Decisão de Flávio Dino mexeu com ações de bancos. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Os cinco maiores bancos brasileiros de capital aberto, Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC3;BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), Santander (SANB11) e BTG Pactual (BPAC11), tiveram uma semana marcada por forte volatilidade na Bolsa brasileira, diante dos ruídos envolvendo a Lei Magnitsky. A trégua momentânea veio nesta sexta-feira (22), quando as empresas recuperaram R$ 27,55 bilhões em valor de mercado, segundo levantamento de Einar Rivero, CEO e sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria.
O desempenho foi puxado pelo Itaú, que sozinho adicionou R$ 9,31 bilhões, seguido por BTG Pactual, que ganhou R$ 6,14 bilhões. Já Bradesco, Banco do Brasil e Santander viram seu valor de mercado aumentar em R$ 4,86 bilhões, R$ 4,62 bilhões e R$ 2,61 bilhões, respectivamente.
Nesta sexta-feira, os papéis do BB dispararam 4,11%, enquanto os ordinários do Bradesco avançaram 2,95% e os preferenciais, 3,29%. Já Itaú e Santander apresentaram ganhos de 2,8% e 2,34%, respectivamente. BTG Pactual teve a menor alta, de 1,62%. O dia foi positivo para o Ibovespa, que subiu 2,57%, sem nenhuma ação em queda. O mercado reagiu bem ao discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, no Simpósio de Jackson Hole. As falas do dirigente aumentaram as apostas por corte de juros em setembro nos EUA.
O movimento desta sexta, no entanto, não foi suficiente para evitar o saldo negativo da semana para os grandes bancos, que perderam R$ 18,75 bilhões no período. Isso porque, entre 18 e 21 de agosto, as instituições encolheram, de forma consolidada, R$ 46,29 bilhões em valor de mercado. O tombo foi concentrado principalmente no pregão do dia 19, quando o tombo foi de R$ 41,98 bilhões, como mostramos aqui.
Na data, o mercado reagiu à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flavio Dino, que determinou que decisões judiciais estrangeiras só podem ser executadas no Brasil mediante homologação ou por meio de mecanismos de cooperação internacional. Embora a legislação brasileira já exija que decisões estrangeiras sejam acolhidas por um trâmite específico, a medida de Dino tornou incertos os próximos passos da aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes.
Posteriormente, Moraes afirmou que instituições financeiras brasileiras poderão ser punidas internamente se bloquearem ativos com base em ordens dos EUA. O ministro teve seu cartão de crédito da bandeira Mastercard, empresa americana, bloqueado, em razão das sanções da Lei Magnitsky impostas ao magistrado pelo governo dos Estados Unidos. O Banco do Brasil, instituição em que o ministro tem conta, ofereceu a ele um cartão da bandeira Elo, que é nacional. As informações foram confirmadas pela Coluna do Estadão com pessoas a par do assunto do setor financeiro e do Judiciário. Veja os detalhes nesta reportagem.
Em relatório, a Genial Investimentos destaca que, em termos econômicos, a saída mais pragmática para os bancos é o encerramento ou a segregação de contas de clientes sancionados, prática que reduz o risco de punições nos EUA. “No curto prazo, devem reforçar políticas de compliance e revisar relacionamentos sensíveis. A médio prazo, os desfechos dependerão de dois caminhos: a flexibilização e o esclarecimento dos EUA sobre o alcance das sanções ou então a escalada do conflito, com impacto direto no captação de recursos em dólar, taxas e percepção de risco sobre o setor”, avalia.