O fechamento do capital da Vasta pela sua controladora Cogna (COGN3) na Bolsa de Valores dos Estados Unidos pode reduzir custos para a holding e destravar valor sobre os seus ativos, disseram analistas ouvidos pelo E-Investidor nesta terça-feira (16). A Cogna Educação informou na noite de ontem sua intenção de realizar uma oferta para aquisição (Tender Offer) de até a totalidade das ações ordinárias classe A por US$ 5 para cada ação.
Em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a empresa destaca que a Tender Offer visa a descontinuidade da negociação e da listagem de suas ações na Nasdaq. Além disso, há a expectativa do cancelamento do registro da Vasta como companhia aberta perante a Securities and Exchange Commission dos Estados Unidos (SEC). Segundo a empresa, o início da Tender Offer é esperado no curto prazo e estará sujeito a condições usuais para este tipo de operação.
Para Gabriel Mollo, analista de investimentos do Banco Daycoval, o fechamento de capital da Vasta tende a ser positivo para a Cogna, pois reduz custos regulatórios e de compliance, além de simplificar a estrutura do grupo e dar maior flexibilidade de gestão. Para os minoritários da Vasta, a oferta de US$ 5,00 por ação representa um prêmio modesto em relação ao preço de mercado, o que garante uma saída com ganho limitado, mas razoável diante do risco de manter a posição.
“A medida pode destravar valor para a Cogna ao eliminar complexidades societárias, melhorar a percepção do mercado e potencialmente ampliar margens via redução de despesas, o que pode se refletir em uma reclassificação dos múltiplos”, diz Mollo.
Já André Matos, CEO da MA7 Negócios, aponta que o plano da Cogna de fechar o capital da Vasta, por meio de uma oferta a US$ 5,00 por ação e posterior deslistagem da Nasdaq, vai na direção correta. Isso porque, segundo ele, a Cogna ganha simplicidade: uma holding a menos em Bolsa, captura 100% do caixa do negócio K-12 e elimina custos de dupla listagem e governança.
“No dia do anúncio, as ações da Vasta chegaram a subir 35%, sinal de que o preço proposto veio com prêmio relevante sobre a cotação anterior e de que o mercado enxerga racionalidade na operação. A própria Cogna comunicou à CVM sua intenção de lançar a oferta e deslistar a controlada, sendo um movimento estruturado, com avaliação por comitê independente na Vasta e etapas formais nos EUA”, diz Matos.
Ele vê a negociação como positiva para a Cogna, pois ela pode destravar valor em três frentes:
Captura integral das sinergias e do fluxo de caixa do K-12;
Redução de custos recorrentes (auditoria, RI, listagem);
Liberdade para reorganizar ativos (inclusive uma eventual reabertura de capital no Brasil no futuro, se fizer sentido).
Vale a pena comprar as ações da Cogna?
Os dois analistas estão otimistas com a ação da companhia após o anúncio. Matos reforça que, em termos de tese, o movimento é positivo, pois melhora o alinhamento entre operação e acionista. Além disso, o fechamento de capital da Vasta tende a reduzir o “desconto de holding” que o mercado costuma aplicar.
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“Já em minha visão existe um viés construtivo para quem aceita volatilidade de curto prazo, o gatilho principal passa a ser a evolução das etapas da oferta de preço final, laudo, aprovação e, depois, a execução operacional do K-12 sob a Cogna integrada”, diz.
Ele pondera que o investidor deve comprar o papel, mas deve ficar atento se os fatores expostos no anúncio de hoje, como parecer do comitê independente da Vasta; termos finais da oferta; e cronograma de deslistagem, devem se concretizar.
“Se esses pontos vierem nos moldes anunciados, a direção é a certa, com benefício claro ao minoritário de Vasta e, no médio prazo, à base de acionistas da Cogna”, conclui Matos.
Já Mollo considera a ação da Cogna (COGN3) atrativa para investidores com perfil de maior tolerância a risco e horizonte de médio a longo prazo, dado o caráter estratégico da operação e a expectativa de melhora de eficiência. Ou seja, segundo ele, vale a pena comprar o ativo, mas é necessário ter um perfil mais arrojado.