Veja como está a cotação do dólar hoje. (Foto: Adobe Stock)
O dólar hoje opera em baixa nesta sexta-feira (26) após dados da inflação americana, medida pelo índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês), ficar dentro do esperado pelo mercado. Além disso, um dos membros do banco central americano, o Federal Reserve (Fed), sinalizou corte de juros para a próxima reunião, que tende a enfraquecer o dólar. Por volta das 16h15, o dólar recuava 0,43%, a R$ 5,341. Na mínima, a moeda chegou a R$ 5,336.
O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos subiu 0,3% em agosto ante julho, segundo pesquisa divulgada pelo Departamento do Comércio americano. Na comparação anual, houve alta de 2,7% em agosto. Analistas ouvidos pela FactSet previam acréscimo mensal de 0,3% do PCE e avanço anual de 2,7%.
O PCE é a medida de inflação preferida do Federal Reserve (Fed). Dados da CME Group, da Bolsa de Chicago, mostram que 85,5% dos analistas acreditam em um corte de juros de 0,25 ponto porcentual pelo banco central dos Estados Unidos na próxima reunião marcada para 29 de outubro. Com isso, o Fed Funds (juros dos EUA) ficaria na faixa de 3,75% a 4,00% ao ano. Já 14,5% dos analistas estadunidenses estimam uma manutenção do Fed Funds entre 4,00% e 4,25%.
No fim da manhã, o presidente do Federal Reserve (Fed) de Richmond, Tom Barkin, sinalizou que novos cortes de juros podem ser apropriados para manter o mercado de trabalho americano saudável, em evento do Peterson Institute for International Economics (PIIE). Segundo ele, os dirigentes podem debater qual será a magnitude adequada de futuras reduções nas taxas, mas “não há dúvidas de que devemos nos voltar um pouco para o mandato de emprego”.
Barkin ponderou que não há sinais evidentes de um “colapso” no mercado de trabalho e que os riscos estão relativamente equilibrados com os de inflação elevada. “Mas ela parece estar em forma melhor que a prevista e em trajetória de queda para 2%, ao contrário da taxa de desemprego, que parece frágil e caminhando na direção contrária a desejada”, disse.
O dirigente apontou que as dinâmicas de emprego e consumo parecem saudáveis nos EUA, mas que a “grande questão” é se a população conseguirá manter seus empregos diante das novas políticas do governo. “Demissões costumam gerar queda brusca no consumo por temores sobre o futuro da renda e afetar atividade econômica, o que seria uma preocupação para nós”, avaliou.
No momento, Barkin vê um processo geral de desaceleração conjunta da oferta e demanda por mão de obra no mercado de trabalho, graças principalmente a políticas de imigração. Contudo, ele destacou que os dados parecem não representar com precisão uma grande oferta para vagas que exigem mão de obra menos qualificada. “Esses empregos menos atraentes podem ser substituídos a curto prazo, sinal de um mercado de trabalho instável”, observou.
Dados do BC também movimentam o dólar hoje
Mais cedo, o Banco Central do Brasil informou que déficit em conta-corrente somou US$ 4,669 bilhões em agosto, abaixo da mediana das estimativas colhidas pelos Projeções Broadcast, de US$ 5,35 bilhões, com intervalo de US$ 7,1 bilhões a US$ 4,9 bilhões.
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Também conforme o BC, a entrada líquida de Investimentos Diretos no País (IDP) somou US$ 7,989 bilhões em agosto. O resultado ficou acima da mediana da pesquisa Projeções Broadcast, de US$ 6,050 bilhões. As estimativas do mercado iam de US$ 5,60 bilhões a US$ 7,290 bilhões.
Ainda na agenda brasileira, destaque para a participação do diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, em evento do Citi. Guillen afirmou que os sinais mistos da economia sugerem que a atividade econômica tende a seguir moderada no terceiro trimestre. Além disso, ele pontuou que a demanda no PIB indica alta moderada no consumo, tendendo a reforçar a tese de manutenção da Selic em 15% ao ano devido à atividade econômica levemente aquecida.
Ele também afirmou que a inflação está heterogênea no mundo, sendo mais ligada a pontos domésticos dos países do que globais. Guillen também repetiu haver dúvida sobre se a política tarifária do presidente Donald Trump — que ainda envolve muitas incertezas — terá um efeito único, ou contínuo, na inflação.
Por fim, o diretor do BC mencionou ainda que as tarifas têm efeitos heterogêneos em termos de consumo. Segundo ele, em bens de consumo o efeito é mais elevado do que em bens de capital e bens intermediários, por exemplo.
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Além do Banco Central, a cena política também pode pesar no câmbio. O Centrão avalia alternativas à candidatura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). O nome do governador do Paraná, Ratinho Júnior, ganhou espaço como presidenciável da direita. A visita de Tarcísio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, em prisão domiciliar, marcada para segunda-feira (29) deve ser acompanhada de perto pelo mercado, por ocorrer no mesmo dia da posse do ministro Edson Fachin na presidência do Supremo Tribunal Federal (STF).
O noticiário doméstico traz ainda a disputa em torno do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2026. O relator, Gervásio Maia (PSB-PB), tenta costurar até a próxima semana um acordo com o governo sobre o cronograma de pagamento das emendas parlamentares em ano eleitoral. Na esfera institucional, o presidente Lula participa hoje da cerimônia de posse do Conselho Federal de Participação da Bacia do Rio Doce e Litoral Norte Capixaba. Para mais informações sobre o dólar hoje, clique aqui.