Investi em Petrobras (PETR4) acreditando em uma mentira

Depois do Ibovespa bater 65 mil pontos, agora nos aproximamos dos 100 mil pontos em uma velocidade impressionante.

O mundo voltou ao seu “normal” ou vamos ter uma nova queda? Impossível prever. Mas o fato é que, em todas as crises anteriores ocorreu uma subida e depois uma queda ainda mais severa. Mas pode ser que desta vez seja diferente. O tempo dirá.

Entretanto, uma coisa não mudou. A bolsa continua com os jogadores de cassino tentando acertar as grandes apostas e como em uma mesa de black jack, escondem dos amigos as perdas e com um megafone contam as vitórias.

Como aprendi com ações PETR4?

É fato que, praticamente todas as pessoas que fizeram aportes nos últimos 60 dias lucraram.

Algumas mais e outras menos. Com 200 mil novos investidores entrando na B3 por mês e é preciso entender que, apesar da facilidade de se investir bastando dar alguns cliques, leva-se tempo e algumas crises para a percepção de riscos e estratégias serem montadas.

É um processo que exige estudo. Por exemplo, muitos investidores alocam o dinheiro de meses de trabalho sem nem saberem ler o balanço de uma empresa e acreditam e falsas verdade.

Eu mesmo, no início achava que sabia mais do que realmente sabia. Hoje, sei um pouco mais, mas continuo sabendo que estou atrás de quem tem 30 anos de mercado financeiro, por um motivo simples. Esta pessoa já viu mais coisas do que eu. Gente quebrando e oportunidades que apareceram e como aproveitá-las.

Eu, por exemplo, 15 anos atrás, comecei na renda variável comprando Petrobras (PETR4) por mais de R$ 50,00, pois, afinal, Petrobras é a Petrobras. Todos diziam a seguinte frase: “Compra Petrobras que não tem erro. Se cair, sempre volta”. Pois é. Vendi o papel por volta de R$ 35,00. Para quem não se lembra, a ação chegou a valer menos de R$ 5,00 e hoje está perto de R$ 21,00.

Foi o primeiro mito que aprendi pagando do meu bolso. A mentira do fique tranquilo e espere, pois os preços sempre voltam. É só aguardar. Detalhe, a Petrobras nunca mais voltou a valer o que valia. Se um dia voltar, a inflação já terá corroído grande parte de seu preço.

O perigo é o investidor iniciante que tem sorte!

Quando descobrimos o mercado de renda variável, nos achamos grandes gênios, visionários e as vezes temos o azar de ter sorte. Não sabemos nem ler um balanço, não sabemos fazer uma análise de risco e simplesmente compramos um ativo porque está barato e alguém falou.

De repente este ativo se valoriza sem nem sabermos o risco que corríamos, como por exemplo, a possibilidade real de empresa quebrar.

O maior investidor do mundo, Warren Buffett cometeu mais uma vez o erro de investir no setor aéreo, na minha opinião o setor mais arriscado da bolsa. Admitiu o erro para o mundo no mês passado e vendeu todas os seus ativos. Porém, o investidor que acabou de chegar na B3, que ainda nem se quer construiu um patrimônio relevante e não tem uma estratégia clara de diversificação e risco, investe nestes ativos, a ação dobra de preço em poucas semanas e pronto.

A natureza humana de achar que é mais esperto que os outros entra em ação e aí que mora o perigo. Será que é mais inteligente o investidor que aportou em uma companhia como a Petrobras e lucrou 80% com um risco relativamente baixo de a empresa desaparecer ou aquele que lucrou 100% com um papel de altíssimo risco?

Nunca se apaixone por uma ação

No Bull Market é fácil ganhar dinheiro, mas este período sempre tem prazo para acabar. O investidor não pode se apaixonar jamais por uma ação e virar um torcedor, como se estivesse em um estádio de futebol. Isso atrapalha a análise risco. Como eu sempre falo, não tenha amor por ela, pois ela nem sabe que você existe.

A diversificação precisa ser tão bem feita a ponto de que, mesmo que um ou dois papéis subam mais do que a média, estes não terão um grande impacto positivo no total na carteira, justamente porque seu risco está diversificado por setores da bolsa e por empresas.

O contrário também é verdade. Como ensinaria Benjamin Graham, o mestre de Warren Buffett, tenha entre 10 e 30 ações na carteira. Na média, tenha 20. Deste modo, mesmo que as ações da OI (OIBR3), GOL (GOLL4) ou CVC (CVCB3), por exemplo, desabem 70% por uma desconfiança em relação a gestão ou uma crise no setor, você não entrará em desespero, pois estas não terão grande impacto no seu patrimônio total.

Nós podemos investir em qualquer empresa, desde que você esteja muito bem fundamentado do porquê da sua escolha, os riscos embutidos e o percentual que terá na sua carteira. Investimento não é cassino.

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Confira também a entrevista exclusiva com a Daniela Casabona, sócia-diretora da FB Wealth, sobre a importância do planejamento financeiro: