Lucas Correa, novo presidente da CFA Society Brazil, planeja expandir a certificação CFA. (Foto: Adobe Stock)
A CFA Society Brazil, associação que reúne os profissionais detentores da certificação Chartered Financial Analyst (CFA) no País, voltará a ter um escritório em São Paulo, com patrocínio do CFA Institute. Essa é uma das novidades que chega com a gestão de Lucas Correa, que acaba de assumir a presidência da associação com a proposta de ampliar a voz do grupo, alcançar mais profissionais e reforçar projetos educacionais.
“Temos várias iniciativas ‘no forno’ para o meu ano aqui, e uma das novidades é que voltaremos a ter um escritório. Durante a pandemia decidimos desmontá-lo, mas recentemente o CFA Institute (que aplica o exame globalmente e concede a certificação), vendo tudo que temos feito no Brasil, resolveu patrocinar a reabertura do escritório. Vai ser ideal para cursos e eventos, um palco para oferecermos isso sob a ótica de eficiência, ética e educação. Estamos entusiasmados”, afirmou Correa. Ele contou que o local fica em um espaço térreo na Rua Fidêncio Ramos, em São Paulo, e que a inauguração deve ocorrer entre dezembro de 2025 e janeiro de 2026.
O retorno do escritório não é o única projeto de Correa à frente da CFA Society Brazil. Após passar por diferentes posições no Conselho da associação antes de chegar à presidência, o executivo quer puxar a missão de promover níveis éticos mais elevados no mercado financeiro e trazer as melhores práticas internacionais para o Brasil.
Para tanto, ele parte de três “caixinhas” de metas: credentials, com a busca das pessoas que podem se interessar pela certificação; member value, com a educação continuada e os eventos para os profissionais que já são membros; e advocacy, com posicionamentos e produção de conteúdo relevante para o mercado.
O cardápio de ações dentro dessas “caixinhas” inclui desafios universitários, para engajar potenciais candidatos ao exame desde jovens; viagens pelo Brasil para atrair profissionais fora do eixo Rio-São Paulo; bootcamps (treinamentos intensivos) para aumentar o número de mulheres CFA; e participação em consultas públicas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O novo presidente da CFA Society Brazil não quer ficar parado. “Quero que a gente turbine ainda mais nossa voz. Temos feito muito, mas não de forma vocal. Vamos sair do backstage e ir para o frontstage, ficar à frente e ser uma voz mais ouvida”, destaca Correa.
Segundo o executivo, o CFA Institute também acredita no potencial para crescimento no mercado brasileiro. “Se olharmos [associações de] CFAs de Nova York, Boston ou Toronto, com algo como dez mil membros, sabemos que nosso potencial para desenvolvimento é enorme. Cerca de 700 mil pessoas trabalham no mercado financeiro brasileiro, mas somente 0,2% são charterholders (profissional que obteve a CFA). O Instituto olha isso e sabe que é um mercado que eles precisam apoiar”, destaca Correa.
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A certificação CFA é reconhecida internacionalmente por atestar conhecimento aprofundado em análise financeira e gestão de portfólios. Há cerca de 190 mil profissionais credenciados em todo o mundo, sendo a maior parte nos Estados Unidos, com 80 mil. Já no Brasil são aproximadamente 1.600 charterholders, com a maioria dos profissionais homens (89%) e concentrados nos Estados de São Paulo (77%) e Rio de Janeiro (13%).
Desafios e obstáculos para expandir no Brasil
Mas o que falta para o número crescer por aqui? Para Correa, há alguns fatores: a barreira da língua, já que o exame é todo feito em inglês; eventualmente o custo financeiro, caso a instituição do profissional não patrocine a prova; mas, principalmente, a disposição em dedicar as cerca de 300 horas de estudos para cada um dos três níveis – o que pode levar anos para ser finalizado.
“De cada cinco pessoas que começam [o processo], só um termina, e dentro disso, só 30% dos que terminaram não precisaram repetir algum nível. A pessoa pode ficar anos gravitando dentro do CFA, mas a vida acontece no caminho”, observa o executivo. “O compromisso de longo prazo é uma dificuldade.”
Por vezes, ainda acontece a dificuldade da escolha entre dois caminhos: a busca pela certificação CFA ou pelo diploma de MBA – um dúvida bastante comum no mercado financeiro, segundo Correa. “A escolha depende de qual o objetivo final do profissional”, afirma o executivo, que avalia o CFA como uma certificação mais técnica, voltada para hard skills (habilidades técnicas e específicas).
Por outro lado, ele vê o MBA como uma oportunidade de desenvolvimento das chamadas soft skills (habilidades comportamentais), além do networking. “Não são excludentes. Para um cargo de gestão, por exemplo, faz sentido um combo dos dois”, pondera.