O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou com taxa de 14,710%, de 14,744% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2027, taxa de 13,95%, de 13,98%. A do DI para janeiro de 2029 passava de 13,60% para 13,56%.
Sem a referência dos Treasuries, a liquidez secou, deixando o mercado também sem estímulo para a montagem de posições, dada ainda a expectativa com a agenda econômica carregada da semana. O DI para janeiro de 2026 hoje foi o mais negociado, mas girando apenas 199.460 contratos, muito abaixo da média diária de 591 mil nos últimos 30 dias.
Pela manhã o mercado operou no piloto automático e à tarde, a curva esboçou alívio, na expectativa pelo IPCA-15 de maio, amanhã, ainda que limitado pelo volume escasso, segundo profissionais da renda fixa. “Algumas casas podem estar se antecipando ao IPCA-15. Como sai logo na abertura, quem estiver posicionado para um dado melhor tem vantagem”, afirma o estrategista-chefe e sócio da EPS Investimentos, Luciano Rostagno, lembrando que especialmente bancos podem ter apostas mais firmes, uma vez que costumam fazer coleta diárias de preços.
A mediana das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast é de ligeira aceleração, para 0,44%, de 0,43% em abril. Para preços de abertura, a projeção é de que a média dos núcleos repitam a alta de 0,47%, mas preços livres e, principalmente, alimentação no domicílio devem ter arrefecimento.
Nas reuniões hoje de diretores do Banco Central com economistas, houve consenso de que o PIB deve crescer mais do que se esperava este ano, trazendo risco para cima à inflação. Por outro lado, as mudanças no IOF reforçam, para os participantes, a convicção de que a taxa Selic continuará parada em 14,75%, porque equivalem a uma alta de 0,25 a 0,50 ponto porcentual nos juros.
A curva a termo, segundo Rostagno, precificava nesta tarde 66% de probabilidade de manutenção da Selic no Copom de junho e 34% de chance de aumento de 25 pontos-base. O mercado segue vendo espaço para corte ainda este ano, dada a precificação de queda de 16 pontos-base no Copom de dezembro. “A economia vai desacelerar em algum momento. Esse caminhão de juros que a gente tem deve bater na atividade”, afirma o estrategista.
O Boletim Focus desta segunda-feira trouxe alterações discretas nas medianas dos economistas. A do IPCA 12 meses à frente caiu de 4,91% para 4,86%, mas segue acima do teto da meta de 4,50% e a do IPCA para 2025 manteve-se em 5,50%. Para a Selic, também não houve mudança, com manutenção dos níveis de 14,75% e 12,50% para 2025 e 2026.
“Ainda que o Focus indique o fim do ciclo de aperto, mantida a Selic em 14,75%, nossa avaliação é de que o Copom deverá promover um último ajuste de 0,25 ponto na próxima reunião, diante da persistência inflacionária e da necessidade de reforçar o compromisso com a meta, sobretudo de 2026”, avalia Arnaldo Lima, economista da Polo Capital.
Para o economista, a semana será decisiva para calibrar as apostas, em função da agenda carregada. Além do IPCA-15, amanhã, haverá divulgação de “indicadores-chave”, especialmente os dados do mercado de trabalho, como o Caged e a taxa de desemprego do IBGE, além do PIB na sexta-feira. “Esses dados serão fundamentais para o Copom avaliar a efetividade das medidas fiscais anunciadas, mensurar a inércia inflacionária e decidir com maior segurança sobre a trajetória da Selic”, afirma.
A notícia do dia, a do adiamento da aplicação de tarifas de 50% à União Europeia pelo presidente Donald Trump, teve pouco potencial para mexer com os negócios por aqui, ao menos antes de um primeiro impacto nos Treasuries, que pode vir a ocorrer amanhã.
Internamente, o aumento do IOF, mesmo com o recuo parcial do governo, ainda traz desconforto. A equipe econômica tem até o fim da semana para decidir como compensar o que deixará de ser arrecadado pela alteração no decreto sobre a cobrança, estimado em R$ 2 bilhões. Os ministros da Junta Orçamentária se reúnem hoje para encontrar uma solução, segundo apurou o Broadcast.