Petrobras, a principal petroleira brasileira. (Foto: Adobe Stock)
O novo Plano Estratégico da Petrobras (PERT3;PETR4) apresenta caráter neutro, na avaliação da Genial Investimentos, com pontos positivos relevantes, mas também riscos que merecem atenção. Para a casa, o guidance de produção reforça a resiliência operacional, com volumes superiores ao plano anterior e foco na exploração da margem equatorial para mitigar a futura queda da produção do pré-sal.
Por outro lado, a estratégia de investimentos, embora mantenha valores próximos ao documento anterior, continua a sinalizar incertezas quanto à alocação de capital, especialmente pela maior participação de projetos em avaliação e pelo risco de não materialização em cenários de preços mais baixos.
Em relatório, o analista Vitor Sousa destaca que a expectativa de geração de caixa e dividendos é atrativa, com potencial de yield elevado, mas depende de premissas otimistas para Brent e câmbio.
“Caso os preços do petróleo permaneçam abaixo das estimativas, a distribuição pode ser pressionada, reduzindo a atratividade”, afirma.
O analista aponta ainda que, apesar de ter vindo razoavelmente dentro do esperado, o guidance de produção foi o grande destaque positivo do plano. A previsão é de que a produção de óleo e gás será de 3,1 a 3,3 milhões de boe entre 2026 e 2030 (com pico de 3,4 milhões de boe em 2029) ante projeção anterior de 2,8 a 3,2 milhões para 2025-2029.
“A empresa começa a incorporar a queda na produção a partir de 2030, representando o início da queda na produção dos campos do pré-sal – algo amplamente divulgado e do conhecimento de todos. A importância da exploração e eventual desenvolvimento da margem equatorial vai no sentido de evitar a depleção da curva produtiva da empresa”, destaca.
Sousa ressalta também que a companhia anunciou um pipeline de investimentos totais de US$ 109 bilhões, ante US$ 111 bilhões no plano anterior – o que, num primeiro momento, traz preocupação quanto à geração de caixa, dado o nível atual de preços do petróleo, muito inferior ao de 2024.
Entretanto, observa, a empresa dividiu os investimentos totais em dois grupos: US$ 91 bilhões em projetos em implantação (ante US$ 98 bilhões no plano de 2024) e US$ 18 bilhões na carteira em avaliação (ante US$ 13 bilhões no ano passado).
“Ou seja, o volume de investimentos totais anunciados ficou muito próximo aos investimentos do ano passado, mas muito mais alocado em um desembolso que não necessariamente vai se realizar (a empresa não materializou nenhuma das aquisições anunciadas até o momento: refinarias, ativos de energia renovável, petroquímica, etc)”, explica.
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Para ele, se, por um lado, a decisão da empresa de alocar maior fluxo de recursos na carteira em avaliação traz, de certa maneira, alívio, por outro, essa escolha faz com que o caso da Petrobras siga sendo visto como arriscado do ponto de vista de alocação de capital, mantendo o desconto estrutural da companhia em relação aos players privados.
Dividendos
O analista destaca ainda que a empresa espera gerar US$ 190-220 bilhões entre 2026 e 2030. Desse montante, US$ 85-95 bilhões seriam destinados a investimentos e US$ 45-50 bilhões deveriam ser distribuídos como proventos. O valor representa entre 56% e 62% do atual valor de mercado da empresa a ser distribuído como dividendo nos próximos cinco anos, gerando rendimento anual de 11% a 12%.
“Entretanto, existe um detalhe relevante a ser considerado: a empresa utilizou como premissas para o brent e dólar de US$ 63 em 2026 e voltando para US$ 70/barril já em 2027 até 2030 e US$ 1/R$5,8 entre 2026 e 2030 em suas estimativas. “Consideramos tais valores são mais otimistas tendo em vista o atual patamar e curva futura do brent (US$ 62 e subindo gradualmente para US$ 68 entre 2025 e 2030)”, observa.