

O tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) caminha para aprovar, com restrições, a aquisição da empresa brasileira de panificação Wickbold pela mexicana Bimbo. A operação está na pauta de julgamento desta quarta-feira, 17.
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O tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) caminha para aprovar, com restrições, a aquisição da empresa brasileira de panificação Wickbold pela mexicana Bimbo. A operação está na pauta de julgamento desta quarta-feira, 17.
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A Broadcast apurou que tudo caminha para que a operação seja aprovada com a imposição de restrições, que incluem desinvestimento de plantas de produção, centros de distribuição, lojas varejistas próprias, marcas e contratos. A relatora, conselheira Camila Cabral, deverá apresentar seu voto nesta quarta. Há expectativa de que os conselheiros concordem que a operação gera um prejuízo à concorrência. Ainda há espaço para pedido de vista (mais tempo para análise). A possibilidade de a conselheira relatora retirar o processo de pauta ou adiar a análise é tida como remota.
Em maio deste ano, a compra da Wickbold pela Bimbo teve aprovação recomendada com restrições pela Superintendência Geral (SG) do órgão antitruste, devido à alta concentração nesse mercado. A área técnica recomendou que sejam adotados “remédios” na aprovação do negócio, seja por meio da assinatura de um Acordo em Controle de Concentrações (ACC) pelas companhias, preferencialmente, ou, caso não seja possível o acordo, impostos pelo tribunal antitruste, para mitigar os riscos encontrados.
José Carlos Berardo, sócio do BLBSD Advogados, observa que o fato de o caso tratar de B2C (Business to Consumer, ou do negócio para o consumidor) o torna relevante. “O caso é riquíssimo, o debate sobre onde é que você traça a linha de competição entre, por exemplo, o pão de forma industrializado premium e o pão popular e o pão saudável”, argumenta.
“Outro tema relevante que esse caso traz e que sempre passa muito longe do radar e eu acho que é importantíssimo é o acesso à gôndola dos supermercados. Esse é o primeiro caso, se eu não me engano, em que a SG e o Cade vão ter que se debruçar sobre essa questão do acesso à gôndola e isso pega os varejistas em cheio”, afirma.
A Bimbo do Brasil Ltda. é subsidiária integral do Grupo Bimbo, de origem mexicana. No País, são oferecidos pães, bisnagas, bolos e salgadinhos, através de marcas como Pullman, Plusvita, Ana Maria, Nutrella, Rap10 e Bisnaguito. Já o Grupo Wickbold, de origem brasileira, atua desde 1938 no mercado de pães. Atualmente, fabrica e comercializa pães industrializados (prontos para consumo, incluindo tortilhas), bolos e bolinhos, biscoitos, brownies, pães de mel e panetones.
A empresa mexicana assinou contrato de compra de 100% das operações da sua rival brasileira Wickbold no fim de agosto de 2024. A operação foi notificada ao Cade em novembro do ano passado. Naquele mesmo mês, a Pandurata pediu para atuar como terceira interessada, alegando que o Grupo Bimbo é um player global de grande porte, líder no setor de panificação, com uma longa história de aquisições e crescimento inorgânico. “Sua estratégia de consolidação de mercado tem gerado uma significativa concentração em diversos países”, defendeu a interessada.
Segundo a empresa, há domínio de marcas posicionadas de maneira próxima – como por exemplo Nutrella e Wickbold, associadas a produtos voltado à saúde e bem-estar, muitas vezes consistindo na primeira e segunda opções do consumidor no que se refere a pães de forma com grãos. O Cade julgou legítima a intervenção no processo da Pandurata, que atua no setor de pães industrializados através das marcas Visconti e Bauducco.
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