar qual será o preço de equilíbrio da celulose, especialmente considerando o cenário de possível sobreoferta no mercado chinês”, afirma.
Outros setores também apresentam “pechinchas”
Não são apenas os papéis associados a commodities que contam com preços atrativos na Bolsa brasileira. “Continuamos gostando dos investimentos em shoppings e no setor de utilidades públicas, como CPFL (CPFE3), Eletrobras (ELET3;ELET6) e Equatorial (EQTL3), diz Benassi.
Bruno Cotrim, economista da casa de análise Top Gain, entende que as distribuidoras de energia elétrica no Brasil podem se beneficiar da mudança de bandeira tarifária. Na última semana, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) sinalizou que a bandeira passará da verde para amarela em maio, aumentando o custo para os consumidores. “Isso pode ajudar essas empresas a terem um resultado melhor daqui para frente”, ressalta Cotrim.
Entre outras empresas com preços considerados atrativos, o economista cita uma do setor financeiro: o Banco do Brasil (BBAS3). “Com base nos seus fundamentos, a companhia também está barata, visto que ela fez um desdobramento dos seus papéis no último ano, dividindo na metade o valor dos ativos”, explica.
Varejo: oportunidade com possível pausa na alta da Selic
Analistas destacam que o setor varejista também conta com “pechinchas” no atual momento e pode se valorizar a depender da trajetória da Selic. No último Boletim Focus, a projeção para a taxa básica de juros brasileira no fim de 2025 permaneceu em 15% pela 16ª semana seguida, sugerindo que os juros terão de subir 0,75 ponto porcentual acima do nível atual, de 14,25%.
Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos, afirma que empresas de consumo como Lojas Renner (LREN3) e Assaí (ASAI3) estão com múltiplos abaixo da média histórica e podem se beneficiar de uma possível inversão do ciclo de alta da Selic. “Com a recuperação econômica e juros mais baixos, essas ações têm bom potencial de valorização”, indica.
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Cotrim, da Top Gain, avalia que o Magazine Luiza (MGLU3) é outra ação barata do Ibovespa que pode se sair bem. “O Magalu tem potencial para continuar crescendo. A empresa já conseguiu se adaptar ao cenário de juros altos e apresentou um bom desempenho em 2024, revertendo prejuízo em lucro”, destaca.