Ibovespa hoje repercute derrota da MP 1.303, pesquisa e IPCA. (Foto: Adobe Stock)
O Ibovespa hoje fechou em queda, depois de renovar mínimas durante a tarde. Nesta quinta-feira (9), o índice cedeu 0,31%, aos 141.708,19 pontos. As atenções do mercado estiveram no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro, enquanto o mercado repercutiu a derrota do governo com a Medida Provisória 1.303, que foi retirada da pauta da Câmara.
A intensificação da queda dos índices das Bolsas de Nova York e a virada para o negativo da maioria das ações de primeira linha na B3 dificultou o desempenho do índice. Já o dólarhoje subiu 0,58%, a R$ 5,3750 e o petróleo Brent fechou em queda de 1,55%.
“Há dúvidas quanto ao fiscal após a derrubada da MP do IOF. O mercado quer saber como o governo fará para compensar esse aumento do IOF, como fará para fechar as contas públicas neste ano e em 2026”, diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.
“Vejo com otimismo a retirada de pauta da Medida Provisória 1303/2025 pela Câmara dos Deputados, o que resulta na caducidade da proposta”, pontua Ricardo Trevisan Gallo, CEO da Gravus Capital. Segundo ele, a decisão evita a uniformização da alíquota de imposto de renda em 18% para rendimentos de aplicações financeiras, como fundos de investimento, letras de crédito (LCA e LCI) e criptoativos, preservando a atratividade do mercado.
No campo político, Lula continua na liderança para as eleições de 2026, conforme pesquisa Genial/Quaest. Levantamento divulgado hoje mostra que o presidente leva vantagem sobre todos os possíveis adversários no pleito do ano que vem. O petista lidera em todos os cenários de 1º turno, pontuando entre 35% e 43% das intenções a depender da lista de candidatos.
Além disso, as atenções ficaram no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de setembro. A inflação medida pelo indicador subiu 0,48% em setembro, depois da queda de 0,11% em agosto. O resultado ficou 0,04 ponto porcentual abaixo da mediana da pesquisa Projeções Broadcast (de 0,52%) e 0,02 ponto acima do piso das estimativas (0,46%), com teto em 0,58%.
Ibovespa hoje: veja os principais assuntos desta quinta-feira (9)
Bolsas globais encerram indefinidas após ata do Fed
Os mercados globais fecharam majoritariamente no campo negativo, com investidores à espera de novos sinais do Fed após a ata da última reunião mostrar divisão entre dirigentes sobre o ritmo de cortes de juros.
O dólarhoje subiu ante moedas fortes. O índice DXY, que monitora a moeda americana em relação a seis divisas relevantes, avançou 0,62% aos 99,538 pontos.
Na Europa, as bolsas fecharam sem direção única. Investidores seguiram de olho na persistente crise política na França, com a promessa do presidente Emmanuel Macron de escolher um novo premiê até sexta-feira (10).
IPCA acelera em setembro com impacto da tarifa de energia
A conta de luz deve pressiona o IPCA em setembro. (Foto: Adobe Stock)
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês de setembro foi 0,48%, 0,59 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de recuo de 0,11% de agosto. No ano, o IPCA acumula alta de 3,64% e, nos últimos 12 meses, o índice ficou em 5,17%, acima dos 5,13% dos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2024, a variação havia sido de 0,44%.
Com o fim da incorporação do chamado bônus de Itaipu, creditado nas faturas emitidas no mês de agosto, a energia elétrica residencial, do grupo Habitação (2,97%), subiu 10,31% em setembro, destacando-se como o principal impacto individual no índice do mês (0,41 p.p.). Cabe destacar a continuidade da vigência da bandeira tarifária vermelha patamar 2, a partir de 1º de setembro, adicionando R$ 7,87 na conta de luz a cada 100 Kwh consumidos.
