O Dow Jones caiu 1,91% aos 41.860,44 pontos; o S&P 500 recuou 1,61%, aos 5.844,61; e o Nasdaq fechou em baixa de 1,41%, aos 18.872,64 pontos. Os dados são preliminares.
As ações da Wolfspeed despencaram quase 60% após o Wall Street Journal informar que a fabricante de componentes para chips se prepara para entrar com pedido de falência nas próximas semanas. Segundo fontes, a empresa estaria buscando estruturar um plano de recuperação judicial com o apoio da maioria de seus credores.
As ações da gigante de seguros de saúde UnitedHealth recuaram 5,8%, depois de serem rebaixadas por analistas do HSBC, de “manter” para “cortar”, com preço-alvo reduzido de US$ 490 para US$ 270. O papel já havia despencado na semana passada, após a renúncia do CEO Andrew Witty e a suspensão das projeções para 2025. O Wall Street Journal também informou que a empresa está sendo investigada pelo Departamento de Justiça dos EUA por possível fraude criminal em reembolsos do Medicare.
A Alphabet subiu 2,8%. Na terça-feira, a companhia usou o Google I/O, seu principal evento do ano, para anunciar que reforçará sua ferramenta de buscas com recursos de inteligência artificial (IA). No entanto, muitos dos produtos de IA apresentados só devem chegar ao mercado dentro de alguns meses. O CEO Sundar Pichai disse que as novidades representam uma “reinvenção total” das buscas online.
A Tesla recuou 2,7%. Ontem, em conferência no Catar, o bilionário Elon Musk indicou que continua comprometido com a montadora de veículos elétricos ao afirmar que espera continuar no cargo de CEO pelos próximos cinco anos. Em entrevista à CNBC, Musk ainda afirmou que a Tesla está pronta para lançar seu serviço de robotáxi em junho, na cidade de Austin, Texas, embora a implementação deva ser gradual.
Juros dos EUA sobem
Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos avançaram nesta quarta-feira, dia em que as preocupações sobre a sustentabilidade da dívida americana deram o tom das negociações em Nova York. A queda na demanda no leilão de Treasuries de 20 anos intensificou a venda de títulos desencadeada pelos temores de que os EUA possam ter mais dificuldade para financiar seu enorme déficit orçamentário nos próximos anos.
Por volta das 17h (horário de Brasília), o juro da T-note de 2 anos subia a 4,007%. O rendimento da T-note de 10 anos subia a 4,586%. Na máxima, o yield tocou 4,604%. O rendimento do T-Bond de 30 anos avançava para 5,083%, após máxima de 5,096% mais cedo.
Os juros dos Treasuries aceleraram alta após o Departamento do Tesouro vender US$ 16 bilhões em T-bonds de 20 anos com rendimento máximo de 5,047%, acima dos 4,810% de um mês atrás. Os compradores indiretos, que incluem bancos centrais estrangeiros, tiveram participação ligeiramente menor no leilão. A razão de cobertura, medida de demanda pelos títulos, caiu de 2,63 para 2,46. A taxa de 20 anos tocou o maior nível desde novembro de 2023.
O plano orçamentário em discussão no Congresso levaria o déficit dos EUA a níveis que poderiam comprometer a sustentabilidade da dívida no longo prazo, escreve Matthew Luzzetti, do Deutsche Bank.
Segundo ele, os cálculos fiscais se deterioraram porque a recente turbulência no comércio afastou investidores do mercado de Treasuries, elevando os prêmios de prazo – rendimento adicional que investidores exigem para manter um título de dívida de longo prazo.
Com esses prêmios mais altos incorporados aos rendimentos dos títulos, as projeções do Deutsche Bank indicam uma relação entre déficit orçamentário e PIB acima de 1,2%, o que geraria instabilidade no longo prazo, reduzindo a margem de manobra do governo em comparação a períodos em que os prêmios de prazo eram menores e os investidores demonstravam menos ceticismo em relação à dívida pública americana.
O relatório do Deutsche Bank aponta que o plano defendido pelo presidente Donald Trump poderia manter o déficit orçamentário do país acima de 6,5% do PIB por um período prolongado.
A Sifma, associação que representa o mercado financeiro nos EUA, recomendou que os negócios com Treasuries terminem mais cedo nesta sexta-feira, devido às comemorações do Memorial Day, na segunda-feira, dia 16.
Moedas globais: dólar cai
O dólar caiu ante as principais moedas nesta quarta-feira, acumulando a terceira sessão consecutiva de perdas e queda semanal acima de 1%, pressionado por incertezas fiscais nos Estados Unidos.
O índice DXY,que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis moedas fortes, recuou 0,55%, para 99,559 pontos. Por volta das 17h00 (horário de Brasília), o dólar cedia a 143,63 ienes, enquanto o euro avançava para US$ 1,1331 e a libra esterlina subia para US$ 1,3426.
O enfraquecimento do dólar reflete, em parte, o avanço de um pacote fiscal no Congresso dos EUA que combina cortes de impostos e aumento de gastos em áreas estratégicas, o que reacende temores sobre o aumento do déficit do orçamento.
“Com as manchetes geopolíticas recentes, investidores começam a concluir que Trump pode enfrentar vários obstáculos relevantes em seu mandato e na implementação de políticas”, avaliou Filip Lagaart, da FXStreet.
O receio sobre o quadro fiscal americano tem ofuscado a busca do dólar como refúgio em momento de piora de tensões geopolíticas, favorecendo outras moedas. Mais cedo, os mercados assimilaram informação, segundo reportagem da CNN, de que Israel estaria preparando um ataque a instalações nucleares iranianas, o que tem alimentado a busca por ativos considerados porto seguro, como o iene e o franco suíço. O dólar, contudo, acelerou a queda durante a tarde após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou que o líder do Hamas, Muhammad Sinwar, “aparentemente” foi morto durante uma operação.
Apesar do impacto moderado, o recente rebaixamento da nota de crédito soberano dos EUA pela Moodys adiciona à narrativa de perda de confiança nos ativos americanos, segundo analistas do Commonwealth Bank of Australia.
A libra esterlina, por sua vez, tocou o maior nível desde fevereiro de 2022, a US$ 1,347, após dados de inflação britânica em abril superarem as projeções do mercado.
O governo japonês reiterou que as discussões sobre taxas de câmbio devem considerar o consenso de que volatilidade excessiva é indesejável. Washington e Pequim devem iniciar negociações tarifárias na sexta-feira. Para Derek Halpenny, estrategista do MUFG, qualquer sinal de que os EUA pressionarão parceiros asiáticos a reduzir intervenções de compra de dólares pode acelerar a fraqueza da moeda americana.
*Com informações da Dow Jones Newswires