- Job hoppers, ou salta-empregos, são pessoas que mudam de trabalho periodicamente
- Apesar das possíveis vantagens em adotar o modelo, pode haver rapidamente uma reversão nos ganhos acelerados
- Para fazer uma avaliação se a pessoa está no caminho certo, é preciso analisar o padrão e a função do comportamento estabelecido
Job hopping é mais um fenômeno mundial no mercado de trabalho. Depois da grande demissão em massa em 2021 – conhecido como Great Resignation, ou Grande Renúncia, em tradução livre), da demissão silenciosa (Quiet Quitting) e da dispensa silenciosa (Quiet Firing), essa nova tendência ganhou popularidade em 2023.
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Job hoppers, em tradução livre, os salta-empregos, são profissionais que mudam de trabalho periodicamente, comportamento mais comumente encontrado em membros da geração Z (nascidos a partir de 1995) e millennials (os da década de 1980), em busca de vantagens como maiores salários e melhores oportunidades.
São diversas as justificativas dadas por quem adota a prática, como aumentar rapidamente os ganhos financeiros, melhoria na qualidade de vida ou nas condições de trabalho, busca por novos desafios e até mesmo demissão preventiva, se antecipando a alguma redução no quadro de funcionários da empresa.
Apesar das possíveis vantagens em adotar o modelo, pode haver rapidamente uma reversão nos ganhos acelerados, uma vez que empregadores podem não ver com bons olhos candidatos que ficam pouco tempo em cada empresa.
O mais importante não está a explicação sobre a motivação da mudança. Para fazer uma avaliação se o profissional está no caminho certo, com decisões estratégicas inteligentes que trarão retornos financeiros consistentes e sustentáveis no longo prazo, é preciso avaliar, na verdade, o padrão e a função do comportamento.
Padrões de comportamento:
Fuga, evitação ou esquiva: o profissional atribui diversas explicações às mudanças. Muitas delas, inclusive, bem coerentes e justas. Mas, na verdade, o comportamento de mudar constantemente de emprego pode ser uma forma de fugir de situações de medo de não desempenhar bem a função, o que gera extrema ansiedade e torna insuportável sustentar a situação.
Esse padrão pode ter sido estabelecido na infância, em situações de trocas de escola apoiadas pelos pais para evitar o fracasso nos estudos e de desistência recorrente de atividades extracurriculares. Assim, o profissional pode só estar reproduzindo o comportamento no mercado de trabalho.
Falta de autoconhecimento: o profissional culpa as circunstâncias externas por seu descontentamento, mas na verdade não sabe exatamente o que quer. Desconhece seus talentos, não possui objetivos claros e não tem clareza do que realmente gosta. Devido uma baixa autoestima e baixa autoconfiança, na verdade está infeliz consigo mesmo.
Para explicar as mudanças constantes de trabalho, o profissional cria, então, uma narrativa própria que justifique seu descontentamento em relação às situações do ambiente.
Indecisividade: profissionais que têm um padrão de forte indecisão em suas escolhas costumam mudar muito de opinião, influenciadas pela dos outros. É só ouvir falar que fulano ganha mais ou ver um post na internet de alguém muito feliz em seu trabalho que já se sentem mobilizados a mudar a própria vida. Isso pode ter sido estabelecido quando estes profissionais cresceram em ambiente familiar muito crítico, com muitas comparações, e/ou onde seus cuidadores tomavam todas as decisões pelo indivíduo.
Forte condicionamento ao dinheiro ou ao status social: o profissional estabelece um comportamento impulsivo por ter sido condicionadp desde a infância em recompensas ligadas ao dinheiro ou ao status. Ao invés de ter sido reforçado em seus talentos, no senso de desenvolvimento, de autorrealização e de contribuição, o indivíduo ficou restrito ao reforço e às recompensas ligados a benefícios financeiros.
Desistência por concorrência de motivações: o profissional ao longo de sua vida sempre foi suprido em tudo que precisava por seus pais. E muitas vezes segue sendo suprido na fase adulta. Na medida em que o trabalho, em uma avaliação de custo/benefício, possui concorrência com outros benefícios já existentes na vida dele, ou mesmo o trabalho demora a trazer retornos desejados, o comportamento de seguir trabalhando naquele lugar entra em extinção.
Esses exemplos são alguns dos padrões que podem estar alimentando o comportamento de “pular de galho em galho” por diversos empregos.
Se você está se vendo como um job hopper, vale a pena fazer uma autoavaliação do seu caminho ou se precisa de ajuda psicoterapêutica para desenvolver novos repertórios comportamentais.
Caso já saiba a direção de longo prazo que quer seguir e suas mudanças são pontuais, mobilizadas por situações específicas de adequação de sua melhor rota de posicionamento desse caminho, vá em frente! Mas se você perceber que está sendo impulsivo e inconstante em seu trajeto, pare e reavalie.
Assim evitará arrependimento e diminuirá as chances de insucesso financeiro no futuro.