A avaliação positiva do governo Lula subiu de 28% para 31%. (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)
Após uma abertura em baixa, o Ibovespa hoje ganhou fôlego e bateu máximas no início da tarde. Às 13h18 (de Brasília), o índice avançava 0,32%, aos 134.864,52 pontos, no maior nível do dia. Investidores acompanham os desdobramentos da decisão do ministro Flavio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o crescimento da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enquanto aguardam pela ata do Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
A fraca tração desta quarta-feira acompanha o movimento das bolsas americanas. Os ajustes do índice da B3 acontecem após a queda de 2,10% ontem.
Somado a isso, com a agenda de indicadores praticamente vazia e a falta de novas notícias acerca da tensão entre Brasil e Estados Unidos no que diz respeito aos bancos, o pregão é classificado pelos operadores como de instabilidade. Ajuda, nesse sentido, a queda do dólarhoje. A moeda americana recua 0,51% a R$ 5,472.
“O mercado opera hoje no escuro, ainda refletindo o ambiente de insegurança jurídica muito grande. E os investidores detestam operar com imprevisibilidade. Em situações como essa, preferem realizar lucros”, afirma Thiago Calestine, economista e sócio da Dom Investimentos.
Na avaliação dele, os bancos brasileiros possivelmente tenderão a seguir a Lei Magnitsky, em uma leitura de redução de danos. “Do ponto de vista de bem estar social, faz muito mais sentido congelar o ministro Alexandre de Moraes do que colocar em xeque todo o sistema financeiro nacional”, argumenta.
O economista-sênior e sócio da Tendências, Silvio Campos Neto, afirma que os ativos também podem ter sido afetados por rumores sobre a Pesquisa Quaest, que confirmou sinais melhores em termos de avaliação do governo Lula.
“Nesse sentido, a recuperação da popularidade do presidente reduz o ímpeto de alguns investidores em avançar nas apostas do chamado trade eleitoral. Assim, a tendência é que o ambiente permaneça defensivo nos mercados locais”, diz.
No exterior, o dia é de alta dos preços do petróleo (1,67%), que apoia as ações da Petrobras (PETR3/1,27%; PETR4/1,07%). Hoje, o conselheiro do presidente dos EUA, Peter Navarro, voltou a criticar a compra de petróleo da Rússia pela Índia e disse que, se os indianos interrompessem a compra da commodity de Moscou, ajudaria a acabar com a guerra na Ucrânia.
Ainda sobre commodities hoje, o minério de ferro voltou a recuar na China e em Cingapura, influenciado pela perspectiva de corte na produção chinesa, o que pressiona a Vale (VALE3/-0,34%).
Ibovespa hoje: os principais assuntos desta quarta-feira (20)
Bolsas de NY caem à espera da ata do Fed
Cautela precede ata do Fed nas bolsas internacionais. (Foto: Adobe Stock)
Os índices das bolsas de Nova York operam em queda. Dow Jones cede 0,04%, enquanto Nasdaq e S&P recuam 0,95% e 0,45%, respectivamente. O dólar hoje, por sua vez, mostra estabilidade frente a moedas principais, à espera da ata do Fed e das falas de dois dirigentes da instituição. O índice DXY, tem leve queda de 0,1% aos 98,169 pontos.
Na Europa, as bolsas fecharam sem sinal único. O índice pan-europeu Stoxx 600 encerrou em alta de 0,23%, a 559,09 pontos. Em Londres, o FTSE 100 subiu 1,08%, a 9.288,14 pontos. Em Frankfurt, o DAX caiu 0,60%, a 24.277,10 pontos. Em Paris, o CAC 40 recuou 0,08%, a 7.973,03 pontos.
Também seguem em foco os desdobramentos das negociações para o fim da guerra na Ucrânia. A Casa Branca planeja uma possível reunião trilateral entre os presidentes dos EUA, Rússia e Ucrânia.
