

Por Daniel Rocha
10/07/2025 | 12:25 Atualização: 10/07/2025 | 12:29

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As ações da Embraer (EMBR3) lideram as perdas do Ibovespa ao longo da sessão de quinta-feira (10). A reação negativa do papel mostra o receio dos investidores com a possibilidade da companhia ser a mais afetada pelas taxas americanas contra o Brasil. Às 12h30 (de Brasília), os papéis da fabricante de aeronaves derrapam 8%, sendo negociados R$ 71,70.
A XP, por exemplo, estima um impacto negativo entre 14% e 15% no EBIT/lucro da empresa para cada aumento tarifário de 10 pontos porcentuais. A projeção leva em consideração à montagem final dos jatos executivos em suas instalações na Flórida que utiliza produtos brasileiros no seu processo. “Há um impacto indireto nas demandas em meio a um ambiente inflacionário para a aeronave”, acrescentou a corretora em relatório, divulgado no início da manhã.
O Itaú BBA também enxerga um impacto negativo para os negócios da Embraer. Isso porque, segundo o banco, 60% das receitas da empresa vêm da América do Norte, das quais 3/4 poderiam estar expostas às tarifas. No entanto, acredita que os efeitos podem ser mitigados na aviação comercial. “As companhias aéreas dos EUA não possuem substitutos claros para a aeronave E1 em rotas regionais”, ressalta o Banco. Já o UBS BB calcula um impacto próximo de US$ 70 milhões nos custos da fabricante de aeronaves e uma redução de até 13% no lucro líquido projetado para 2026 a cada 10 pontos porcentuais de alta nas tarifas. Contamos os detalhes aqui.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, é o único do mercado que vai na contramão das análises dos principais bancos e corretores e classifica a depreciação das ações como injusta. Ele argumenta que a Embraer já opera com plantas de produção nos Estados Unidos, o que a colocaria fora do alcance das novas tarifas. “Atualmente, a Embraer tem 383 aeronaves encomendadas por companhias americanas, e essas entregas não podem simplesmente ser realocadas para Boeing ou Airbus, já que ambas estão com suas linhas de produção comprometidas até 2030”, explica Cruz. Isso significa que, se as taxas forem aplicadas, o impacto será maior para a aviação regional e para a economia americana. “Não faz sentido a reação exagerada do mercado”, conclui.
Na quarta-feira (10), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros enviados aos Estados Unidos. A alíquota é a mais alta divulgada a partir das cartas enviadas pelo republicano aos países desde o início desta semana. As novas taxas entrarão em vigor a partir do 1º de agosto. As taxas contra o Brasil, segundo Trump, são respostas ao tratamento dado pelo País ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas de tecnologia. O argumento e magnitude das alíquotas, no entanto, surpreenderam o mercado que esperava taxas mais baixas, mesmo com as recentes ameaças do republicano ao Brics.
“Se até o dia 1 de agosto, que é quando as tarifas entram em vigor, não tivermos uma definição de acordo a caminho, isso é muito negativo. Uma alíquota de 50%, que seria a maior já praticada, vai inviabilizar as exportações”, avalia Marcelo Bolzan, planejador financeiro e sócio da The Hill Capital. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que irá responder às medidas protecionistas de Trump por meio da Lei de Reciprocidade Econômica, aprovada pelo Congresso neste ano. A legislação prevê retaliações e a suspensão de acordos comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual.
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