FIDCs movimentaram R$ 10,2 bilhões em emissões em junho de 2025; escolha de corretora é passo estratégico para investidor. (Imagem: Andrey Popov em Adobe Stock)
Escolher uma corretora ou distribuidora para investir em Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) não deve ser uma decisão superficial. Esses fundos fazem parte do mercado de securitização, que tem ganhado relevância no cenário financeiro.
Conforme a pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), somente em junho de 2025, os FIDCs movimentaram R$ 10,2 bilhões em emissões, o maior volume entre os títulos de securitização.
Somados a outros ativos como Certificados de Recebíveis (CR), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e do Agronegócio (CRAs), o total emitido no mês chegou a R$ 17,7 bilhões, representando 21,6% de todas as emissões do mercado de capitais.
Diante desse crescimento, torna-se ainda mais essencial avaliar com rigor aspectos como autorização regulatória da corretora, especialização em crédito estruturado, qualidade das ofertas disponíveis e transparência na governança dos fundos.
Uma escolha bem fundamentada influencia diretamente o nível de risco, o retorno potencial e a eficiência da alocação.
Os critérios para escolher a corretora ideal para investir em FIDCs
1. Escolha corretoras autorizadas pela CVM
Apenas instituições habilitadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) podem distribuir cotas de FIDCs. Isso inclui corretoras e distribuidoras autorizadas, que atuam como intermediárias para ofertar produtos estruturados com segurança jurídica.
Além disso, algumas corretoras operam tanto em ofertas públicas quanto em ofertas com esforços restritos – modalidades previstas na antiga Instrução CVM 400 (para ofertas amplas ao público) e 476 (para ofertas direcionadas a um grupo restrito de investidores). Embora essas regras sejam mais relevantes para investidores qualificados ou profissionais, é importante saber se a corretora tem estrutura para operar diferentes tipos de distribuição.
Para acessar o documento completo da Anbima, clique aqui e leia
2. Avalie a reputação e a especialização da corretora em produtos de crédito estruturado
Como ressaltou Mickael Paolucci, fundador do Grupo Multiplica, “a reputação da gestora e do administrador é um dos fatores-chave para avaliar se um FIDC é confiável”, e isso vale também para a corretora.
Busque por aquelas com histórico sólido em renda fixa estruturada, especialmente as que oferecem fundos de investimento em cotas (FIC) que investem em FIDCs, os FIC-FIDCs, pois são a principal via de acesso ao varejo com valores mínimos mais acessíveis (em torno de R$ 5 mil a R$ 25 mil).
3. Verifique se a corretora oferece FIDCs com boa estrutura de governança
Corretoras que distribuem FIDCs devem fornecer informações detalhadas sobre a estrutura do fundo: política de investimento, composição das cotas sênior, mezanino e júnior, critérios de elegibilidade dos créditos e documentos como regulamento e prospecto.
Digitalização das plataformas e amadurecimento do brasileiro impulsionam os FIDCs nas carteiras de investimentos. (Imagem: TStudious em Adobe Stock)
Isso está alinhado à exigência da CVM e ao que Bruno Lund, diretor da Eco Gestão de Ativos, aponta como fundamental: “medir o grau de inadimplência, verificar a subordinação e a resiliência da estrutura do fundo a estresses extremos”.
Também é essencial que a corretora exija classificações de risco atualizadas por agências reconhecidas, um ponto obrigatório segundo a regulação da CVM.
4. Dê preferência a plataformas que forneçam FIDCs com diversificação e transparência
A diversificação da carteira é um critério fundamental para reduzir riscos. Evite FIDCs muito concentrados em poucos devedores ou setores. Nesse sentido, a corretora ideal é aquela que oferece fundos com carteiras pulverizadas e fornece dados claros sobre composição e estratégia do fundo.
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Mickael Paolucci destaca a importância da corretora apresentar transparência das informações, como os critérios de seleção dos ativos e o nível de exposição a cada devedor.
A própria Anbima reforça que a diversificação e os limites de exposição por devedor são requisitos obrigatórios na estrutura dos FIDCs, ajudando a proteger o investidor.
5. Verifique a qualificação do investidor exigida pela corretora
Antes de oferecer FIDCs, a corretora deve fazer uma análise de suitability — adequação do produto ao perfil do cliente. Atualmente, FIC-FIDCs podem ser oferecidos a investidores de varejo, enquanto FIDCs tradicionais ainda exigem, em sua maioria, a qualificação como investidor qualificado (R$ 1 milhão em investimentos) ou profissional (R$ 10 milhões).
Se você pretende investir valores mais baixos, como R$ 5 mil, busque por corretoras que ofereçam FIC-FIDCs acessíveis e que tenham estrutura robusta. Como lembrou Leandro Turaça, sócio-gestor da Ouro Preto Investimentos, hoje já existem FIDCs acessíveis em plataformas, com estrutura robusta e histórico confiável.
“O importante é não investir no escuro”, diz.
6. Considere corretoras que ofereçam suporte educacional e consultoria
Investir em FIDCs exige conhecimento técnico. Por isso, vale a pena optar por corretoras que oferecem apoio ao investidor, como materiais educativos, relatórios, simulações e consultoria especializada.
Eduardo Solamone, diretor de RI na fintech Sol Agora, defende que a alocação de recursos deve seguir uma lógica de portfólio, não apenas uma comparação de taxas de retorno.
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Corretoras que contam com consultores certificados e ferramentas de análise ajudam o investidor a tomar decisões sobre FIDCs mais conscientes e alinhadas aos seus objetivos.