Visão aérea de fábrica da M. Dias Branco. Foto: Divulgação/M. Dias Branco Institucional
As ações da M. Dias Branco (MDIA3) registram uma das principais quedas do mercado brasileiro nesta segunda-feira (10). Às 15h40, os papéis tombam 11,83% cotados a R$ 25,80, fora do Ibovespa. O movimento negativo reflete as opiniões divididas de analistas sobre o balanço do terceiro trimestre da companhia, dona de marcas como Adria, Jasmine e Piraquê.
No período, a fabricante de alimentos teve lucro líquido de R$ 216,1 milhões, resultado 73,3% maior do que o reportado em igual período de 2024, quando a empresa registrou lucro de R$ 124,7 milhões. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) atingiu R$ 318,1 milhões, alta de 39% frente aos R$ 228,9 milhões do terceiro trimestre do ano passado.
Já a receita líquida avançou 15,8% na mesma base comparativa, alcançando R$ 2,784 bilhões, ante os R$ 2,404 bilhões reportados um ano antes. O resultado foi puxado pelo crescimento do volume de vendas e do preço médio dos produtos.
O volume comercializado pela M. Dias Branco avançou 15,2% no terceiro trimestre deste ano na comparação com igual período do ano anterior, passando de 419,3 mil toneladas para 482,9 mil toneladas.
Já o preço médio de todas categorias no terceiro trimestre avançou 0,7% na comparação anual, de R$ 5,7 por quilo para R$ 5,8 por quilo. Na comparação com o segundo trimestre, houve queda de 3,2% no preço médio dos produtos. “Essa retração sequencial de 3,2% tem relação com a queda do preço do trigo em dólares nos últimos meses, a apreciação do real frente ao dólar, bem como algumas ações pontuais para recuperação de participação no mercado”, disse a M. Dias, no relatório de resultados.
Na visão do BTG Pactual, a gestão da empresa está reformulando sua estratégia comercial e a companhia agora deve entrar em uma fase mais difícil: reconquistar o mercado perdido durante os anos de foco em margem. “Isso pode pressionar as margens no curto prazo, mas melhorar a posição competitiva no longo prazo, desde que a execução resulte em retomada de espaço nas prateleiras e recuperação sustentável de volumes”, afirma.
O banco avalia que os próximos trimestres serão críticos para avaliar se a M. Dias Branco conseguirá entregar consistência. Até ter maior convicção sobre essa trajetória e seus impactos nos lucros, o BTG mantém recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 28.
XP vê resultado abaixo da expectativa
Para a XP Investimentos, os resultados da fabricante de alimentos foram mais fracos do que o esperado e devem levar a revisões negativas de lucro à frente. A corretora destaca como ponto negativo a margem bruta, que ficou em 32,4% no trimestre, queda de 0,5 ponto percentual na comparação ano a ano. O resultado veio 1,73 ponto porcentual abaixo da expectativa da XP e pode levar a questionamentos de uma reclassificação na recomendação do ativo, segundo a casa.
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O lucro bruto, de R$ 903 milhões, veio 8% abaixo da projeção de R$ 986 milhões. Já o Ebitda ficou 14% aquém do esperado, frente à estimativa de R$ 371 milhões.
BB Investimentos recomenda compra para ação
Ao contrário da XP, o BB Investimentos considerou o resultado da M. Dias Branco positivo. O destaque, na visão da casa, ficou com a recuperação do volume de vendas na comparação anual, o que garantiu para a companhia maior crescimento do lucro líquido combinado com geração de caixa livre.
Seguimos confiantes com a tese de investimento da M. Dias Branco, razão pela qual mantemos a recomendação de compra e preço-alvo para o final de 2026 em R$ 32″, diz o BB.
O banco avalia que a companhia segue com uma alavancagem financeira confortável, marcada por uma posição de caixa líquido equivalente a 0,6 vezes o Ebitda dos últimos 12 meses.
Segundo o BB, a boa posição de caixa da M. Dias Branco refletiu a forte geração de caixa livre nos primeiros 9 meses do ano, com atividades operacionais contribuindo com R$ 1,2 bilhão, enquanto as atividades de investimento consumiram R$ 209 milhões apenas.