O dólar hoje fechou em leve alta, nesta sexta-feira (24), após dados da inflação americana e brasileira abaixo do esperado. O mercado também seguiu atento ao possível encontro entre o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva e o chefe do executivo dos Estados Unidos, Donald Trump, que pode ocorrer domingo (26) na Malásia. No encerramento, o dólar terminou o dia em valorização de 0,12%, a R$ 5,3926. Na máxima, a moeda chegou a R$ 5,4032.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) foi de 0,18% em outubro, uma desaceleração de 0,3 ponto porcentual na comparação com setembro, quando o indicador ficou em 0,48%. O número situa-se abaixo das expectativas dos analistas consultados pelo Broadcast, que calculavam um IPCA-15 de 0,24%. As estimativas variavam de 0,14% a 0,33%, todas apontando avanço mais moderado.
No ano, o IPCA-15 acumula alta de 3,94% e, nos últimos 12 meses, de 4,94%, abaixo dos 5,32% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em outubro de 2024, a taxa foi de 0,54%. O maior impacto veio do segmento de despesas pessoais, com alta de 0,42%. Os destaques neste mês foram cinema, teatro e concertos (2,05%), pacote turístico (1,97%) e empregado doméstico (0,52%).
Para André Valério, economista sênior do Inter, o resultado de outubro reafirma a tendência recente de desinflação da economia brasileira, com um quantitativo e um qualitativo positivo. A expectativa para os meses restante do ano é de manutenção dessa tendência, com menores pressões nos combustíveis e energia, enquanto o aperto monetário deve contribuir para manter a inflação de serviços e núcleos em queda.
“Ainda assim, esperamos que o IPCA encerre 2025 com alta acumulada de 4,70% e que o Copom só inicie o ciclo de cortes em janeiro”, disse Valério.
Inflação americana também mexeu com o dólar hoje
O mercado também acompanha os dados da inflação americana, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês). O indicador, divulgado pelo Departamento do Trabalho dos EUA, ficou em 0,3% em setembro na comparação com agosto. O número saiu abaixo do esperado pelo mercado, que estimava um CPI de 0,4% para os Estados Unidos.
Na comparação anual, a expectativa era de aceleração a 3,1%. No entanto, o número reportado foi de 3%. Os dados reforçaram as expectativas de corte de juros para os Estados Unidos, por meio do banco central americano, o Federal Reserve (Fed). Segundo informações do CME Group, que administra a Bolsa de Chicago, 94,6% dos analistas acreditam em um corte de 0,25 ponto porcentual na próxima reunião do Fed de 29 de outubro.
Já 98,5% estima outro corte de 0,25 ponto porcentual na reunião de 10 de dezembro. Com isso, a taxa de juros nos Estados Unidos tende a recuar de 4% a 4,25% para 3,5% a 3,75% até o fim do ano. A queda de juros nos Estados Unidos enfraquece o dólar e fortalece o real.
Mercado seguiu atento às negociações entre Lula e Trump
Investidores aguardam o encontro de Donald Trump com Luiz Inácio Lula da Silva, no domingo, na Malásia, embora ainda sem confirmação oficial, e também com o presidente chinês, Xi Jinping, já confirmado para a próxima quinta-feira.
O presidente Lula deve tratar das tarifas de 40% aos produtos importados do Brasil. Lula admitiu que não espera um acordo imediato e disse que quer discutir sanções a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), como a Lei Magnitsky e a cassação de vistos, e também temas geopolíticos. Além de se reunir com Trump, Lula deve se encontrar com lideranças da China e do Vietnã, e pode receber representantes do Camboja e do Timor-Leste.
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A perspectiva de uma operação casada de venda de dólar à vista de até US$ 1 bilhão e compra de dólar futuro, via leilão de swap cambial reverso no mesmo valor, programada pelo Banco Central para segunda-feira (27), deve irrigar a liquidez, aliviar a taxa do cupom cambial, mas com impacto possivelmente neutro no valor do dólar. A operação visa atender a alguma demanda pontual mais forte identificada pelo Banco Central, segundo analistas do mercado.
No exterior, o índice de sentimento do consumidor dos Estados Unidos elaborado pela Universidade de Michigan caiu para 53,6 em outubro, ante 55,1 em setembro, segundo levantamento final divulgado pela instituição. O resultado ficou ligeiramente acima da previsão de analistas consultados pela FactSet, de 53,5, mas abaixo da leitura preliminar deste mês, de 55.
Ainda na agenda econômica do dia, o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços dos EUA subiu de 54,2 em setembro para 55,2 em outubro. O resultado contrapôs a previsão de analistas consultados pela FactSet, que esperavam estabilidade. Já o PMI industrial do país avançou de 52 em setembro para 52,2 em outubro, ligeiramente abaixo da expectativa de analistas consultados pela FactSet, de alta a 52,3.
No cenário exterior, a moeda americana ganhou força sobre o dólar canadense após o presidente Donald Trump anunciar o fim das negociações comerciais com o Canadá.
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Ontem, o dólar caiu 0,20%, a R$ 5,3861, em meio à alta de 5% do petróleo e à confirmação do encontro entre Donald Trump e Xi Jinping na próxima quinta-feira. Para mais informações sobre o dólar hoje, clique aqui.