Petróleo opera em baixa e ações asiáticas caem após ataque dos EUA ao Irã
Investidores aguardam desdobramentos da escalada no conflito e possíveis impactos no estreito de Ormuz; volatilidade afetou também os mercados europeus e futuros dos EUA
Investidores em frente a quadro eletrônico mostrando informações sobre o mercado acionário, em Xangai, China – Ásia 15/02/2016 REUTERS/Aly Song
Em um dia de volatilidade nesta segunda-feira (23), os contratos futuros do petróleo operam em baixa, revertendo ganhos de mais de 3% do domingo a noite, enquanto os investidores aguardam desdobramentos da entrada dos Estados Unidos no conflito entre Israel e Irã após os bombardeios às instalações nucleares iranianas no fim de semana e a base americana no Catar da tarde de hoje. Os futuros de ações dos EUA e a maioria das ações asiáticas caíram. As bolsas europeias abriram em baixa.
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O Irã lançou ataques com mísseis contra a Base Aérea de Al-Udeid, hoje, às 15h00 (Brasília) no Catar, em retaliação aos bombardeios dos Estados Unidos (EUA) contra suas centrais nucleares. A base americana, que abriga o Comando Central dos EUA no Oriente Médio, é considerada a mais estratégica da região e conta com cerca de 10 mil militares e civis americanos. Segundo autoridades iranianas, o ataque foi previamente coordenado com o governo do Catar para minimizar perdas humanas. O governo catariano confirmou que seus sistemas de defesa interceptaram os mísseis e afirmou que se reserva o direito de responder de forma proporcional, conforme o direito internacional.
A Casa Branca e o Departamento de Defesa dos EUA informaram que acompanham a situação de perto. Em resposta, o Catar suspendeu temporariamente o tráfego aéreo em seu espaço, medida também adotada por Emirados Árabes Unidos e Bahrein, temendo escalada no conflito. Os ataques do Irã ocorrem após Israel bombardear alvos simbólicos no Irã, incluindo a central nuclear de Fordo, um quartel da Guarda Revolucionária e uma prisão de opositores do regime. O confronto entre Irã, EUA e Israel intensifica-se em meio a ameaças de fechamento do Estreito de Ormuz, rota por onde passa 20% do petróleo mundial.
O Irã declarou que continuará se defendendo “por todos os meios necessários” e reafirmou que os países vizinhos não são alvo direto dos ataques. Leia mais nesta matéria no Estadão.
A relativa estabilização dos preços significa que o petróleo precificou boa parte do “prêmio de guerra”, segundo nota da Phillip Nova. Às 15h12 (de Brasília), o barril do petróleo WTI para agosto caía 6,15% na Nymex, a US$ 69,35, enquanto o brent recuava 5,71% na ICE, a US$ 71,15. No pregão asiático, o Taiex de Taiwan caiu 1,42%, enquanto o Kospi da Coreia do Sul perdeu inicialmente 0,24%, caindo para 3.014,47. Grande parte do Leste Asiático depende do petróleo importado pelo Estreito de Ormuz.
Em Tóquio, o Nikkei225 recuou 0,13%, para 38.354,09, com as perdas da maioria das ações sendo compensadas pelos ganhos das ações voltadas para a defesa. O Hang Seng de Hong Kong recuperou o terreno perdido, subindo 0,67%, para 23.689,13, enquanto os mercados da China continental avançaram. Em relação às negociações cambiais, o dólar americano caiu de 146,66 ienes para 146,05 ienes japoneses. O euro subiu de US$ 1,1473 para US$ 1,1574.
Os índices futuros das bolsas de Nova York oscilaram perto da estabilidade na madrugada desta segunda, recuperando-se de perdas do domingo à noite. A agenda dos EUA de hoje (23) traz dados de atividade (PMIs) e do setor imobiliário, assim como discursos de autoridades do Federal Reserve (Fed). Às 15h15 (de Brasília), no mercado futuro, o Dow Jones sobe 0,69%, o S&P 500 avança 0,77% e o Nasdaq impulsiona a 0,91%.
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As bolsas europeias abriram em baixa. Às 15h16 (de Brasília), a Bolsa de Londres caía 0,19%, a de Paris recuava 0,69% e a de Frankfurt cedia 0,33%. Já as de Milão, Madri e Lisboa tinham respectivas perdas de 1,00%, 0,08% e 0,47%.