Mudanças nos padrões de consumo de energia levaram ao fim do horário de verão no Brasil. Foto: Adobe Stock
Nos últimos dias, circularam na internet informações sobre uma suposta confirmação do retorno do horário de verão no Brasil. Em setembro, no entanto, o Ministério de Minas e Energia (MME) negou que haja previsão de retomada da medida, mas destacou que o tema é “permanentemente avaliado” pela pasta.
Tradicionalmente, o horário de verão era implementado a partir de outubro, estendendo-se até fevereiro do ano subsequente. Criado com a finalidade de economizar energia e aproveitar o maior período de luz solar durante os meses mais quentes do ano – quando os dias também são mais longos – ele foi adotado no Brasil pela primeira vez em 1931, mas só ganhou caráter permanente a partir de 2008.
Ao E-Investidor, o MME informou, em nota, que as condições dos reservatórios são favoráveis em 2025, evoluindo dentro da normalidade ao longo do período seco, o que deixa o Sistema Interligado Nacional (SIN) em situação melhor que no ano passado.
Ainda segundo o Ministério de Minas e Energia, estudos confirmam o pleno atendimento de energia até fevereiro de 2026. Os resultados foram destacados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), na reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), realizada em 10 de setembro.
José Carlos de Souza Filho, professor da FIA Business School, explica que a antecipação em uma hora nos relógios já teve grande impacto no consumo de energia, pois era baseado no fato de que as pessoas acendiam luzes incandescentes mais tarde, reduzindo os impactos no horário de pico, entre 18h e 21h.
Com as mudanças nos padrões de consumo, a medida perdeu eficácia. “Hoje, com as lâmpadas de LED, esse consumo deixou de ser o maior vilão, deixando o posto para o ar-condicionado cuja utilização não está diretamente vinculada ao horário e sim à temperatura”, acrescenta.
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De acordo com Paula Sauer, especialista em finanças e economia comportamental da ESPM, os efeitos do horário de verão variam conforme diferentes fatores, tornando difícil calcular seus benefícios. “A depender da região, das condições climáticas no contexto brasileiro, das características e idade dos equipamentos utilizados, o horário de verão como uma medida constante não é uma unanimidade”, diz.
Como economizar na conta de luz?
Para reduzir despesas e se organizar financeiramente, o primeiro passo é entender como funcionam as bandeiras tarifárias. Elas indicam quando o custo da geração de energia é mais baixo ou mais alto devido às condições de oferta e demanda e aos fatores climáticos.
Existem três tipos de bandeiras tarifárias, que são divididas nas cores verde, amarela e vermelha. A última ainda conta com subdivisões: Patamar 1 e Patamar 2. Veja abaixo como cada uma funciona, de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL):
Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. A tarifa não sofre nenhum acréscimo no valor final da conta;
Bandeira amarela: condições menos favoráveis de geração de energia, mas ainda controladas. Nesse cenário, existe uma cobrança extra de R$ 1,885 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos;
Bandeira vermelha – Patamar 1: condições mais custosas de geração de energia. A tarifa sofre acréscimo de R$ 4,463 para cada 100 kWh consumidos.
Bandeira vermelha – Patamar 2: condições ainda mais custosas de geração de energia. A tarifa sofre acréscimo de R$ 7,877 para cada 100 kWh consumidos.
Em setembro, a ANEEL manteve a Bandeira Vermelha – Patamar 2. Como as atuais condições de afluência dos reservatórios das usinas estão abaixo da média, elas não são favoráveis para a geração hidrelétrica. Dessa forma, há necessidade de maior acionamento de usinas termelétricas, com elevados custos de geração.
Para reduzir os gastos com energia elétrica neste período de maior custo, vale tomar certos cuidados. Hábitos simples, segundo especialistas, já podem fazer diferença: aproveitar a luz natural durante o dia – para evitar o acionamento de lâmpadas – e usar ar-condicionado de forma eficiente – com temperaturas amenas e isolando o ambiente – são algumas das recomendações.
Além disso, é importante evitar deixar TVs, computadores e carregadores conectados em stand-by – o famoso modo de espera, que indica quando um equipamento está preparado para iniciar suas funções a qualquer momento.
Isso porque, como explicamos nesta matéria, muitos aparelhos eletrônicos possuem o chamado “consumo fantasma”, que ocorre quando eles continuam utilizando energia para manter funções secundárias ou estarem prontos para ligação rápida. Deixar carregadores de celular e cafeteiras elétricas constantemente na tomada, por exemplo, pode trazer um peso extra para a conta de luz.
Vale gastar com equipamentos mais eficientes?
Sauer, da ESPM, indica que os consumidores realizem uma pesquisa ampla de produtos e procurem eletrodomésticos mais eficientes. “De acordo com suas possibilidades, veja o que pode ser um bom investimento. Mesmo se os produtos forem caros no momento da compra, alguns compensam no longo prazo, reduzindo as contas de energia”, afirma.
A certificação do PROCEL está presente nos produtos mais eficientes do mercado. O selo é facilmente reconhecível: apresenta uma coloração vermelha, com o símbolo de uma lâmpada, e a frase “Este produto consome menos energia”.