Ibovespa é o principal indicador de ações da B3, a Bolsa de Valores brasileira. Veja mais sobre no mercado financeiro hoje (Foto: Adobe Stock)
As alterações no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), anunciadas pelo Ministério da Fazenda na noite de quinta-feira (22), movimentaram a Bolsa de Valores nesta sexta-feira (23). O Ibovespa fechou em alta de 0,4%, aos 137.824,29 pontos, depois de cair mais de 1% no período da manhã. A reação de queda no início do pregão já era esperada -ainda na quinta, o EWZ, principal fundo de índice (ETF) do País negociado nos EUA, cedeu 3,71% no pós-mercado com a repercussão das medidas anunciadas pelo governo.
As ações da Raízen (RAIZ4) dispararam 7% e estiveram entre os principais ganhos no índice brasileiro. Os papéis têm sido impulsionados por notícias sobre a possibilidade de venda de ativos, que pode ajudar na desalavancagem da companhia. Conforme apurou a Coluna do Broadcast, já haveria interessados inclusive para sua operação na Argentina. “Vai ajudar a resolver o risco financeiro”, explica Hugo Queiroz, sócio da L4 Capital.
Do lado oposto, os papéis da Azzas (AZZA3) recuaram 6,07% e registraram a maior perda da sessão. A companhia faz parte do grupo das chamadas “empresas cíclicas”, que são ligadas ao ciclo interno do consumo.
No mercado doméstico de câmbio, o dólar hoje fechou em queda de 0,25% a R$ 5,6470. “De modo geral, vemos continuidade da tendência observada ao longo desta semana, com o fiscal americano influenciando na desvalorização do dólar e motivando a busca por ativos fora dos Estados Unidos e por ativos reais, como o ouro, que valorizou quase 5% durante a semana”, afirma André Valério, economista sênior do Inter.
Para Cândido Piovesan, Trader da Mesa de Alocação da Nippur Finance, as medidas do governo refletem o crescente desequilíbrio nas contas públicas, acompanhado pelo enfraquecimento do arcabouço fiscal. “A ideia de controle de capitais — ainda que não assumida — assusta, pois representa um movimento típico de países em crise. A tentativa frustrada de taxar fundos no exterior revelou um estágio preocupante da deterioração fiscal. O mercado entende isso como um alerta vermelho”, diz Piovesan.
Também esteve no radar dos investidores as novas ameaças tarifárias do presidente dos Estados Unidos, Donal Trump. Mais cedo, o republicano afirmou que a União Europeia “foi criada com o objetivo principal de tirar vantagem dos americanos no comércio” e que o bloco “tem sido difícil de lidar”. Por isso, recomendou a imposição de uma tarifa de 50% sobre os produtos da UE.
As falas movimentaram os mercados internacionais. Enquanto as Bolsas de NY operam em queda, os índices europeus fecharam em forte baixa. Em Londres, o FTSE 100 recuou 0,24%, aos 8.717,97 pontos, mas acumulou alta semanal de 0,38%. O DAX, de Frankfurt, caiu 1,54%, aos 23.629,58 pontos, com perda semanal de 0,58%. Em Paris, o CAC 40 cedeu 1,65%, aos 7.734,40 pontos, acumulando baixa de 1,93% na semana. O FTSE MIB, de Milão, caiu 1,94%, aos 39.475,36 pontos, com forte recuo semanal de 2,90%. Em Madri, o Ibex 35 perdeu 1,18%, aos 14.104,10 pontos, mas fechou a semana com ganho de 0,28%. Já em Lisboa, o PSI 20 recuou 0,61%, aos 7.330,90 pontos, acumulando valorização semanal de 1,31%. Os dados são preliminares.
Entenda as mudanças no IOF e o impacto para o Ibovespa
Na noite desta quinta-feira (22), o Ministério da Fazenda anunciou o aumento do IOF sobre planos de previdência privada (VGBL), sobre o crédito de empresas e também sobre operações de câmbio que atingem empresas e pessoas físicas. A expectativa do governo com a medida é arrecadar R$ 20,5 bilhões neste ano e R$ 41 bilhões em 2026, segundo informações do Estadão.
Após a repercussão negativa entre agentes do mercado financeiro, a equipe econômica voltou atrás sobre o aumento do IOF que incide sobre transferências de recursos destinadas à aplicação em fundos de investimento no exterior. Com a decisão, permanece em vigor a alíquota zero do IOF sobre esse tipo de operação. No caso das remessas destinadas a investimentos por pessoas físicas, será mantida a alíquota atual de 1,1%.
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As informações foram divulgadas no fim da noite da quinta-feira (22), em nota publicada pela Fazenda na rede social X. “O Ministério da Fazenda informa que, após diálogo e avaliação técnica, será restaurada a redação do inciso III do art. 15-B do Decreto nº 6.306, de 14 de dezembro de 2007, que previa a alíquota zero de IOF sobre aplicação de investimentos de fundos nacionais no exterior“, informou a pasta. Confira aqui como foi a reação da Bolsa de Valores à medida do governo.