Dalton Gardimam, economista-chefe da Ágora Investimentos, ainda vê cenário positivo para a Bolsa brasileira. Foto: AlfRibeiro em Adobe Stock
Embora o tarifaço de Donald Trump sobre os produtos brasileiros gere preocupações no mercado, os impactos sobre o desempenho da Bolsa brasileira devem ser limitados, na visão de Dalton Gardimam, economista-chefe da Ágora Investimentos. O especialista participou de um bate-papo ao vivo no canal de YouTube do E-Investidor nesta terça-feira (5).
Segundo o economista, o anúncio da tarifa de 50% chegou em um momento complicado para o Brasil, com incertezas fiscais no radar, além de uma taxa de juros elevada, de 15% ao ano. No entanto, a lista de exceções ao tarifaço com quase 700 mercadorias ajudou a melhorar o clima. “O excesso de pessimismo do primeiro momento se mostrou exagerado. O tamanho da tarifa não assusta mais tanto quanto no dia do seu anúncio”, diz.
Para ele, não é esse fator que deve prejudicar a tese de investimentos no Brasil. Ainda assim, enxerga ser difícil que a taxa retorne aos 10% inicialmente aplicados, o que exige cautela por parte do investidor diante do ambiente macroeconômico desafiador.
Dado o preço considerado barato das ações locais, Gardimam não vê espaço para uma desvalorização extra dos papéis. “Uma coisa é você comprar uma ação cara e a economia de um país passar por recessão”, diz. “Outra coisa é comprar um papel barato. Não consigo ver espaço para as ações brasileiras derreterem mais.”
Investidor brasileiro conta com diferentes oportunidades
O economista observa que o cenário atual é paradoxal: enquanto as economias globais podem passar por dificuldades no segundo semestre, as opções de investimentos continuam atrativas. Nos EUA, o fraco relatório de empregos (payroll) surpreendeu o mercado, ao mostrar a criação de 73 mil empregos em julho, abaixo dos 101 mil previstos. Já no Brasil, a Selic em 15% ao ano deve pesar sobre a atividade econômica.
Embora o cenário seja complexo, o entendimento é de que o investidor está “muito bem servido” de investimento locais, com oportunidades tanto em renda variável quanto em renda fixa. Atualmente, Gardimam vê como opções interessantes os títulos ligados à inflação e os prefixados. Já na Bolsa, a preferência é por ações com preços atrativos e bom histórico de pagamento de dividendos, de empresas com negócios já estabelecidos.
“O momento atual não invalida a tese de que a Bolsa brasileira é uma boa oportunidade”, destaca. “Eventualmente, o tarifaço pode prejudicar mais a geração de lucros das empresas do que o esperado, mas não é esse o cenário que a gente antevê.”