Veja como está a cotação do dólar hoje. (Foto: Adobe Stock)
O dólar hoje recua após Brasil e Estados Unidos apresentarem deflação nesta quarta-feira (10). O mercado também segue atento ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), que está com o placar de 2 a 0 para a condenação do réu pelo crime de tentativa de golpe de Estado. O julgamento ocorre com o bastidor de uma nova ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil. Por volta das 11h, o dólar caía 0,46%, a R$ 5,41.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de agosto marcou deflação de 0,11%, baixa reduzida em relação à queda de 0,16% esperada pela projeção do Broadcast. Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia a Estatística (IBGE), o número ficou 0,37 ponto percentual abaixo da taxa de 0,26% de julho. Este foi o primeiro resultado negativo desde agosto de 2024, quando o Brasil teve deflação de 0,02% e o mais intenso desde setembro de 2022, quando a média de preços recuou 0,29%.
No ano, o IPCA acumula alta de 3,15% e, nos últimos 12 meses, o índice ficou em 5,13%, abaixo dos 5,23% dos 12 meses imediatamente anteriores. A variação e o impacto negativo mais intensos vieram do grupo Habitação, com baixa de 0,9%, devido à queda na energia elétrica residencial (-4,21%), subitem que exerceu o impacto mais intenso no índice.
Segundo André Valério, economista sênior do Inter, apesar da deflação menor que o esperado, o resultado de hoje apresentou um qualitativo melhor que o indicado pelo IPCA-15, especialmente no comportamento da inflação de serviços. Entretanto, a estabilidade do núcleo da inflação em 0,3% demanda cautela, indicando que o processo de desinflação esteja perdendo força na margem.
Na visão dele, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) deve continuar cauteloso na reunião da próxima semana, recebendo como boas notícias os dados recentes da economia brasileira, mas ainda julgando insuficiente para iniciar a discussão de flexibilização da política monetária.
Segundo ele, a persistência da inflação de núcleo e da inflação de serviços, que acumula alta de 6,14% nos últimos 12 meses, demanda uma política monetária restritiva por um período mais longo. Por outro lado, ainda há muito do atual aperto monetário a ser transmitido para a economia real e para a inflação, e esperamos que tais efeitos sejam sentidos de maneira mais intensa a partir da virada do 3º trimestre para o 4º trimestre.
“Confirmando essa expectativa, juntamente com o início da flexibilização da política monetária americana, esperamos que o Copom dê início ao ciclo de queda na reunião de dezembro, com um corte inicial de 0,5 ponto porcentual”, diz Valério.
Já o Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos caiu 0,1% em agosto ante julho, segundo pesquisa divulgada pelo Departamento do Trabalho do país nesta quarta-feira. Na comparação anual, o PPI avançou 2,6% em agosto. Analistas consultados pela FactSet projetavam alta mensal de 0,4% e acréscimo anual de 3,3% em agosto.
Segundo Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, a combinação desses dois fatores (inflação sob controle no Brasil e inflação menor nos EUA) cria um ambiente favorável para a valorização do real. real. De um lado, investidores veem ativos locais mais atrativos diante da perspectiva de juros altos ainda por algum tempo; de outro, o dólar perde força globalmente à medida que os rendimentos americanos ficam menos competitivos.
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“Para os investidores, o cenário sinaliza oportunidade dupla: a renda fixa brasileira segue vantajosa pelo carrego elevado, enquanto setores ligados a consumo e serviços na bolsa tendem a se beneficiar de um ambiente de juros em processo de flexibilização”, argumenta Lima.
EUA dizem que podem usar poder militar em relação ao julgamento de Bolsonaro
A Casa Branca afirmou nesta terça-feira, dia 9, que o presidente Donald Trump, não teme usar o poderio econômico e militar dos Estados Unidos para “proteger a liberdade de expressão” no mundo.
A Presidência dos EUA respondeu sobre eventual aplicação de novas medidas contra o Brasil, por causa do julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal (STF), contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e corréus no processo do golpe.
“Eu não tenho nenhuma ação adicional para antecipar para vocês hoje, mas posso dizer que isso é uma prioridade para a administração e o presidente não tem medo de usar o poder econômico, o poder militar dos Estados Unidos da América para proteger a liberdade de expressão ao redor do mundo”, disse a porta-voz Karoline Leavitt.
A secretária da Casa Branca disse que a liberdade de expressão é “sem dúvida, a questão mais importante do nosso tempo” e lembrou que o próprio Trump foi “censurado” – o presidente americano perdeu acesso às contas em redes sociais após a invasão do capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
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Segundo Leavitt, Trump e todos os integrantes do governo republicano levam muito a sério a censura, “razão pela qual tomamos medidas significativas em relação ao Brasil na forma de sanções e também aproveitando o uso de tarifas para garantir que países ao redor do mundo não estejam punindo seus cidadãos dessa maneira”.
A manifestação ocorreu minutos depois que o relator da ação penal, o ministro Alexandre de Moraes, concluiu seu voto em favor da condenação de todos os réus denunciados como parte do núcleo crucial da trama golpista. O ministro Flávio Dino também votou favorável a condenação. O julgamento continua nesta quarta-feira (10). Veja a votação ao vivo.
Ontem, o dólar fechou a R$ 5,43 após o subsecretário da Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, afirmar que o governo Trump continuará “tomando as medidas adequadas” contra Moraes. Para mais informações sobre o dólar hoje, clique aqui.