

Por Daniel Rocha
01/08/2025 | 15:03 Atualização: 01/08/2025 | 15:03

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A lista de isenção dos produtos brasileiros para o tarifaço de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, trouxe um grande alívio para as ações da Embraer (EMBR3). Segundo comunicado da Casa Branca, na última quarta-feira (30), as aeronaves da companhia brasileira, seus motores, peças e outros componentes ficarão de fora da cobrança da taxa adicional de 40% para os produtos brasileiros enviados aos EUA.
Ou seja, os itens sofrerão apenas com as tarifas de 10%, anunciadas em abril. A surpresa ajudou os papéis da Embraer (EMBR3) a encerrar os pregões de quarta-feira (30) e de quinta-feira (31) com altas expressivas de 10,93% e de 5,78%, respectivamente. Para o UBS BB, o ânimo, porém, veio acompanhado de um alerta: o risco em torno do papel aumentou.
Segundo Alberto Valério, analista do UBS BB, as medidas protecionistas de Trump realçaram o chamado “risco Brasil” presente na tese de investimento da fabricante. Embora reconheça como positiva a recente redução das taxas, o especialista estima que os países desenvolvidos conseguiram negociar com os Estados Unidos as alíquotas sobre o segmento aerospacial, enquanto o Brasil busca manter diálogo com Trump.
“Reino Unido e a Europa conseguiram zerar a tarifa aerospace, ao contrário do Brasil. Há essa expectativa que a tarifa seja zerada, mas isso ainda não aconteceu. Então, todas às vezes que esses eventos acontecem os investidores colocam na conta o país de origem da empresa”, diz Valério. “Tanto é que o papel não voltou para os US$ 61 (nível de preço anterior ao anúncio das tarifas)”, acrescenta.
Os cálculos da UBS BB apontam que as tarifas de 10% podem causar um impacto na ordem de US$ 43 milhões sobre o lucro líquido da companhia e de US$ 140 milhões entre 2026 e o primeiro semestre de 2028. As cofras consideram os custos das tarifas que a Embraer (EMBR3) terá que arcar para entregar as aeronaves já encomendadas.
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No entanto, ele acredita que a empresa encontrará um caminho para compensar essa nova despesa ao receber os próximos pedidos. Se isso acontecer, o impacto da alíquota será de US$ 200 milhões para o valor de mercado da fabricante.
Caso contrário, se a Embraer arcar com os custos das tarifas e manter seus preços baixos para não perder participação de mercado, Valério estima que a empresa perderá US$ 1,1 bilhão. “Por ano, a empresa vai perder US$ 60 milhões. Se eu trazer esse impacto para o valor de mercado hoje, a Embraer valerá um US$ 1,1 bilhão a menos. Agora, se for algo temporário, será uma queda de US$ 200 milhões”, diz o analista.
O UBS BB mantém recomendação de venda para os papéis da Embraer (EMBR3) por avaliar que os múltiplos da companhia estão elevados para o nível de retorno projetado.
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