O IPCA é o indicador oficial do governo de inflação no Brasil. (Foto: Adobe Stock)
OIbovespa hoje fechou em alta, depois de alcançar máxima a 143.181,59 pontos. Nesta quarta-feira (10), o índice encerrou em valorização de 0,52%, aos 142.348,7 pontos. As atenções do mercado estiveram em dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos, enquanto seguiu em pauta o julgamento ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A leitura de afastamento da possibilidade de novas sanções dos EUA contra o Brasil após as manifestações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro fez o Índice Bovespa subir. O magistrado apontou incompetências do STF para julgar o processo.
“Fux e o PPI dos Estados Unidos agradaram”, diz o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, acrescentando que a fala do ministro do STF abre espaço para o caso ir ao plenário da corte. “E aí ameniza o estresse do Brasil com os EUA pelo menos momentaneamente”, estima. Quanto ao PPI, o recuo em agosto reforça a necessidade de cortes de juros nos EUA, afirma. Isso ajuda a atrair fluxo para a B3.
Nesta manhã, saíram dados de inflação do Brasil e dos Estados Unidos. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou agosto com recuo de 0,11%, após alta de 0,26% em julho, acumulando alta de 5,13% em 12 meses, acima do teto da meta de 4,50%. O resultado mostrou uma deflação menos intensa do que a mediana de 0,16% das expectativas (-0,27% a -0,07%).
A indicação de inflação ainda pressionada pode dificultar apostas de queda da Selic em dezembro. O índice de difusão do IPCA atingiu 59,76% em agosto, ante 49,6% em julho, calculam os economistas do Banco BV Carlos Lopes e Christian Meduna. A taxa mede a proporção dos 377 subitens do indicador que tiveram aumento de preços no período.
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Na terça-feira (9), o Ibovespa fechou em queda de 0,12%, a 141.618,29 pontos, com giro de R$ 18,5 bilhões. “Tivemos um dia com o mercado de lado. O volume está fraco. Acredito que está todo mundo esperando um esclarecimento sobre o que de fato vai acontecer com o Bolsonaro para termos a clareza do que os Estados Unidos podem fazer”, diz Alison Correia, analista de investimentos e co-fundador da Dom Investimentos.
Ibovespa hoje: o que movimenta esta quarta-feira (10)
Bolsas globais ficam sem direção única após PPI dos EUA
As bolsas na Europa fecharam sem direção única. Investidores seguiram atentos à França, onde o novo premiê Sébastien Lecornu enfrenta dúvidas sobre sua capacidade de aprovar o Orçamento em um Parlamento fragmentado.
Em Nova York, os índices encerraram mistos. S&P 500 e Nasdaq subiram 0,3% e 0,03%, respectivamente, enquanto Dow Jones cedeu 0,48%. O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos caiu 0,1% em agosto ante julho, segundo pesquisa divulgada pelo Departamento do Trabalho do país nesta quarta-feira. Na comparação anual, o PPI avançou 2,6% em agosto. Analistas consultados pela FactSet projetavam alta mensal de 0,4% e acréscimo anual de 3,3% em agosto.
Na esteira do indicador, as chances de que o Fed corte juros em 75 pontos-base até dezembro – sugerindo três reduções consecutivas de 25 pontos-base – aumentaram para quase 67,5%, segundo a ferramenta FedWatch do CME Group. Antes do PPI, essa hipótese estava em torno de 61%.
O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu à União Europeia que imponha tarifas de até 100% sobre a Índia e a China como parte de um esforço conjunto para aumentar a pressão sobre a Rússia pelo fim da guerra na Ucrânia, segundo o Financial Times. Trump também afirmou que fará hoje uma “declaração completa” sobre Israel, após o governo israelense realizar um ataque contra o Hamas no Catar.
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Um tribunal federal de Washington decidiu na terça-feira (9) que a diretora do Fed, Lisa Cook, pode permanecer no cargo enquanto enfrenta a tentativa de Trump de removê-la.
IPCA em agosto registra a 1º deflação do ano
O IPCA de agosto registrou deflação de 0,11%. (Foto: Adobe Stock)
O IPCA de agosto registrou deflação de 0,11%, ficando 0,37 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de 0,26% de julho. Este foi o primeiro resultado negativo desde agosto de 2024 (-0,02%) e o mais intenso desde setembro de 2022 (-0,29%). No ano, o IPCA acumula alta de 3,15% e, nos últimos 12 meses, o índice ficou em 5,13%, abaixo dos 5,23% dos 12 meses imediatamente anteriores. Os resultados foram divulgados hoje (10) pelo IBGE.
A variação e o impacto negativo mais intensos vieram do grupo Habitação (-0,90% e -0,14 p.p.), devido à queda na energia elétrica residencial (-4,21%), subitem que exerceu o impacto mais intenso no índice (-0,17 p.p.). Também tiveram quedas em agosto Alimentação e bebidas (-0,46% e -0,10 p.p.) e Transportes (-0,27% e -0,06 p.p.), grupos de maior peso no IPCA juntamente com Habitação.
“Somados, esses três grupos foram responsáveis por -0,30 p.p. de impacto no índice geral. Sem eles, o resultado do IPCA de agosto ficaria em 0,43%”, informou Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.
A deflação ficou abaixo da mediana das projeções do mercado: a estimativa central do Projeções Broadcast apontava recuo de 0,16%, dentro de um intervalo de -0,27% a -0,07%.
Julgamento de Bolsonaro
Presidente dos EUA, Donald Trump, justificou o “tarifaço” com pautas, em sua maioria, políticas. Entre elas, anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro. (Imagem: Alan Santos/PR em Agência Brasil)
As ameaças de Trump ao Brasil em meio ao julgamento de Bolsonaro limitam o apetite do investidor. O governo brasileiro condenou a tentativa de intimidação da Casa Branca, ao considerar o uso de poderio econômico e militar para “proteger a liberdade de expressão”.
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Segundo o Itamaraty, os Três Poderes não vão se intimidar “por qualquer forma de atentado à nossa soberania”. O STF já conta com os votos dos ministros Alexandre de Moraes e Flávio Dino pela condenação dos oito réus, mas Fux apresentou divergência em relação à pena.
Agenda econômica do dia
Em destaque no Ibovespa hoje estiveram os indicadores de inflação, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no Brasil, e o Índice de Preços ao Produtor (PPI) nos Estados Unidos.
As atenções da agenda econômica desta quarta-feira (10) estiveram também na retomada, no Supremo Tribunal Federal (STF), do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais sete réus por tentativa de golpe de Estado, com o voto do ministro Luiz Fux. O processo ocorreu em meio a ameaças do governo americano à soberania do Brasil.
Em sessão nesta quarta-feira, Fux sinalizou que o voto será favorável aos réus – se não pelas absolvições, por penas mais brandas. A manifestação dele ainda está em andamento.
Na agenda de dados, o Departamento de Energia dos Estados Unidos informou que os estoques de petróleo no país aumentaram 3,939 milhões de barris, a 424,646 milhões de barris na semana passada. Analistas consultados pelo The Wall Street Journal projetavam queda de 1 milhão de barris.
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Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
*Com informações de Daniel Tozzi Mendes, Luciana Xavier e Maria Regina Silva, do Broadcast