A gestora já é dona dos dois ativos líderes desse mercado. O JURO11, lançado em 2021 e hoje com R$ 2,1 bilhões em patrimônio líquido e benchmark de IMAB-5 mais 2% ao ano; e o CDII11, de 2023, com R$ 1,4 bi em PL, para entregar CDI mais 2% a.a. O DIVS11 chega para ser o irmão mais novo, e mais arriscado, pois promete entregar IDkA IPCA 5A mais 2,0%.
O benchmark não é comum na indústria. O Índice de Duração Constante ANBIMA, conhecido como IDkA, segue o comportamento da curva de juros real, construída a partir dos títulos públicos indexados à inflação, as NTN-Bs. No caso do IDka IPCA 5A, a curva é calculada no vencimento de cinco anos.
Na prática, a Sparta quer entregar 2% ao ano a mais do que os títulos IPCA+ no prazo de cinco anos. Em termos de comparação, o retorno do IDkA IPCA 5A foi de 6,12% em 12 meses, segundo a Anbima.
Ulisses Nehmi, CEO da Sparta, apelida o lançamento como o “JURO11 com prazo maior e mais risco”. Por causa disso, também oferece maior potencial de retorno.
“A estratégia de crédito é a mesma dos nossos outros FI-Infras, uma carteira bem pulverizada, com ativos de boa qualidade. A ideia é ter um prazo maior na carteira para o investidor que quiser garantir esse nível de retorno por um prazo mais longo. Mas, por isso, terá uma volatilidade maior”, explica.
Além do indexador, a remuneração dos cotistas também é diferente. O JURO11 tem uma regra que só permite distribuir dividendos quando o valor patrimonial das cotas está acima de R$ 100. Isso significa que a remuneração não é sempre constante; o que desagrada alguns investidores, especialmente a pessoa física que vê na classe de fundos listados uma alternativa para gerar renda passiva.
O DIVS11 vem com essa proposta: vai pagar um rendimento mensal fixo, estabelecido pela gestora anualmente. Em 2025, o provento será de R$ 1,20 por cota. “Tem muita previsibilidade, coisa que o investidor gosta bastante. Não era algo que esperávamos, mas temos recebido feedback positivo nesse sentido”, destaca Nehmi.
A listagem desta quinta-feira não tem meta de captação, nem preço estabelecido de cota, pois a emissão inicial do ativo foi feita em uma oferta restrita em dezembro. Agora, seis meses depois, o FI-Infra chega à Bolsa apenas para investidores qualificados, aqueles com patrimônio investido superior a R$ 1 milhão. A negociação para o investidor pessoa física começa em 20 de junho.
O administrador do DIVS11 é o BNY Mellon. A taxa de administração do fundo é de 1,0% ao ano e não há cobrança de taxa de performance.
Por que lançar o novo fundo agora?
O novo FI-Infra da Sparta chega à Bolsa em um momento em que a maior parte dos fundos abertos da casa segue com a captação fechada. Em meados de 2024, em meio ao boom recorde de emissão e captação de crédito privado, a gestora optou por limitar a entrada de novos investidores em seus principais fundos de debêntures incentivadas, receosa de que o excesso de liquidez daquele momento pudesse atrapalhar as estratégias. Nehmi não queria se ver obrigado a “fazer uma alocação a qualquer preço”, disse nesta entrevista da época ao E-Investidor.
Com a captação fechada, foram os fundos listados que bombaram. O CDII11 conseguiu levantar R$ 1 bilhão em sua quinta emissão de cotas, realizada em setembro. O número de cotistas saltou de 28 mil para 50 mil.
Mas os FI-Infras da gestora apanharam no final do ano, junto aos outros ativos listados como FIIs e Fiagros que sofreram na virada de 2024 com o movimento expressivo de abertura da curva de juros e a consequente compressão dos spreads. O DIVS11 já estava pronto naquele momento, mas, com tantos “concorrentes” descontados, parecia um momento ruim para se lançar a mercado. Por isso, a Sparta preferiu realizar uma oferta restrita, no lugar do IPO, investindo R$ 30 milhões do próprio bolso para colocar o fundo de pé e aguardar que a janela melhorasse.
Agora, o momento chegou. Ainda que os ativos sigam um pouco descontados na Bolsa, a gestora entende que um movimento de correção importante aconteceu. Nesse meio tempo, o DIVS11 foi construindo um track record (histórico de desempenho financeiro) para apresentar aos investidores na estreia. Mas sem a pretensão de já sair valendo bilhões, como seus dois irmãos mais velhos.
“Começar um fundo novo é muito curioso, porque quando está bom para investir, não está bom para captar”, diz Nehmi. “Fazer o IPO é muito difícil, porque são muitas promessas, mas não tem histórico, nada. O que vimos na experiência dos outros fundos – o CDII11 também foi assim – é que faz sentido criar um produto aos poucos, educando os investidores, mostrando o resultado. E aí, com o tempo, ele cresce.”
A gestora mantém o otimismo com o segmento de infraestrutura, sobretudo com o indexador IPCA+. Os spreads seguem comprimidos e há pouco espaço para que voltem a abrir, sim. Mas o entendimento é que, caso aconteça, o impacto nas carteiras seria pequeno dado o nível já elevado das taxas nominais. A assimetria maior é para cima em um possível novo ciclo de queda de juros. “O momento para o investidor é muito favorável em relação a juros. E, em crédito, dá conforto o fato de ser infraestrutura, que capta IPCA+, tem previsibilidade de receita, setores regulados”, destaca o CEO da Sparta.