Parque da Walt Disney em Orlando, Flórida: ações despencam após balanço com queda nas receitas e retração na divisão de entretenimento. (Foto: Adobe Stock)
A Walt Disney (DISB34) apresentou resultados mistos em seu quarto trimestre fiscal, encerrado em 27 de setembro de 2025 e divulgado nesta quinta-feira (13). Embora o lucro líquido tenha mais que dobrado em relação ao mesmo período do ano anterior (saltando de US$ 460 milhões para US$ 1,31 bilhão) o mercado reagiu negativamente à leve queda nas receitas e à forte retração em alguns segmentos – o que levou as ações a despencarem 8,74%, cotadas a R$ 37,60, próximo das 14h40 de hoje.
Com ajustes, o lucro por ação foi de US$ 1,11, acima das expectativas dos analistas consultados pela FactSet, que previam US$ 1,05. Já a receita totalizou US$ 22,46 bilhões, uma queda de 0,5% na base anual e ligeiramente abaixo do consenso de mercado, de US$ 22,75 bilhões.
Apesar do desempenho abaixo do esperado em vendas, a Disney reafirmou sua confiança no plano de longo prazo. A companhia reiterou a projeção de crescimento de dois dígitos no lucro ajustado por ação para os anos fiscais de 2026 e 2027. Além disso, prevê que a margem operacional do negócio de streaming alcance 10% em 2026, o dobro do registrado em 2025.
No entanto, a divisão de entretenimento, que inclui cinema e TV, apresentou forte retração. O lucro operacional do segmento caiu 35% no trimestre, para US$ 691 milhões, pressionado por menores receitas de publicidade televisiva e pela fraca performance nas bilheterias, que no ano anterior havia sido impulsionada por sucessos como Deadpool & Wolverine e Inside Out 2.
Essa fraqueza, contudo, foi parcialmente compensada pelos ganhos nos segmentos de streaminge parques temáticos. O Disney+, mesmo após o episódio polêmico envolvendo o apresentador Jimmy Kimmel, adicionou 3,8 milhões de assinantes no trimestre – bem acima da previsão dos analistas, que esperavam 2,2 milhões. O número total de assinaturas somou 196 milhões entre Disney+ e Hulu, marcando um avanço robusto sobre o trimestre anterior.
Nos parques e experiências, o desempenho também foi recorde. O lucro operacional do setor subiu 13% na comparação anual, para US$ 1,89 bilhão, impulsionado pelo crescimento de 25% nos parques internacionais e 9% nos parques domésticos. A divisão de produtos licenciados também avançou 14%, refletindo maior arrecadação com franquias e consumo de visitantes.
Entre as medidas de retorno ao acionista, a empresa anunciou um aumento de 50% em seu dividendo anual — para US$ 1,50 por ação — e dobrou o programa de recompra de ações para US$ 7 bilhões no ano fiscal de 2026, segundo comunicado da companhia.
Para o CEO Robert A. Iger, os resultados refletem “um ano de grande progresso”, no qual a empresa “fortaleceu sua estrutura, alavancou o valor de seus ativos criativos e fez avanços significativos em seu negócio direto ao consumidor”.
Mesmo com esse otimismo, o mercado interpretou o balanço com cautela. A leve retração das receitas e o alerta de que o lucro do segmento de entretenimento deve sofrer um impacto adicional de US$ 400 milhões no próximo trimestre, devido à fraqueza nas bilheterias, pressionaram as ações tanto em Nova York quanto no Brasil, onde os papéis da Disney seguem em forte baixa no pregão de hoje.