Partindo dos resultados do primeiro trimestre de 2025, o BTG Pactual (BPAC11) atualizou o preço-alvo de C&A (CEAB3) para R$ 22, de R$ 17 anteriormente, baseado em demonstrações de maior eficiência operacional da companhia, com aumento da produtividade das lojas e rentabilidade. O novo preço representa um potencial valorização de 23,59% frente ao fechamento da última terça-feira (4), de R$ 17,80. A recomendação de compra foi mantida.
Em relatório, os analistas Luiz Guanais, Yan Casquim e Pedro Lima ressaltam que a C&A está intensificando seu foco em eficiência operacional, especialmente vendas como a principal alavanca para criação de valor em 2025, implementando mecanismos de precificação para preservar a competitividade, ao mesmo tempo que implementa aumentos de preços por meio de um melhor mix de produtos e atualizações de qualidade.
Eles destacam as estimativas da C&A de que mais de 200 lojas (de 332 no total) já passaram por algum tipo de melhoria no sortimento de produtos. Em 2024, essas iniciativas apoiaram ganhos gradativos no preço médio de venda sem comprometer o volume. Para 2025, a varejista planeja abrir cerca de dez novas lojas, sublinhando uma abordagem seletiva para a expansão. “O plano mais amplo é melhorar a produtividade das lojas antes de acelerar novamente as inaugurações de lojas em 2026, quando se espera que um pipeline mais robusto se materialize”, sinalizam os analistas.
Eles acrescentam que o momento no segmento de vestuário deve beneficiar a C&A. Isso porque, os segundo e terceiro trimestres são tipicamente períodos mais fortes devido às coleções de inverno, e dados climáticos iniciais indicam que as temperaturas médias nas primeiras semanas do segundo trimestre de 2025 foram mais baixas do que no mesmo período de 2024, o que impulsiona a demanda pela categoria.
“Reformas recentes aumentaram a conversão de clientes e o tamanho da cesta, com lojas piloto mostrando um aumento de vendas por m² de 8% a 10% após a renovação”, indica o banco, ressaltando que os esforços são complementados pelo reposicionamento da marca e diversificação de categorias, que permanecem chave para a estratégia de médio prazo da C&A.
Assim, embora mais positivo com relação à empresa, o BTG vê espaço para melhorias ainda a serem capturadas na operação de varejo (como produtividade da loja e alavancagem operacional).
C&A Pay
O C&A Pay, apontam, é outro fator que impulsiona uma revisões positivas sobre a empresa. O portfólio do serviço mostra um comportamento de crédito saudável, com desempenho positivo de inadimplência, na visão dos analistas. “Clientes que usam C&A Pay gastam 2,5 vezes mais do que não usuários”, afirmam. Eles apontam ainda que a empresa está mantendo uma postura conservadora na concessão de crédito para proteger a qualidade do ativo.
Além disso, a base de usuários do C&A Pay está crescendo em ritmo constante, embora moderado, com integrações mensais e aumento da frequência de uso. Embora a taxa de penetração atual de cerca de 25% das vendas deva ser mantida no curto prazo, a C&A acredita que alcançar 30% a 35% no longo prazo é factível e planeja fazer isso gradualmente.
Concorrentes
O BTG comparou uma cesta de oito produtos entre varejistas locais além da C&A, (Renner e Riachuelo) para estabelecer qual plataforma oferece os melhores preços em comparação com Shein. A plataforma chinesa é 5% mais barata que a Renner (LREN3) e 7% mais barata que a C&A, embora 2% mais cara que a Riachuelo.
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“Olhando para nossas pesquisas anteriores nos últimos 12 meses, a lacuna de preço entre Shein e outros players locais diminuiu (principalmente devido ao aumento da carga tributária)”, indicam os analistas. Zara permanece o player mais caro entre as varejistas analisadas pelo banco.