- A ousadia outrora característica da juventude de se expor a riscos excessivos foi substituída por uma geração desmotivada, paralisada pelo medo
- O medo pode ter um impacto significativo nas finanças, influenciando decisões de investimento, levar a gastos excessivos ou à avareza e afetar a capacidade de assumir riscos
- O estresse causado pelo medo financeiro pode impactar a saúde física e mental
Medo é uma emoção útil para preparar o corpo a alguma ameaça ou perigo. E o que acontece quando o corpo permanece em estado de prontidão constante por medo ininterrupto? Transtornos de ansiedade, síndrome do pânico, burnout, depressão.
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Freud definiu o medo de um lado como a expectativa do trauma; por outro lado, uma repetição atenuada dele. Uma cultura diária de medo molda a percepção do indivíduo sobre perigos e pode resultar em comprometimento de sua estrutura mental, da capacidade de tomar decisões e de lidar com compromissos de longo prazo, diz o sociólogo Bauman
Vive-se uma sociedade do medo onde a nova geração está apavorada. A ousadia outrora característica da juventude de se expor a riscos excessivos foi substituída por uma geração desmotivada, paralisada pelo medo.
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Os medos são variados: medo do fracasso, do ridículo, da rejeição, de errar, de perder tempo e dinheiro, de envelhecer. Medo de ser julgado pelo outros, de decepcionar, de passar vergonha, de sofrer. Medo de ficar doente, da violência, de perder alguém querido, de perder a dignidade, de perder a vida, medo de morrer. São muitos os medos reais e imaginários que transitam pensamentos acelerados dos jovens atuais.
E você? Possui algum destes medos? Muitos deles? Todos?
Recentemente, um morador de Timbó, no Vale de Itajaí em Santa Catarina, com medo de que sua esposa descobrisse que havia perdido dinheiro no poker, inventou um assalto, registrando o falso crime na polícia. No entanto, as câmeras de segurança desmentiram a história, e, temendo represálias, o jovem confessou a mentira à Polícia Civil. Agora enfrenta acusações por falsa comunicação de crime.
Tipos de medos e suas consequências:
Comportamento de fuga, evitação e procrastinação
O comportamento clássico associado ao medo de errar é a fuga ou procrastinação. A pessoa posterga tarefas, evita desafios e perde oportunidades por medo de fracassar. É um comportamento autorrealizável porque apesar de trazer alívio momentâneo ao medo, produz o fracasso indesejado além de gerar culpa e frustração. É o indivíduo que adia o estudo para uma prova ou mesmo um contato profissional, temendo não obter êxito e acaba concretizando aquilo que temia.
O medo de um futuro sem futuro
Segundo pesquisa recente feita pela UNICEF, na América Latina há 16 milhões de jovens desesperançados com o futuro. A eco-ansiedade, inserida neste contexto, cresce assustadoramente entre os jovens. Um estudo publicado em 2021 no The Lancet revelou que 84% das crianças e jovens, com idades entre 16 e 25 anos, apresentaram preocupações moderadas em relação às mudanças climáticas, enquanto 59% expressaram uma preocupação muito ou extremamente elevada.
É uma geração que está se desenvolvendo em meios a fortes eventos resultantes da mudança climática, à pandemia, ao temor de guerras, à violência urbana ou doméstica e é bombardeada por imagens trágicas e horríveis veiculadas a cada minuto nas mídias. Somado às tragédias, existe o outro polo de ostentação de sucesso e felicidade excessivos disseminados nas redes sociais e às vezes, trazidos dentro do próprio âmbito familiar por comparação e educação muito críticas. Metas irreais e inatingíveis tornam qualquer iniciativa difícil e arriscada e acabam desenvolvendo estresse crônico.
O medo nas finanças
O medo pode ter um impacto significativo nas finanças, influenciando decisões de investimento, levar a gastos excessivos ou à avareza e afetar a capacidade de assumir riscos. Investidores temerosos podem optar por escolhas mais conservadoras, perdendo oportunidades de crescimento.
O medo também pode levar a decisões impulsivas, como vender investimentos durante períodos de volatilidade, resultando em perdas. Pode criar tensões em casais ou famílias, resultando em conflitos sobre orçamento, gastos e prioridades financeiras. O estresse causado pelo medo financeiro pode impactar a saúde física e mental. Problemas de saúde adicionais podem resultar em custos médicos inesperados, afetando ainda mais a estabilidade financeira.
Antídotos contra o medo
Pensando na sua saúde financeira, mental e integral, nada melhor do que aproveitar o espírito natalino para revigorar ânimos e relembrar os remédios ancestrais contra o medo.
- Amor
Sim, o amor pode ser considerado um antídoto para o medo em muitas situações. Relacionamentos amorosos, sejam familiares, românticos ou de amizade, podem oferecer segurança emocional, reduzir a sensação de ameaça e insegurança.
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O amor deve servir como estímulo para encorajar, e não o contrário. Às vezes, no intuito de proteger e cuidar dos entes queridos, ou no desejo de ver a pessoa amada bem-sucedida, cria-se um ambiente crítico, punitivo e comparativo que impulsiona o indivíduo a situações temerosas.
A festividade de Natal é um excelente momento para refletir se o ambiente de amor familiar está funcionando para estimular aspectos positivos da vida. Para abraçar a gratidão pela companhia daqueles que estão ao seu redor. Valorizar os momentos compartilhados e construir memórias positivas.
O maior presente que você pode dar a alguém querido é sua empatia, acolhimento e apoio. Compartilhar esperanças e sonhos com os outros cria um senso de conexão e apoio social e combate a solidão frequentemente associada ao medo.
Somado a isso, participar de atos de generosidade e solidariedade e contribuir para o bem-estar dos outros não só faz bem para quem recebe, mas também para quem oferece.
- Esperança
A esperança fornece a força emocional necessária para superar adversidades. Permite uma aceitação mais tranquila da incerteza. Indivíduos esperançosos tendem a ser mais resilientes diante dos desafios e a ver oportunidades em meio à incerteza.
- Fé
A fé é um processo básico psicológico importante aos indivíduos. Proporciona um sentido de propósito e significado na vida, ajudando a colocar os medos em um contexto mais amplo. Ensina a aceitar a incerteza e a soltar o controle. A crença em algo maior pode fortalecer a resiliência emocional, permitindo que as pessoas enfrentem o medo com coragem e determinação.
A fé pode proporcionar uma sensação de paz interior, mesmo em meio a circunstâncias assustadoras, oferecendo consolo e tranquilidade. Práticas espirituais, como orações, rituais, e uma comunidade religiosa podem oferecer uma estrutura que ajuda a enfrentar e superar o medo, por meio do senso de conforto e conexão. A fé contribui para desviar o foco do medo pessoal para objetivos altruístas, para a preocupação com o bem-estar dos outros e a busca de um propósito maior.
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Finalizo perguntado: E você? Com esta seu grau de medo perante a vida? Está vivendo seus sonhos ou fugindo e procrastinando?! Desejo que seu Natal seja um momento incrível de reflexão, cheio de coragem, renovação, esperança, fé e principalmente amor.