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O golpe da IA nos jovens e as saídas para o futuro, segundo Harvard

Estudo de Harvard mostra queda nas contratações e destaca que o grande desafio agora é reinventar carreiras

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Inteligência Artificial (IA) tem moldado o futuro dos jovens no mercado de trabalho (Foto: Adobe Stock)
Inteligência Artificial (IA) tem moldado o futuro dos jovens no mercado de trabalho (Foto: Adobe Stock)

Um estudo da Universidade de Harvard trouxe um alerta: a inteligência artificial (IA) generativa já reduziu de forma drástica contratações de jovens em início de carreira nos Estados Unidos. A pesquisa, que analisou mais de 62 milhões de trabalhadores em 285 mil empresas, mostrou que, a partir de 2023, companhias que passaram a usar IA contrataram até 40% menos juniores em setores como o varejo. O problema não foi de demissões, mas da falta de novas entradas.

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O impacto não é homogêneo. Jovens de universidades de prestígio sofreram menos, enquanto os de instituições intermediárias foram os mais penalizados. Em paralelo, observou-se um leve aumento nas promoções internas, o que só beneficia quem já estava dentro. Já os profissionais seniores mantiveram espaço, reforçando a ideia de que experiência prática segue sendo insubstituível.

Um choque para quem está começando

É preciso ser claro: esse movimento é um duro golpe nos jovens em início de carreira. Sem experiência, terão menos oportunidades de começar, aprender e se desenvolver para um dia se tornarem seniores. O risco é criar um vazio geracional: sem juniors hoje, não haverá seniors amanhã.

As empresas, no imediatismo de reduzir custos e substituir funções de entrada por IA, precisam refletir: ao fechar portas para novos talentos, podem comprometer o próprio futuro.

Enquanto isso, cabe aos jovens buscarem alternativas. Uma delas é o voluntariado, que permite ganhar experiência real, mostrar engajamento e ampliar conexões. Outra é o trabalho freelancer, muitas vezes autocriação de oportunidades em nichos novos ou mal explorados. Também é hora de mudar o enfoque do interesse: das redes sociais como passatempo para as redes como antenas de mercado, oportunidades e contribuição.

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Lembro de um atendimento clínico com um estudante de publicidade, apaixonado por esportes. Ele acompanhava futebol, MMA e tênis apenas pela disputa: quem faz o gol, quem vence a luta, quem leva o set. O convite foi mudar a lente.

Em vez de enxergar só o jogo, olhar o mercado: quais empresas estão por trás de um campeonato? Quem organiza? Quem são os fornecedores, os patrocinadores, a cadeia produtiva? Como é feito o marketing? Quanto fatura o setor? Quais são as tendências? Esse exercício mostra que até o lazer pode ser fonte de aprendizado e oportunidade, quando olhado com curiosidade. O que parecia passatempo revela um universo profissional inteiro.

Caminhos para o recém-formado

Os dados de Harvard são um alerta severo, mas não uma sentença definitiva. Ainda há como se preparar para viver e florescer neste cenário. Quais são os caminhos?

  • Iniciativa e autogestão: assumir o protagonismo da própria trajetória e criar oportunidades, sem esperar que elas simplesmente apareçam
  • Criatividade e paixão pelo que faz: trazer ideias novas e entusiasmo, combustíveis que máquinas não possuem
  • Vontade de contribuir com a sociedade: enxergar o trabalho também como serviço e impacto coletivo
  • Estudo contínuo e atualização constante: manter a mente em aprendizado permanente
  • Uso inteligente da tecnologia: não rejeitar a IA, mas aprender a usá-la com consciência e conhecimento, mantendo-se sempre atualizado para transformá-la em aliada e não em ameaça
  • Conexões humanas e multidisciplinares: tecer redes sólidas, misturando saberes de diferentes áreas
  • Saúde mental e inteligência emocional: cultivar equilíbrio, aprender a lidar com frustrações, pressões e estresses cotidianos sem perder o rumo
  • Espiritualidade e fé: encontrar sentido e força interior para viver a complexidade de hoje – e a ainda maior do amanhã

Um futuro que pode ser promissor

O estudo de Harvard mostrou ainda que os jovens enfrentarão mais barreiras na largada. Mas também revela que o que diferencia o humano não é o que pode ser codificado, e sim o que está no campo da experiência, da criatividade, das relações e do espírito.

O jovem que souber unir razão e emoção, cuidar da mente, alimentar a fé e colocar a alma no que faz não será apenas empregado: será indispensável.

No passado, nos perguntavam: o que nos diferencia dos animais? Seria a razão? Hoje nos perguntamos: o que nos diferencia das máquinas? É a emoção? Mas acredito que para liderar animais, máquinas, homens e transformar o mundo, é preciso equilibrar razão e emoção; e, deixar que a força invisível da alma fale!

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