O presidente Donald Trump sinalizou que os EUA estão preparados para usar poder aéreo em apoio a uma força de segurança europeia na Ucrânia, mas descartou o envio de tropas terrestres.
Publicidade
No comércio, mais de 400 novos produtos entraram na lista de itens sujeitos à tarifa de 50% sobre aço e alumínio, medida voltada a evitar evasão de tarifas e fortalecer indústrias domésticas sob argumento de segurança nacional.
Ibovespa hoje monitora decisão do STF e popularidade de Lula
A avaliação positiva do governo Lula subiu de 28% para 31 (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)
Nesta quarta-feira, investidores seguem atentos aos desdobramentos da decisão do ministro do STF, Flávio Dino, que afirmou que leis estrangeiras só têm validade no Brasil após homologação judicial — vista como reação à sanção dos EUA contra o ministro Alexandre de Moraes no âmbito da Lei Magnitsky. O setor bancário teme represálias legais tanto nos EUA quanto no Brasil.
Além das tensões diplomáticas, o avanço na avaliação de Lula também pode influenciar os negócios. Pela primeira vez desde dezembro de 2024, a maioria dos brasileiros vê o governo como melhor que o de Jair Bolsonaro (PL) – 43% contra 38% –, segundo pesquisa Genial/Quaest. A avaliação positiva de Lula subiu de 28% para 31%, a negativa caiu de 40% para 39%, e a regular foi de 28% para 27%.
Agenda econômica do dia
A agenda econômica desta quarta-feira (20) traz como destaque a divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), em busca de pistas sobre os próximos passos da política monetária americana. O documento deve ser divulgado às 15h.
Declarações de dirigentes do Federal Reserve também são monitoradas, em especial as falas do diretor Christopher Waller, que tem direito a voto e é candidato à sucessão de Jerome Powell, em evento sobre inovação tecnológica no Wyoming, no contexto antes do encontro no simpósio de Jackson Hole.
O dirigente mencionou que o sistema de pagamentos global está passando por uma “revolução impulsionada pela tecnologia”. Waller ainda acrescentou acreditar que as “stablecoins têm potencial para manter e expandir o papel do dólar internacionalmente”.
Publicidade
Segundo o diretor do Fed, o uso da inteligência artificial (IA) em pagamentos também é uma área de inovação privada no setor, mas não deu mais detalhes. “O Fed também realiza pesquisas técnicas sobre a última onda de inovações, incluindo tokenização, contratos inteligentes e IA em pagamentos.”
No Brasil, o presidente Lula se reuniu nesta manhã com ministros e presidentes de bancos públicos para discutir o crédito imobiliário para reforma de casas. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa às 14h do 1º Seminário de Governança, Riscos, Controle e Integridade, promovido pela pasta.
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, e a diretoria da instituição participam de reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), pela manhã e à tarde. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), deve participar da Conferência Anual do Santander (SANB11).
No Congresso, a Câmara deve votar a urgência do projeto de lei do Imposto de Renda (IR).
Publicidade
No Senado, o presidente Davi Alcolumbre (União-AP) instala a comissão parlamentar inquérito (CPI) mista sobre fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o plenário vota em segundo turno a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 66/2023, que limita o pagamento de precatórios por Estados e municípios. Já a Comissão de Infraestrutura realiza o segundo dia de sabatinas de indicados para agências reguladoras.
Entre indicadores, a produção industrial cresceu em julho, mas as expectativas dos empresários do setor para os próximos seis meses recuaram, segundo a pesquisa Sondagem Industrial, divulgada nesta quarta-feira, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A expectativa para exportações nos próximos seis meses caiu, o que pode ser impacto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros.
No Japão, saem à noite também as leituras preliminares de agosto da S&P Global/Jibun Bank para os Índices de Gerentes de Compras (PMIs) composto, de serviços e industrial.
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
Publicidade
*Com informações de Paula Dias, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast