Modelos como o do candidato à prefeitura apostam na provocação e polarização para ganhar visibilidade e dinheiro rápido. Esse sistema explora um viés humano básico: temos mais medo das perdas do que valorizamos os ganhos, como explica Daniel Kahneman em seus estudos sobre aversão à perda. Essa tendência a focar no negativo pode explicar a atração pelo caos e pela controvérsia, mas a longo prazo, essa abordagem se mostra arriscada e insustentável.
De acordo com uma pesquisa da Weber Shandwick, realizada em parceria com a KRC Research, 63% do valor de uma empresa está diretamente ligado à sua reputação. Quando uma empresa adota práticas que prejudicam sua imagem, o impacto não é apenas financeiro; afeta a confiança do consumidor, a capacidade de atrair talentos e a resiliência diante de crises.
Uma má reputação transforma produtos e serviços em questionáveis, eleva os custos operacionais e aumenta o escrutínio do poder público, além de sacrificar o relacionamento nas redes sociais, onde a opinião pública se forma rapidamente. Isso mostra que a lógica pregada por Marçal não é irrefutável; na verdade, o caminho do bem, da transparência e da integridade pode gerar resultados ainda mais sólidos.
Brené Brown, em seus estudos sobre vulnerabilidade, argumenta que a verdadeira força não está em mascarar fraquezas ou adotar uma postura agressiva, mas em ser autêntico e compassivo.
A vulnerabilidade, longe de ser um sinal de fraqueza, é um ato de coragem que conecta líderes e equipes, fomentando ambientes de trabalho mais colaborativos e produtivos. Em vez de dividir e atacar, ser vulnerável é um convite à empatia e à construção de pontes, valores que se contrapõem diretamente à máquina do caos.
Carol Dweck, com sua pesquisa sobre a mentalidade de crescimento, reforça a importância de focar no desenvolvimento humano e no aprendizado contínuo.
Empresas que investem no potencial das pessoas e criam ambientes onde o erro é visto como parte do crescimento, como Google (GOGL34) e Microsoft (MSFT34), colhem os frutos de culturas organizacionais saudáveis e inovadoras. Esses ambientes não apenas aumentam a satisfação e retenção dos funcionários, mas também impulsionam a criatividade e a inovação, elementos essenciais para o sucesso de longo prazo.
Adam Grant, em “Dar e receber”, refuta a ideia de que o sucesso é exclusivo daqueles que jogam duro e pensam apenas em ganhos pessoais. Ele demonstra que os doadores — aqueles que ajudam e compartilham sem esperar retorno imediato — frequentemente alcançam sucesso maior e mais duradouro.
Empresas como a Pixar, que cultivam uma cultura de apoio mútuo e colaboração, são exemplos claros de que o bem pode superar o mal, especialmente quando o foco é criar valor para todos os envolvidos. Essas empresas mostram que apoiar e investir nas pessoas cria um ciclo de reciprocidade que beneficia a todos e fortalece o negócio.
A polarização, promovida pela máquina do caos, divide, enquanto a construção de pontes une. Como já argumentei em “Pontes em Tempos Divididos”, é urgente resgatar o poder do diálogo, da empatia e da colaboração.
Não se trata de ser bonzinho por ingenuidade, mas de fazer uma escolha estratégica e consciente de que, no longo prazo, o positivo é mais forte e mais lucrativo do que o negativo. Ser bonzinho vale a pena, não apenas como um valor pessoal, mas como uma estratégia de negócios que equilibra resultados financeiros com um impacto positivo e duradouro na sociedade.
Além disso, a adoção de modelos que focam no caos e na competição agressiva pode ter impactos profundos na saúde mental das novas gerações, especialmente a Geração Z, que já enfrenta níveis elevados de ansiedade e desilusão com o futuro.
A constante exposição a um ambiente de conflito e competição exacerbada reforça um senso de insegurança e desesperança, dificultando a construção de um futuro em que os valores humanos e a colaboração sejam pilares centrais. Ao invés de perpetuar um ciclo de medo e pressão, escolher o caminho do bem oferece um contraponto saudável, promovendo um ambiente mais estável e inspirador, onde o sucesso é acessível de maneira justa e colaborativa.
A escolha de fazer o bem e agir com autenticidade e empatia é mais do que uma estratégia de negócios; é um ato de coragem em um mundo que, muitas vezes, parece valorizar o oposto. Acreditar que o bem pode, sim, vencer o mal, é se alinhar a uma visão de mundo onde conexões genuínas e respeito mútuo criam raízes mais profundas do que o ruído da negatividade.
Quando escolhemos o caminho do bem, não só geramos dinheiro, mas construímos uma economia saudável e sustentável, onde prosperidade e ética caminham juntas. Se você acredita que, no final das contas, o bem pode triunfar, então essa escolha não é apenas válida — é essencial para um futuro mais próspero e justo.
Nota da redação: A opinião dos colunistas do E-Investidor não reflete, necessariamente, o editorial do Grupo Estado.