Os quatro maiores bancos de capital aberto do Brasil - Itaú, Bradesco, Banco do Brasil e Santander - tiveram lucro de R$ 25 bilhões no segundo trimestre deste ano, queda de 9% na comparação anual (Foto: Adobe Stock)
Os quatro maiores bancos de capital aberto do Brasil – Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBSA3) e Santander (SANB11) – tiveram lucro de R$ 25 bilhões no segundo trimestre deste ano, queda de 9% na comparação anual, por causa do resultado do BB, que despencou 60%. Na comparação trimestral, o resultado dos bancões encolheu 12%.
Com a taxa de juros a 15%, nova regra e maior cautela no crédito, os bancos reservaram R$ 41 bilhões no período em provisões para perdas no crédito, aumento anual de 33%, que também teve o BB na dianteira, com expansão de 105%.
Se o Itaú teve, de longe, o melhor resultado dos quatro, com o maior lucro, retorno patrimonial mais elevado e a taxa de inadimplência mais baixa, o BB, ao contrário, ficou no lado oposto, com os piores indicadores. O retorno sobre o patrimônio (ROE) de 8,4% foi o mais baixo do banco em quase 10 anos e bem aquém dos números do Santander (16,4%), Bradesco (14,6%) e Itaú (23,3%).
“O Itaú, sem dúvida alguma, entregou um resultado lindo, mas é outro modelo de negócios. Fazer o que o Banco do Brasil faz, mesmo com esses altos e baixos, é isso que traz a emoção. E o Brasil é isso, não somos a Suíça. Então, o Banco do Brasil, para nós, continua sendo o melhor banco do Brasil”, disse o vice-presidente de gestão financeira e relações com investidores do Banco do Brasil, Geovanne Tobias, em conversa com jornalistas.
O balanço do Itaú tem sido comparado por analistas a um relógio suíço, pela consistência dos números. Assim, enquanto o Itaú teve um balanço, que nas palavras da Genial Investimentos foi “inabalável”, com lucro trimestral de R$ 11,5 bilhões, e o Bradesco mostrou que sua reestruturação interna já traz resultados importantes, o BB sinalizou que ainda pode ter outro trimestre difícil, o terceiro período de 2025.
A presidente do banco público, Tarciane Medeiros, promete que só em 2026 o banco vai retomar o caminho de melhora da rentabilidade.
O ano de 2025 é visto pelo comando do BB como um período de “ajustes”, tanto à piora da inadimplência no agronegócio, que atingiu níveis historicamente altos no banco, quanto aos efeitos da resolução 4.966 do Banco Central, que exige provisões para perdas esperadas no futuro, e não apenas para o passado. “Se não estivéssemos nesse ambiente, teríamos economizado R$ 6 bilhões em provisões”, disse Tobias.
Um traço comum dos bancões foi a segurada no crédito neste ano, em função dos juros mais altos. O Santander foi o mais radical, e a carteira encolheu 1% na comparação do segundo trimestre com o primeiro. BB e Bradesco cresceram 1,3% no mesmo período e o Itaú avançou 0,4%.
“A economia começou a desacelerar de forma mais evidente no segundo trimestre e esperamos que desacelere mais daqui para frente. Assim, é preciso manter a nossa cautela, preservar a boa qualidade das novas safras de crédito, sem perder bons negócios”, disse o presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, a jornalistas ao comentar o balanço do banco.
O lucro do BB, que há um ano, estava em R$ 9,5 bilhões no segundo trimestre de 2024, era quase três vezes o do Santander, no segundo trimestre de 2025 caiu para R$ 3,8 bilhões, pouco acima dos R$ 3,6 bilhões da operação brasileira do banco espanhol. E aqui há um novo ponto bem diferente do Itaú.
Enquanto o banco sinalizou que pode pagar dividendo adicional, o BB cortou a fatia do lucro que distribui aos acionistas, o chamado payout, para 30%, de uma média nos últimos anos de 40% a 45%.
Publicidade
Mesmo nesse ambiente, a mensagem da CEO do BB é de otimismo aos investidores.
“Tenho um recado para o investidor: quem tem ação do BB mantenha; quem não tem, compre.”
O vice-presidente financeiro deu mensagem semelhante. “O ciclo vai passar e vamos retomar o patamar de rentabilidade que a gente tinha, então é um excelente momento de entrada”, disse, sobre quem pretende comprar ações do banco público.