Ações do Banco do Brasil recuam com impactos da Lei Magnitsky e incertezas externas (Foto: Adobe Stock)
O investidor de Banco do Brasil (BBAS3) tem enfrentado um 2025 de fortes oscilações e incertezas. Depois de um início de mês marcado por cautela em razão de um balanço do 2º trimestre considerado fraco, o papel surpreendeu ao disparar 9,02% entre os dias 14 e 18 de agosto, chegando a R$ 21 e reacendendo expectativas de recuperação. A euforia, no entanto, durou pouco.
Já no pregão de 19 de agosto, as ações recuaram 6,03% e voltaram para R$ 19,80, em meio a preocupações renovadas com riscos externos e pressões regulatórias que voltaram a pesar sobre o banco estatal.
Nos pregões anteriores, mesmo com um balanço do 2° trimestre considerado fraco, as projeções da gestão sobre a recuperação dos fundamentos chegaram a animar parte do mercado. Ainda assim, analistas apontaram que a alta das ações foi especulativa. No dia 19, o BB e outros bancos foram impactados pela Lei Magnitsky, que pode trazer riscos para o sistema financeiro e afetar mais duramente o banco estatal, em caso de sanções.
O cenário da lei ainda é incerto e analistas divergem sobre a gravidade, mas a reação foi imediata: Itaú (ITUB4), BTG (BPAC11), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil e Santander (SANB11) perderam juntos R$ 40,74 bilhões em valor de mercado, segundo a Elos Ayta Consultoria. Só o BB encolheu R$ 7,25 bilhões.
O último calcanhar de Aquiles do BB é a Lei Magnitsky, que afeta todos os bancos, mas com maior peso sobre a instituição estatal. Rodrigues lembra que o sistema financeiro é globalizado e que os Estados Unidos exercem influência decisiva pelo dólar e pelo SWIFT (Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais), rede que viabiliza pagamentos internacionais.
“Se o Banco do Brasil desconsiderar uma sanção americana, poderia enfrentar restrições de contrapartes internacionais e até o risco extremo de perder acesso ao SWIFT. Esse cenário teria impacto direto sobre o comércio exterior e operações internacionais do banco”, afirma.
Ela avalia que o risco não é apenas reputacional, mas concreto. Contudo, graças aos controles de compliance do BB, a probabilidade é baixa no curto prazo. “Ainda assim merece ser monitorado, a escalada do problema poderia afetar a operação de forma relevante e a percepção de risco do banco”, observa.
Já Regis Chinchila, head de Research da Terra Investimentos, considera a Lei Magnitsky atualmente um ruído de mercado, mas lembra que investidores já precificam esse risco. “Se virar tendência, o Banco do Brasil ficaria vulnerável nas operações internacionais. Seria ruim para todos os bancos com investimentos estrangeiros, mas sem dúvida o BB está no centro do problema”, diz.
Diante desse cenário, o Banco do Brasil (BBAS3) permanece em uma posição delicada: enquanto busca reafirmar sua solidez com fundamentos e projeções de recuperação, segue exposto à volatilidade imposta por fatores externos e ao risco potencial de sanções internacionais. Para os investidores, o grande desafio é distinguir o que se trata de um ruído passageiro do que pode evoluir para um risco estrutural — em meio a um contexto em que o banco estatal continua no centro das incertezas.