Segundo a Fitch, os resultados do 2T25 reforçaram a divisão estrutural entre os grandes bancos. Itaú (ITUB4) e BTG (BPAC11) mantiveram lucros resilientes, Bradesco (BBDC4) seguiu em recuperação e Banco do Brasil (BBAS3) foi pressionado pelo agronegócio. | (Foto: REUTERS/Reinhard Krause/File Photo)
Para a Fitch, os resultados do segundo trimestre de 2025 dos grandes bancos brasileiros mostraram uma clara divisão estrutural no setor. Itaú (ITUB4) e BTG Pactual (BPAC11) mantiveram alta lucratividade, refletindo franquias de varejo premium, forte receita de tarifas e bases de custos disciplinadas, na visão da classificadora. O Bradesco (BBDC4), por sua vez, continuou a ajustar seu modelo de negócios, com desempenho melhorado, mas permaneceu abaixo de seu custo de capital, pontua. Para o Banco do Brasil (BBAS3), a Fitch pondera que as receitas vieram “sólidas”, mas que a repreciação de passivos e as “pesadas” provisões relacionadas ao agronegócio diluíram os lucros.
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
Segundo a Fitch, a qualidade dos lucros foi mais influenciada pelo mix de negócios do que pelo ciclo de crédito. “O Itaú se beneficiou de seu portfólio de varejo afluente e pequenas e médias empresas, onde os spreads e a disciplina de financiamento permaneceram fortes”, diz. Já o modelo baseado em tarifas do BTG isolou a lucratividade das oscilações da receita líquida de juros, com gestão de patrimônio, gestão de ativos e banco de investimento proporcionando diversificação, acrescenta a agência.
“O Bradesco se reconstruiu gradualmente com uma carteira de empréstimos mais colateralizada e maiores contribuições de seguros, embora a eficiência permanecesse fraca, enquanto o Banco do Brasil preservou a escala, mas a lucratividade ajustada ao risco enfraqueceu devido a passivos de movimentação mais rápida e fricções regulatórias”, destaca.
Os custos de crédito do agronegócio foram outra fonte de divergência, segundo a Fitch. Itaú e Bradesco mantiveram qualidade de crédito estável, com baixa inadimplência e provisões contidas, refletindo subscrição seletiva e colateralização mais forte. O Banco do Brasil suportou o maior peso, com novas regras de estágio acelerando o reconhecimento de perdas e o estresse do agronegócio impulsionando grandes provisões. A dependência do BTG de receitas de tarifas limitou o impacto das provisões.
Crédito seleto
Os bancos aumentaram os empréstimos com cautela, segundo a agência. Itaú e Bradesco expandiram-se seletivamente em segmentos melhor colateralizados ou garantidos pelo governo, reforçando a durabilidade dos lucros. O Banco do Brasil manteve volumes através do governo e grandes empresas, mas teve maior consumo de risco no agronegócio. O BTG cresceu mais rápido em termos de empréstimos, embora sua base de receitas diversificada limitasse a pressão sobre o capital e as margens.
Ganho de eficiência
Ainda segundo a Fitch, a eficiência e o capital forneceram amortecedores, mas destacam lacunas estruturais. Itaú e BTG mantiveram as melhores taxas de eficiência da categoria, apoiadas por plataformas escaláveis e estruturas de custos flexíveis. A eficiência do Bradesco permaneceu pressionada, à medida que absorveu custos de reestruturação e integração, com benefícios esperados mais adiante.
A percepção é de que o Banco do Brasil “equilibrou a inflação salarial” com a escala, mas os controles de despesas não conseguiram compensar as provisões mais altas. Todos os bancos mantiveram capital adequado, embora Itaú e BTG tenham demonstrado mais flexibilidade. O capital do Bradesco foi estável, apesar dos pagamentos aos acionistas. O Banco do Brasil priorizou a retenção de capital para absorver choques de crédito.
No geral, a estrutura da franquia, e não as condições de crédito de curto prazo, impulsionou a lucratividade no trimestre, afirma a Fitch. Itaú (ITUB4) e BTG Pactual (BPAC11) reportaram lucros resilientes e normalizados pelo risco através de spreads premium e diversificação de tarifas. O Bradesco (BBDC4) permaneceu em um caminho de recuperação gradual. Já os resultados do Banco do Brasil (BBAS3) refletiram o estresse do agronegócio e o timing regulatório.