Na última apresentação de resultados trimestrais o Grupo Fleury (FLRY3) teve um prejuízo de R$ 73 milhões. Poderíamos apenas focar nos resultados, porém, pouco aprenderíamos sobre o mercado de ações olhando este único ponto.
O principal motivo foi a queda no número de exames justamente por causa do novo coronavírus (covid-19). As pessoas ficaram com medo de sair de casa, mesmo que fosse para cuidar da saúde e as cirurgias não urgentes foram adiadas.
E é justamente este o primeiro ensinamento que devemos tirar do estatístico Nassim Taleb, o pai do Cisne Negro e da teoria da ‘antifragilidade’. Formamos opinião baseado no que já vimos, porém, apesar de já termos estudado nos livros de história sobre a peste negra e a gripe espanhola, isso parecia algo muito distante em um mundo em que a medicina evoluiu absurdamente.
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Em teoria, a nossa capacidade limitada de avaliação entende que, em uma crise de saúde, um dos poucos setores beneficiados é justamente o setor de saúde e os números mostram o contrário.
A demanda obviamente aumenta em função de uma única doença, no entanto, todo o resto da medicina é praticamente paralisado. Fleury, Magazine Luiza e Weg: Os resultados do Grupo Fleury comprovam que o coronavírus trouxe 500 mil novos exames de uma doença até então inexistente, mas paralisou todo o restante.
Apesar da recuperação das ações desde a sua mínima, a cotação ainda está longe de sua máxima semanas antes de começar o caos, enquanto outras empresas voaram, como Magazine Luiza (MGLU3) e Weg (WEGE3), que muitos acreditavam não serem interessantes, justamente porque o preço não havia caído muito.
FLRY3 e Warren Buffett
Entretanto, Fleury nos ensina o mesmo que Warren Buffett, que prioriza empresas líderes no segmento em que atuam, com baixo endividamento e com capacidade de entregar resultados.
Por 25 trimestres seguidos a companhia conseguiu apresentar resultados positivos constantes. Para quem não sabe, Fleury (FLRY3) é uma empresa quase centenária, nascida em 1926, ou seja, logo de cara encarou a crise de 29, duas guerras mundiais, além de diversos planos econômicos e hiperinflação. Poucas empresas conseguiram resistir por décadas.
Acredite, o Brasil não é para amadores. Hoje, a empresa possui um caixa de R$ 1,1 bilhão, não demitiu nenhum funcionário em meio a pandemia e não precisou consumir o dinheiro que mantém em caixa para sobreviver.
Apesar de ser uma small cap, ou seja, uma pequena empresa em relação as grandes da B3 (B3SA3), é um papel extremamente sólido e que conseguiu entregar resultados consistentes nos últimos anos.
Agora, pós-pandemia, veremos se realmente a companhia deixou de ser uma instituição de medicina diagnóstica e virou uma empresa de tecnologia, como Magalu, Weg ou até mesmo Nubank, apesar de não ter capital aberto. O coronavírus é um divisor de águas entre empresas digitais e analógicas e as que irão sobreviver e as que irão sumir.
Fleury será uma empresa de tecnologia?
Na última live para o portal Infomoney, o Presidente Carlos Marinelli ressaltou que a empresa está na direção de ser uma empresa de tecnologia e está fazendo isso através de aquisições. Se conseguirá se destacar frente aos concorrentes ainda não sabemos. Mas a sua história de quase um século, a entrega de resultados sólidos nos últimos anos e a demanda por exames que está reprimida precisam ser levadas em consideração.
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Confira também o vídeo sobre o prejuízo das ações da Fleury (FLRY3):
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