Os IPOs podem voltar mais rápido do que se imaginava há alguns meses. São quase dois anos sem empresas estreando na bolsa de valores brasileira, sendo que a última oferta foi a da Oncoclínicas, em 9 de agosto de 2021.
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A seca parece estar prestes a acabar. Antes de desabar em agosto, o Ibovespa ultrapassou a casa dos 120 mil pontos. A perspectiva de queda de juros deve retomar o fluxo de recursos de investimento para a renda variável.
Em 2023, já foram precificadas 13 ofertas subsequentes (Assaí, Hapvida, Dasa, Orizon, Smartfit, Oncoclínicas, CVC Brasil, Localiza, Vamos, Direcional, Hidrovias do Brasil, BRF e MRV) que juntas totalizaram mais de R$ 21 bilhões. Essas ofertas estão gerando resultados positivos, apresentando um retorno médio em 2023 de +14% em menos de dois meses desde a precificação (o retorno considera as variações dos preços e prazo médio (52 dias) entre 26/07/2023 e a as datas de lançamento das ofertas em 2023).
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Há também um represamento de ofertas. Dos 113 pedidos protocolados para IPOs em 2021, 67 ofertas não foram concluídas (aproximadamente 60% do total). Durante esse período, essas e outras empresas focaram em alternativas para captação de recursos como forma de financiar seus planos de crescimento e suas obrigações, sendo a mais comum a dívida.
Porém, algumas dessas empresas já estão demasiadamente alavancadas, e outras não querem captar novos recursos via dívida no momento, dado a expectativa de redução dos juros nos próximos meses.
Sendo assim, a busca por recursos de novos investidores (equity) passa a ser priorizada, tanto para melhorar estrutura de capital e consequentemente reduzir o endividamento quanto para mirar expansão.
Por mais que o custo de capital ainda esteja alto, fazendo com que os valuations dessas empresas sejam penalizados, os acionistas, em nossa visão, estão priorizando opções via equity. O fato da recente alta da bolsa e da expectativa de contínua expansão do Ibovespa no segundo semestre e em 2024 faz com que esse custo de oportunidade seja equacionado.
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Acionistas tendem a aceitar realizar uma operação de abertura de capital a valuations inferiores, visando surfar a alta da bolsa nos meses seguintes, o que deve colaborar com a possível reabertura da janela de IPOs já no quarto trimestre deste ano.
Importante ressaltar que as empresas que desejarem realizar um IPO no próximo ano precisam se preparar com urgência. O mercado brasileiro é marcado pela abertura e fechamento de janelas de forma repentina – algumas vezes estão mais para frestas. Em 2017, por exemplo, tivemos uma breve abertura da janela de equities que logo se encerrou, dando início a um período de dois anos com IPOs pontuais até o início de 2020, quando a janela se reabriu novamente e permaneceu assim até meados de 2021.
Para essa preparação, recomendamos que essas empresas já comecem a se adequar às exigências contábeis da CVM, estruturem práticas de governança usuais para empresas listadas, preparem uma tese de investimento bem elaborada, com as avenidas de crescimento para serem apresentadas aos investidores, e sustentadas por um plano de negócios sólido.
Dessa maneira poderão sair na frente, sendo beneficiadas pela falta de valuations relativos de comparáveis, disputas pelos recursos dos investidores e maior atenção do mercado e assessores para a realização da oferta.
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O estudo IPO na Prática, divulgado recentemente pelo Ártica em parceria com o Insper e a B3, abordou as lições aprendidas por acionistas e executivos que passaram pelo processo. Nesse estudo, foi apontado por 70% dos entrevistados que estar preparado com antecedência pode ser o divisor de águas entre o sucesso ou não da operação.