- Preços das commodities podem acompanhar o cenário de maior inflação, sendo proteção para uma carteira de investimentos diversificada
- Cobre e lítio, via iniciativas de energia limpa, podem capturar uma demanda de crescimento dentro do tema de transição energética
- Mesmo com volatilidade, historicamente, as commodities apresentam boa performance em ambientes inflacionários como os de hoje
(Andres Castro*, portfólio manager da Global X ETFs Brasil) – Os preços das commodities podem se beneficiar do cenário atual de maior inflação global. Elas apresentam uma propriedade chave do mundo dos investimentos chamada de correlação, que pode ser compreendida como uma medida estatística para mensurar a relação de dois ativos.
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Portanto, os preços das commodities podem acompanhar o cenário de maior inflação, tornando-se uma proteção para uma carteira de investimentos diversificada, conforme ilustrado no gráfico abaixo.
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A dinâmica de preço no curto prazo é o resultado entre oferta e demanda, porém, historicamente, temos períodos estruturais de anos com preços em tendência de alta, os chamados superciclos de commodities.
Por exemplo, a rápida industrialização dos países BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) a partir de meados da década de 1990, criou um superciclo de commodities que durou mais de 20 anos.
O mundo está adotando rapidamente novas tecnologias, como veículos elétricos, células de combustível de hidrogênio, turbinas eólicas e painéis solares fotovoltaicos, apenas para citar alguns. Essas tecnologias podem ajudar a retardar as mudanças climáticas, melhorar a produtividade ou conectar milhões de pessoas em todo o mundo.
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Por trás dessas tecnologias complexas estão muitos insumos essenciais, como as commodities metálicas. Sem elas, essas tecnologias não existiriam – pelo menos em suas formas atuais. Dentro da classe de commodities, vale destacar o cobre e lítio, que por meio de iniciativas de energia limpa, podem capturar uma demanda estrutural de crescimento dentro do tema de transição energética, conforme detalhado no gráfico abaixo.
A adoção simultânea dessas tecnologias pode criar um novo superciclo em commodities específicas. Por exemplo, a transição de veículos com motor de combustão interna para veículos elétricos pode impulsionar a demanda por commodities como lítio, grafite, cobre, níquel, cobalto e manganês. Um veículo elétrico requer seis vezes mais dessas commodities do que um veículo tradicional.
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O ano de 2022 está se mostrando volátil, com a inflação atingindo máximas de várias décadas, à medida que a economia real ainda se recupera da pandemia, as políticas monetárias globais se tornam agressivas e os efeitos da invasão da Ucrânia pela Rússia se espalham pela economia.
No entanto, historicamente, as commodities apresentam boa performance em ambientes inflacionários como esses que estamos vivendo, em função da alta correlação dos metais com a inflação.
Por fim, com o avanço de políticas de carbono neutro, a aceleração da penetração de veículos elétricos e o investimento maciço em infraestrutura para atender às metas de mudança climática, a demanda em um conjunto de commodities pode permanecer aquecida a longo prazo, resultando em um superciclo com preços em alta.
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Sobre o autor
Andres Castro é portfólio manager da equipe de investimentos da Global X ETFs Brasil, uma das maiores gestoras de ETFs temáticos do mundo. A empresa chegou neste ano no Brasil com a ambição de atingir US$ 1 bilhão em ativos nos próximos três anos. Com sede em Nova York e presença na Europa, na Ásia e na América Latina, a Global X tem patrimônio de US$ 45 bilhões geridos em 94 ETFs.