Banco Central vetou a compra do Master pelo BRB, expondo riscos no modelo de negócios baseado em ativos de baixa liquidez. (Foto: Adobe Stock)
A Moody’s encerrou a observação para rebaixamento do rating (avaliação que mostra o risco de crédito de uma empresa) do Banco de Brasília (BRB), após o Banco Central (BC) reprovar a operação que previa a compra do Banco Master pela instituição financeira.
Com isso, a agência confirmou as notas do BRB, inclusive a classificação B1 de depósito bancário de longo prazo em moedas local e estrangeira, além do rating Ba3 de risco de contraparte em divisas local e estrangeira. A perspectiva é estável.
Os ratings do BRB estavam sob monitoramento desde abril, depois que banco anunciou a intenção de comprar o Master.
Segundo a Moody’s, a confirmação do rating reflete a estratégia de crescimento elevado perseguida pelo BRB, que tenta se expandir para além de sua base regional. O balanço de ativos do banco cresceu em ritmo anual de 35,7% entre 2019 e março de 2025, de acordo com a agência.
Para a classificadora, o movimento levou a um acelerado consumo de capital principal, o que diminui a capacidade de absorver riscos futuros em meio a um cenário econômico enfraquecido e de juros altos.
A Moody’s relata que a proporção entre os empréstimos de estágio 3 e a carteira total do BRB melhorou de 3,3% em março de 2024 para 2,2% em igual mês deste ano. O resultado, porém, foi favorecido por um aumento de 55,2% na carteira de crédito e pela venda significativa de empréstimos inadimplentes no período.
“A carteira pulverizada do banco e a elevada participação de créditos com garantia
sendo 52,5% de consignado e cerca de 18% de financiamento imobiliário em março de 2025
BRB menos lucrativo
A Moody’s acrescenta que a lucratividade do BRB permanece mais baixa que a de outros bancos de governos locais no Brasil. O lucro líquido sobre ativos tangíveis foi de 0,5% em 2024, bem abaixo da média de 2% registrada entre 2018 e 2021, diante da compressão das margens e dos elevados custos operacionais, de acordo com a análise.
“Esperamos que a rentabilidade permaneça abaixo dos níveis históricos nos próximos 12 a 18 meses, limitada pelos elevados custos de captação e pela intensa concorrência na originação de crédito, tanto nos mercados já atendidos quanto nos que estão na mira do banco”, ressalta.
O banco recebeu novas injeções de capital de acionistas recentemente, mas o índice regulatório de CET1 segue “apertado” em 8,1%, conforme a agência de classificação. “A capitalização provavelmente seguirá abaixo da de outros bancos de médio porte no Brasil, refletindo a limitada capacidade de recomposição de capital do banco e sua estratégia de crescimento acelerado”, projeta.
A Moody’s diz que pode elevar o rating do BRB à frente se a estratégia de expansão gerar ganhos sustentáveis. “Por outro lado, os ratings do BRB poderiam ser rebaixados caso a continuidade da expansão do crédito em novos segmentos de negócios leve a uma alteração estrutural no perfil historicamente de baixo risco da carteira, hoje sustentada em grande parte por empréstimos de baixo risco a servidores públicos”, alerta.