Fachada da Petrobras (PERT3;PERT4) (Foto: Adobe Stock)
A interferência política aumenta os riscos para a Petrobras (PETR3; PETR4) – Ba1 estável -, segundo avaliação da Moody´s, que destaca, no entanto, que as métricas de crédito da companhia permanecem intactas. A conclusão faz parte do relatório “América Latina: Governos influenciam cada vez mais a direção das empresas de energia e o apetite dos investidores”, divulgado hoje.
Para a agência de classificação de riscos, o setor depetróleo e gás da América Latina está passando por uma transformação significativa com novas políticas governamentais, estratégias de investimento em evolução e mudanças da demanda regional e global, particularmente no Brasil, Colômbia, Argentina e México.
A Moody´s lembra que o governo atual do Brasil mudou a administração sênior da empresa estatal, introduziu uma nova política de preços de combustível, mudou seu programa de venda de ativos e estabeleceu um novo plano de negócios para permitir um aumento dos níveis de dívida.
O Conselho da Petrobras aprovou um plano estratégico para 2050, que inclui uma meta de transição energética de alcançar a neutralidade de carbono até 2050, mantendo intacto o fornecimento de energia do País.
Conforme a agência, em um prazo mais curto, a Petrobras planeja investir US$ 111 bilhões em 2025-2029, incluindo US$ 77 bilhões em exploração e produção (E&P) para ajudar a maximizar o valor da carteira, aumentar o fornecimento de gás natural e substituir as reservas. “A empresa prevê que a produção diária aumentará 14% em 2028 em relação aos níveis de 2025”, afirma.
A empresa também planeja investir US$ 20 bilhões para expandir a capacidade de refino, diversificar sua carteira de fertilizantes e petroquímicos e desenvolver projetos de biorrefinaria para produtos de baixo carbono. Outros US$ 11 bilhões serão direcionados para a confiabilidade e disponibilidade de ativos, redução de emissões e integração de fontes renováveis.
Mercado de petróleo pelo mundo
Colômbia
Na Colômbia, o setor de petróleo e gás enfrenta um ambiente de investimento difícil antes da eleição presidencial de maio de 2026, aponta ainda a Moody´s. O investimento do setor atingiu o menor patamar em quatro anos, o que ameaça a autossuficiência energética de longo prazo do país em um contexto de persistente incerteza política, declínio da atividade de exploração e envelhecimento das reservas.
Conforme a agência, a companhia nacional de petróleo Ecopetrol (Ba1 estável) e outras operadoras estão se diversificando geograficamente e aumentando seu foco no gás natural, mas os investidores ainda enfrentam ambiguidades regulatórias e riscos ambientais, além da proibição governamental para novas licenças de exploração e processos complexos de licenciamento.
“Enquanto isso, o setor de petróleo e gás colombiano é altamente sensível ao desenvolvimento de políticas e à incerteza regulatória. A Colômbia está se tornando cada vez mais dependente do gás natural importado, o que mantém os preços domésticos elevados e reduz as margens dos consumidores industriais. A confiança dos investidores permanece moderada à medida que as eleições se aproximam”, destaca.
Argentina
Sobre a Argentina, a agência destaca que a transformação dinâmica do setor de petróleo e gás inclui uma produção recorde da formação de xisto de Vaca Muerta e é impulsionada pelo investimento governamental e pela desregulamentação.
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A produção de petróleo local aumentou 19% em julho de 2025 em relação ao ano anterior, enquanto a produção de gás cresceu 6%. A maior parte dessa expansão não é convencional para ambas as commodities. “Líderes de mercado, incluindo a companhia nacional de petróleo YPF (B2 estável), estão buscando projetos de infraestrutura de oleodutos e capacidade nova de exportação de gás natural liquefeito (GNL)”, observa.
Conforme a Moody´s, os grandes investimentos de capital e as atividades de fusões e aquisições estão remodelando o setor argentino de petróleo e gás, especialmente o segmento de E&P, uma vez que as empresas precisam acessar ativamente os mercados de dívida para apoiar o crescimento.
A alavancagem prudente e as operações resilientes permitirão às empresas expandir suas atividades de E&P como a Pluspetrol (B1 estável), a Tecpetrol (B1 estável) e a Vista Energy Argentina (B2 estável). No entanto, expansões adicionais na Argentina dependerão da construção oportuna de gasodutos e da estabilidade do mercado.
México
A empresa nacional de petróleo do México, Petróleos Mexicanos (Pemex, B1 estável), ancora o setor de petróleo e gás do país. O suporte governamental elevado à empresa inclui alocações orçamentárias consideráveis, pagamento e recompra de dívidas e a criação de um fundo de investimento subsidiado pelo governo para pagar fornecedores e possivelmente novos investimentos. O plano estratégico do governo para 2025-2035 visa estabilizar a liquidez da Pemex e reverter o declínio da produção para o menor patamar em quatro décadas no início de 2025.
No entanto, aponta a agência, a empresa enfrenta riscos operacionais persistentes e precisará de ajuda governamental considerável nos próximos anos. Sua produção continua a diminuir em campos maduros, e as restrições financeiras reduziram drasticamente suas operações de perfuração. Novas descobertas e recursos não convencionais oferecem ganhos possíveis, mas os riscos de execução são altos, e o sucesso do plano estratégico depende de a Petrobras (PETR3; PETR4) atrair parceiros, gerenciar custos e cumprir suas metas ambiciosas de produção.