CEO Elon Musk em Cracóvia, Polônia, em 22 de janeiro de 2024 (Foto: REUTERS/Lukasz Glowala)
A fortuna de Elon Musk voltou ao centro das discussões do mercado financeiro. De acordo com publicação da Forbes na última segunda-feira (15), a fortuna do empresário chegou a US$ 677 bilhões — cerca de R$ 3,7 trilhões na cotação atual —, tornando-o a primeira pessoa a ultrapassar a marca de US$ 600 bilhões.
O novo recorde não apenas consolida Musk como o indivíduo mais rico do planeta, mas reforça a percepção de que seu conglomerado de negócios passou a ser tratado como algo próximo de uma classe de ativos própria. O principal motor dessa disparada patrimonial foi a SpaceX, que dobrou sua avaliação para cerca de US$ 800 bilhões após uma oferta secundária de recompra de ações.
Musk detém 42% da companhia aeroespacial, hoje seu ativo mais valioso, estimado em US$ 336 bilhões. A operação para recomprar os papéis da companhia, realizada no mercado secundário, sinalizou forte demanda por exposição à empresa, em meio às expectativas de abertura de capital em 2026 e à expansão dos negócios de lançamentos e da constelação de satélites Starlink.
A valorização da SpaceX teve efeito imediato sobre a Tesla (TSLA), empresa da qual Musk é CEO e maior acionista individual. No pregão seguinte à divulgação da nova avaliação, as ações da montadora de veículos elétricos subiram 3,56% em Nova York, com volume de negociação significativamente acima da média recente. Nesta terça-feira (16), os papéis avançam 1,82%, a US$ 483,97.
O movimento foi interpretado como mais uma manifestação do chamado “Musk premium”, a leitura de que o sucesso extremo de um braço do império reduz o risco percebido e reforça a confiança nos projetos de longo prazo das demais empresas sob seu comando.
No mercado brasileiro, a reação foi semelhante. O BDR TSLA34 avançou 1,44%, encerrando o pregão a R$ 81,76, em um dia de fluxo comprador consistente. Hoje, o papel sobe 2,46%, a R$ 82,58. Para o investidor local, a Tesla segue funcionando como o principal canal líquido de exposição ao ecossistema Musk, já que a SpaceX permanece fechada ao mercado acionário.
De carro elétrico à IA
Hoje, a participação de 12% de Musk na Tesla está avaliada em US$ 197 bilhões, sem considerar as opções de ações ligadas ao pacote de remuneração aprovado pelos acionistas, que pode render até US$ 1 trilhão caso metas ambiciosas de valor de mercado e desempenho operacional sejam cumpridas na próxima década.
Mesmo com desafios no negócio automotivo e sinais de desaceleração nas vendas globais de carros elétricos, o mercado continua precificando a Tesla como uma empresa de inteligência artificial (IA), autonomia e robótica, e não apenas como uma montadora.
Do outro lado dessa confiança, críticos como Michael Burry, investidor que ganhou notoriedade ao prever a crise de 2008, alertam que a Tesla estaria estruturalmente supervalorizada e que os generosos pacotes de remuneração em ações para Musk ampliam a diluição dos acionistas, elevando o risco da aposta.
Para esses analistas, o mercado apenas troca a narrativa dominante conforme a concorrência avança, dos carros elétricos à direção autônoma, agora aos robôs.