Nesta quarta-feira o Banco Central reduziu a Selic para 2,25% e deixou a porta aberta para novos cortes.
Segundo o comunicado da decisão “um eventual ajuste futuro no atual grau de estímulo monetário será residual”. Ou seja, ele deve reduzir o passo do ajuste para 25 pontos base, tateando com cautela o fundo desse poço.
E como ficam nossos investimentos em renda fixa com uma Selic dessas?
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O Tesouro Selic, que é o título pós-fixado do governo, seguirá a rentabilidade da Selic. Se imaginarmos o retorno líquido de imposto de renda, teremos algo como 1,91% de retorno.
A poupança, que rende 70% da Selic mas não paga imposto de renda, rende agora 1,57%.
É um retorno bem baixo, e inédito no Brasil. E mais que isso, é um retorno muito próximo da inflação.
O último dado de inflação mostrou um IPCA de 1,88%.
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Isso mostra que os títulos mencionados acima vão servir para, na melhor das hipóteses, te retornar o seu poder de compra.
Fundos de renda fixa ou multimercado com taxas de administração altas, como 2% ao ano, também enfrentam um dilema.
Por um lado, o cenário atual incerto estimula gestores a correr menos risco. Por outro lado, não correr risco e se manter em caixa rendendo Selic irá significar retorno zero ou até negativo, caso a Selic siga caindo. As taxas de administração acabarão por comer toda a rentabilidade.
Os fundos terão apenas duas alternativas: cobrar taxas menores ou tomar mais risco. Fundos que ficavam no meio do caminho terão dificuldade de se diferenciar.
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Essas taxas baixíssimas no Brasil, e em todo o resto do mundo, estão dando um recado muito importante para o investidor: ninguém será remunerado por investimentos seguros e conservadores. Se você optar por não correr grandes riscos, terá um retorno real em torno de ZERO!
Isso é uma mudança gigante de paradigma, que acredito que as pessoas ainda estão parando para pensar.
Em 2016, com a Selic a 14,25%, o investidor conservador dobrava seu capital a cada 5 anos.
Com a Selic no patamar atual, seria necessário mais de 30 anos para dobrar o patrimônio. É uma vida, não é mesmo?
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Claro que a Selic não deve ficar baixa por muito tempo. Mas enquanto estivermos neste cenário, que pode durar mais um ou dois anos, você deve repensar toda a sua carteira de investimentos.
A renda fixa ainda possui algumas alternativas com maior rentabilidade.
Os queridinhos seguem sendo os títulos prefixados ou IPCA+ de longo prazo. Enquanto a Selic paga 2,25% ao ano, os prefixados longos pagam em torno de 7% ao ano. Os títulos IPCA+ longos chegam a pagar inflação mais 4%.
É uma diferença grande, que vem atraindo investidores que antes ficavam na Selic.
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O lado ruim desses títulos é que essas taxas valem apenas para quem carregá-los até o vencimento. Caso você queira vender o seu título antes do prazo, que neste caso é bem provável uma vez que os vencimentos são bastante longos, você acabará sofrendo o efeito da marcação a mercado, podendo inclusive ter prejuízo se essas taxas subirem no futuro.
Outra opção para quem busca apimentar seus retornos em renda fixa são os títulos de crédito privado. Esses títulos são emitidos por bancos (como CDBs, LCI, LCA) ou empresas (como CRIs, CRAs e debêntures).
Por serem mais arriscados que os títulos do governo, eles costumam pagar taxas bem maiores. Neste caso, é muito importante que seja feita uma análise da empresa ou banco emissor para evitar grandes furadas.
Lembre sempre que o retorno é proporcional ao risco. O banco que mais paga taxa nos seus CDBs é certamente aquele com maior risco no balanço, com basileia baixa, ou com prejuízo.
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Parece difícil pensar que você irá analisar o balanço de um banco, não é mesmo?
O lado bom é que hoje em dia existem uma série de novas empresas criadas exatamente para ajudar o investidor pessoa física nessa difícil tarefa de tomar mais risco.
O que parece difícil no começo vai acabar te tornando um investidor muito mais consciente e responsável.
Bons ativos com taxas altas estão se tornando raridade no cenário atual. E é exatamente por isso que você deve procurar. Ativos escassos em época de alta liquidez são exatamente aqueles que mais se valorizam.