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O IPCA de setembro apresentou um resultado qualitativo “inegavelmente benigno”, com destaque para o alívio observado em bens e serviços, avalia o economista do ASA Leonardo Costa. “Mesmo ao excluir o efeito da forte deflação de seguro de veículos, a taxa mensal dos serviços subjacentes seria de apenas 0,27%, nível baixo”, calcula. Na margem, os serviços subjacentes desaceleraram de 0,34% para 0,03%.
Apesar da desaceleração na margem, Costa considera que os serviços permanecem relativamente pressionados, mas em um nível inferior ao observado no início do ano, o que sugere uma perda de fôlego gradual da inflação subjacente.
Para Pablo Spyer, conselheiro da Ancord, a expectativa é de desaceleração já em outubro, com a redução da bandeira tarifária de energia e a acomodação de preços administrados.
“De forma geral, o IPCA de setembro não altera o quadro de inflação sob controle e trajetória de convergência em direção à meta. O Banco Central deve manter a postura de cautela na política monetária, avaliando o comportamento dos preços de serviços e dos bens industriais ao longo do último trimestre”, avalia Spyer.
Pesquisa Genial/Quaest: Lula derrotaria rivais nos 1º e 2º turnos
Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira, mostra que o presidente Lula leva vantagem sobre todos os possíveis adversários na eleição de 2026. O petista lidera em todos os cenários de 1º turno, pontuando entre 35% e 43% das intenções a depender da lista de candidatos.
Lula também venceria todos os rivais no segundo turno se a eleição fosse hoje. O presidente, contudo, não tem mais da metade das intenções de voto em nenhum dos cenários devido ao número de indecisos e àqueles que declaram que votarão em branco, nulo ou não votarão.
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A pesquisa aponta que o atual presidente ampliou a vantagem sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como o principal nome da oposição neste momento. Tarcísio afirma que não embarcará na disputa pelo Palácio do Planalto e tentará a reeleição para o governo estadual.
Agenda econômica do dia
A agenda econômica desta quinta-feira ainda foi marcada pelo nono dia de paralisação do governo nos Estados Unidos, que manteve suspensa a divulgação de dados oficiais.
Em paralelo, o mercado monitorou falas do diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Nilton David. Ele disse que a decisão da autoridade monetária de interromper o ciclo de alta do juro, mesmo sem que as expectativas de inflação estivessem plenamente ancoradas se mostrou uma decisão correta e bem aceita pelo mercado financeiro.
“O Banco Central fez isso e o mercado imediatamente acatou. Ou seja, a conclusão que se chegou foi que essa decisão do BC de não ter que esperar, o que normalmente se esperaria em outros ciclos, que é ver a expectativa cair para interromper o ciclo, foi muito bem aceita”, afirmou Nilton durante evento da Câmara Espanhola, em São Paulo.
Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta quinta-feira que qualquer medida para compensar a frustração de arrecadação com a queda da Medida Provisória alternativa à alta do IOF só será revelada depois de conversa com o presidente Lula.
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Ele declarou que o impacto fiscal para este ano é pequeno, mas que levará um cardápio de soluções para que o petista tome a decisão sobre o que fazer. O ministro afirmou ter tempo para pensar nas alternativas e que o presidente não abrirá mão de programas sociais com responsabilidade fiscal.
“Eu estou vendo já uma série de especulações que não correspondem à realidade, porque todas as alternativas, antes de serem oficializadas, vão passar pelo crivo da presidência. E, enquanto estiver aqui na Fazenda, não vai haver vazamento, como nunca houve, em relação ao que está sendo imaginado”, afirmou, ao chegar à sede do ministério.
Por fim, o Tesouro realizou leilões de venda de títulos prefixados Letras do Tesouro Nacional (LTN, títulos prefixados) e Nota do Tesouro Nacional série F (NTN-F, título de renda fixa).
Esses e outros dados do dia ficaram no radar de investidores e impactaram as negociações na bolsa de valores brasileira, influenciando o índice Ibovespa hoje.
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*Com informações de Silvana Rocha e Maria Regina Silva, do Broadcast