A Ativa Investimentos avalia que a licença do Ibama para a Petrobras (PETR3; PETR4) explorar a Margem Equatorial representa avanço regulatório e amplia o potencial de longo prazo da estatal, ainda que o impacto nas ações seja limitado. (Foto: Pedro Kirilos/Estadão)
A Ativa Investimentos avalia que a autorização para o bloco FZA-M-059, na Bacia da Foz do Amazonas, “retira uma importante incerteza regulatória do radar” e reforça a tese de longo prazo para as ações da companhia. A corretora pondera, contudo, que o impacto imediato sobre o valuation é limitado, já que o projeto ainda está em fase inicial.
“Embora o evento ainda não implique mudanças de curto prazo em produção ou fluxo de caixa, ele marca o início de uma nova fase de exploração em uma das últimas fronteiras geológicas inexploradas do País”, diz a Ativa em nota.
O Itaú BBA também destacou o caráter estratégico da decisão, mas ressaltou que o conhecimento ainda restrito sobre o potencial geológico da região “continua sendo um desafio para avaliar sua relevância na tese de investimento de longo prazo da Petrobras”. Segundo o banco, a bacia da Foz do Amazonas pode conter até 5,7 bilhões de barris de petróleo, o que aumentaria em até 58% as reservas provadas da estatal — mas o desenvolvimento comercial exigirá anos de estudos e altos investimentos.
“Mesmo após as descobertas iniciais, podem ser necessários anos de avaliação, testes e aportes significativos”, alertou a analista Monique Greco, em relatório.
Para o analista Rafael Passos, da Ajax Asset, a notícia melhora as perspectivas de crescimento da Petrobras no longo prazo, mas o alto Capex da companhia segue pressionando o caixa e reduzindo a visibilidade sobre dividendos no curto prazo. “Em termos de produção, a Petrobras vai entregar o que orientou. O grande ponto é o Capex, que ainda vem impressionando muito o caixa da companhia”, afirmou Passos.
Segundo apuração da Broadcast, o novo plano estratégico da estatal para 2026-2030 prevê um corte de mais de US$ 8 bilhões, mas o gasto total ainda deve superar os US$ 111 bilhões do ciclo anterior (2025-2029). Mesmo com o ajuste, o governo considera que a queda do petróleo — cotado hoje a US$ 61,02 o barril — pode ter impacto relevante sobre os investimentos da companhia.
Às 17h07, as ações da Petrobras operavam com desempenho misto: PETR3 caía 0,25%, a R$ 31,56, enquanto PETR4 subia 0,07%, a R$ 29,75. O Ibovespa avançava 0,77%, aos 144.509 pontos.
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A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, classificou a licença como “uma conquista da sociedade brasileira” e disse que a companhia vai atuar com “segurança, responsabilidade e qualidade técnica” na nova fronteira energética. A perfuração do poço Morpho, na Bacia da Foz do Amazonas, começa imediatamente, segundo a estatal.
Após quase cinco anos de espera, a Petrobras (PETR3; PETR4) destaca que o processo envolveu governos e órgãos ambientais em diversas esferas, e que a estrutura de proteção ambiental foi reforçada para a perfuração em águas profundas no litoral do Amapá.