O payroll dos EUA está entre os destaques do mercado financeiro hoje. (Foto: Adobe Stock)
O Ibovespa hoje acelerou alta e bateu nova marca inédita no intraday, aos 143 mil pontos (143.408 pontos), nesta sexta-feira (5). Às 12h12 (de Brasília), o Ibovespa subia 0,90%, aos 142.257 pontos. Só oito ações caiam, de um total de 84. As atenções do mercado estão no relatório de emprego dos EUA, o payroll, que frustrou as projeções do mercado nesta manhã.
O principal índice da B3 hoje pode sustentar o campo positivo ao longo do pregão, em linha com a valorização da maioria dos índices de ações do ocidente e da elevação de 0,77% do minério de ferro hoje, na China. O contraponto é o petróleo, que cede em torno de 1,70% nesta tarde. Enquanto isso, o dólar hoje acelerou perdas a 0,48%, a R$ 5,41, após o payroll.
A divulgação mais aguardada da semana reforça o movimento de alta do Ibovespa hoje, devido à desaceleração do mercado de trabalho norte-americano, o que eleva as expectativas para cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano).
O relatório de emprego dos Estados Unidos, o payroll, mostrou que a economia do país criou 22 mil empregos em agosto, em termos líquidos. O resultado ficou abaixo da mediana das expectativas, de geração de 76 mil postos.
O mercado já dá como certa uma redução dos juros pelo Fed na decisão de política monetária no próximo dia 17. A dúvida é quanto aos próximos passos. “O que todo mundo quer saber é se em outubro e dezembro também poderá haver cortes”, diz Alison Correia, analista de investimentos e sócio da Dom Investimentos.,
O quadro americano tende a beneficiar os ativos no Brasil, porque espera-se que o fluxo de recursos que iria para os EUA migre para mercados emergentes, como o Brasil. Na semana, o Ibovespa acumula alta de 0,56% depois de subir 2,50% na passada.
Ibovespa hoje: os principais assuntos desta sexta-feira (5)
Payroll dos EUA mostra desaceleração da economia em agosto
Payroll deve influenciar as expectativas para juros pelo Federal Reserve até o fim do ano. (Foto: Adobe Stock)
O mercado reage ao relatório de emprego, conhecido como payroll dos EUA, de agosto ainda sob o baque dos desdobramentos do levantamento de julho, que custou uma ruidosa troca no Departamento de estatística do Trabalho (BLS) diante de dúvidas sobre a qualidade dos dados. O relatório também convenceu o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, a mudar o tom do discurso para passar a indicar alívio monetário.
A economia dos Estados Unidos criou 22 mil empregos em agosto, em termos líquidos, segundo relatório publicado hoje pelo Departamento do Trabalho do país. Analistas consultados pelo Projeções Broadcast esperavam criação de 0 a 104 mil vagas, com mediana de 76 mil.,
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Ao mesmo tempo, o dado de julho foi revisado de 73 mil para 79 mil e o de junho, de criação de vagas (14 mil) para fechamento (-14 mil). A taxa de desemprego ficou em 4,3%, conforme o previsto, enquanto os salários avançaram um pouco mais do que o esperado.
Para André Valério, economista sênior do Inter, o dado de hoje garante o corte na taxa de juros pelo Fed na reunião de setembro.
“Tendo em vista os dados bem fracos de emprego nos últimos meses, é provável que se veja uma discussão de corte de 50 pontos base. Se optarem por 25 pontos base é possível que o comitê se comprometa com uma sequência de cortes”, diz Valério.
O especialista ainda ressalta que a divulgação da inflação de agosto, medida pelo CPI, na próxima quinta-feira (11), terá importância para determinar a intensidade e frequência dos cortes. “Caso vejamos uma inflação contida, a probabilidade 3 cortes até o fim do ano volta a ganhar força. Por ora, mantemos a expectativa de cortes na reunião de setembro e dezembro”, completa.
Bolsas globais mostram sinais opostos com payroll
Os mercados em Nova York apagam perdas após o payroll, enquanto as bolsas europeias sobem com dados econômicos mistos da Europa. O Nasdaq se destaca, puxado pela alta de 9,11% das ações da Broadcom no pré-mercado, após balanço acima do esperado.
Já as bolsas asiáticas fecharam em alta, impulsionadas pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reduzir tarifas sobre carros do Japão e sinalizar novas tarifas sobre chips em breve.
O dólar hoje recua frente às moedas principais e os juros dos Treasuries (títulos da dívida estadunidense) oscilam perto da estabilidade.
O que mais esperar do Ibovespa hoje?
Os mercados decâmbio e de juros podem ser pressionados pelo enfraquecimento da moeda americana, após dados fracos de emprego no setor privado dos EUA e otimismo com cortes de juros na reunião do Fed deste mês.
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Mas, as questões fiscais e possíveis sanções dos EUA, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) condene o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), podem conter o apetite por risco.
O novo programa “Gás do Povo”, substituto do Auxílio Gás, pode custar entre R$ 5,1 bi e R$ 7,1 bi em 2026, valor considerado administrável, embora o modelo ainda gere dúvidas, segundo a Warren Investimentos.
Nos EUA, o vice-secretário de Estado, Christopher Landau, sinalizou disposição para dialogar com o vice-presidente Geraldo Alckmin, desde que a iniciativa parta do brasileiro e o foco seja político, não comercial, segundo o presidente da CNI, Ricardo Alban, em entrevista em Washington.
Agenda econômica do dia
O relatório de emprego dos EUA, o payroll, de agosto é o destaque da agenda econômica desta sexta-feira (5). No Ibovespa hoje, as atenções ficam no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que realiza sessão extraordinária para concluir o julgamento da fusão entre BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3).
A agenda do dia traz também as reuniões trimestrais do diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Diogo Guillen, e da diretora de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, Izabela Moreira Correa, com economistas em São Paulo.
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Além disso, há expectativa para o leilão do Túnel Santos-Guarujá, que será realizado na sede da B3, com as presenças do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Em pararelo, os dados de captação da poupança em agosto serão divulgados pela manhã, enquanto os ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, participam da abertura da Expointer, feira agropecuária em Esteio (RS).
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) almoça com o ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes das Forças Armadas, no Palácio da Alvorada. O presidente do BC, Gabriel Galípolo, embarca para a Basileia, na Suíça, onde participará, entre 6 e 8 de setembro, da mesa redonda sobre estabilidade financeira e das reuniões bimestrais promovidas pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS).
Esses e outros dados do dia ficam no radar de investidores e podem impactar as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
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*Com informações de Patricia Lara, Thais Porsch, Silvana Rocha e Luciana Xavier, do Broadcast