Luis Stuhlberger, CEO da Verde Asset. (Foto: Hélvio Romero/Estadão)
O CEO da Verde Asset Managment, Luis Stuhlberger, disse que a visão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre juros é parecida com a da ministra da Secretaria de Relações Institucionais do Brasil, Gleisi Hoffmann. A afirmação foi feita em painel durante evento do Santander, em São Paulo.
“O pensamento do Trump sobre política monetária e o quanto devemos pagar de juro é muito parecido com o da Gleisi. Qualquer juro que você pague é dinheiro jogado fora”, afirmou.
Ainda segundo o gestor, Trump não deverá medir esforços para obter sucesso em sua intenção de reduzir a taxa de jurodos Estados Unidos. Isso será um “all in” para cima do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que sentirá pressão do governo, segundo o CEO da Verde Asset Managment.
“Olhando o mundo, sob o ponto de vista do Fed e sob o ponto de vista do Trump é o grande risco para o valuation (valor do ativo) e para a forma de investir no futuro”, afirmou.
Na sua opinião, Trump vem obtendo “sucessos moderados” e sua “popularidade não é boa”, o que deverá levá-lo a focar na política monetária. Entre esses sucessos, considerados assim pelo próprio presidente e pelo Partido Republicano, estão as tarifas dos EUA, que elevaram o recolhimento de US$ 5 bilhões ao mês para entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões. “Trump é um cara que vai escalando até algo dar errado”, acrescentou.
Stuhlberger comentou também que Trump prevê uma miniestagflação nos próximos 12 meses, com a inflação de tarifas baixa porque os importadores absorvem 55% da alta de custos sem repassar os preços ao consumidor.
“Há um mix razoável de políticas em vigor (o consumidor nos EUA está bem), mas os resultados não são tão positivos quanto gostaria. O grande trunfo, porém, será a política monetária: o Fed deve apostar todas as fichas como nunca antes, pressionando todos os agentes até conseguir o que quer”, disse.
Stuhlberger, como gestor, diz também que é preciso pensar em reservas patrimoniais que não dependam de moeda, dado o cenário. Ele lembra que a tomada de uma decisão de hedge (proteção para tentar diminuir os efeitos da volatilidade do mercado financeiro sobre seus ativos) tem diferença de tempo em relação a de investir, citando que, dos US$ 34 trilhões em ativos aplicados nos EUA, 15% estão em hedge.