O dólar hoje opera em alta, nesta sexta-feira (3), em mais um dia de agenda esvaziada nos Estados Unidos. O mercado esperava a divulgação dos dados do payroll, mas o número não saiu devido à paralisação enfrentada pelo governo americano. No Brasil, a produção industrial melhor que o esperado entra na pauta dos investidores.
Por volta das 11h30, o dólar subia 0,23%, a R$ 5,3517. O atraso do payroll aumenta incertezas sobre a economia e a política monetária americana. Falas de membros do Federal Reserve (Fed) estão no radar. O presidente do Fed de Nova York, John Williams, disse hoje que bancos centrais precisam ter “independência e capacidade para alcançar a estabilidade de preços”, em discurso preparado para evento do Banco da Holanda nesta sexta-feira. No discurso, porém, Williams não abordou a perspectiva da política monetária do Fed.
Levantamentos privados evidenciam sinais mistos, e a consultoria britânica projeta 85 mil novas vagas e taxa de desemprego em 4,3%, mas destaca perda de fôlego na criação de postos pela menor imigração líquida.
A Oxford Economics ressalta que dados privados de emprego nos EUA ajudam como referência, mas não substituem o payroll. Analistas veem o dólar mais volátil, já que a paralisação dificulta apostas sobre cortes de juros, enquanto os rendimentos dos Treasuries seguem sem direção única.
Produção industrial é destaque para o dólar hoje no Brasil
Do lado interno, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelam que a produção industrial teve alta de 0,8% em agosto ante julho. O número ficou acima da mediana das projeções colhidas pelo Projeções Broadcast, de 0,3%. Em relação a agosto de 2024, a produção caiu 0,7%, enquanto as estimativas dos analistas apontavam para uma mediana negativa de 1,2%. No acumulado do ano, a indústria subiu 0,9%. No acumulado em 12 meses, houve alta de 1,6%, ante aumento de 1,9% até julho.
Segundo Pedro Ros, CEO da Referência Capital, o número mostra que a indústria encontrou algum fôlego após meses de estagnação, mas ainda enfrenta barreiras relevantes. “Juros altos e custos de produção mantêm o ritmo contido, com tendência de oscilações nos próximos meses. Para a economia brasileira, o dado é positivo porque ajuda a sustentar o PIB, ainda que de forma limitada”, avalia Ros.
No cenário político, o relator da MP 1.303, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), confirmou a retomada da isenção de LCAs, LCIs e LCDs para viabilizar acordo de votação da medida alternativa ao aumento do IOF, que previa tributar esses títulos em até 7,5%, mas enfrentou forte resistência na Câmara. A medida agrada o agronegócio e investidores, mas gera preocupações fiscais e divide lideranças na Câmara. Pressionada pela Frente Parlamentar da Agropecuária, a proposta precisa ser aprovada até quarta-feira, quando a MP perde validade.
Em relação à isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil, já aprovada pela Câmara, há expectativas de que possa ter o aval também no Senado, possivelmente na próxima semana. Cumprindo agenda hoje em Belém (PA), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o aumento da isenção do IR para R$ 5 mil é uma “coisa maravilhosa”.
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Ontem, o dólar à vista encerrou cotado a R$ 5,3395, com avanço de 0,20%, e o dólar futuro para novembro fechou a R$ 5,3790 (+0,20%), acompanhando o movimento externo e com avaliações no mercado de que a aprovação da isenção do IR na Câmara é medida populista e de risco fiscal. Para mais informações sobre o dólar hoje, clique aqui.