O Banco Master teve a liquidação decretada pelo Banco Central nesta terça-feira (18). (Foto: Banco Master/Divulgação)
A liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada hoje pelo Banco Central (BC), não deve provocar abalos significativos no sistema financeiro brasileiro em razão de seu porte modesto e de sua baixa interconexão com as principais instituições do País.
O Master tinha classificação “S3” no Banco Central, destinado a instituições e conglomerados cuja razão da exposição total do ativo total representam de 0,1% a 1,0% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse perfil limitado, somado ao fato de o Master não manter posições relevantes no mercado interbancário, reduz drasticamente o risco de “efeito contágio” sobre bancos de maior relevância.
Além do tamanho reduzido, outro fator de contenção é o arcabouço de proteção ao depositante por meio do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Atualmente, o FGC cobre depósitos de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, por instituição financeira. O próprio FGC já informou que dispõe de liquidez suficiente para honrar integralmente os clientes elegíveis que tinham investido no Master.
Para o economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, a liquidação do Master não representa qualquer risco sistêmico.
“Teria que ser um caso muito maior. Mas parece pontual, pelo menos por enquanto. O sistema financeiro brasileiro está estável, inclusive com relatório de estabilidade financeira por parte do BC
que aborda testes em relação ao estresse do sistema
Sanchez frisa que o anúncio da liquidação do banco também não “fez preço” de um jeito relevante nos papéis de bancos negociados na Bolsa, mas a situação pode mudar à frente. “O Master ainda não faz preço de um jeito amplo, porque todo mundo sabia que estava em processo de falência. Mas a escalada de desdobramentos relevantes pode gerar um contágio de preço – ainda que não seja um risco sistêmico”, reforça ele.
O analista de instituições financeiras da Austin Rating, Luis Miguel Santacreu, corrobora que há pouco risco de a liquidação do Master implicar em risco ao funcionamento do sistema bancário brasileiro. “É um caso muito particular, porque o Master teve uma atuação que não envolvia atividade de crédito e também não tinha um relacionamento interbancário muito forte”, destaca ele.
O sinal de alerta agora, acrescenta Santacreu, é o tamanho do montante que o FGC precisará dispor para pagar a todos os investidores que aplicaram no Master.
“O fundo vai consumir muito do seu patrimônio para pagar todos os investidores que aplicaram nos CDBs do Master, então vai ter um impacto no tamanho do fundo garantidor. O FGC vai ter que cumprir com as regras do jogo, e ele está aí para isso. O que chama a atenção é o tamanho da conta que o FGC vai ter que pagar, mas ele vai pagar e tem dinheiro para isso”, reforça.
As estimativas são de que o FGC precisará honrar algo na casa dos R$ 50 bilhões captados por CDBs pelo Master.