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Colunista

Empresas da B3 elevam lucros no 2º tri, mesmo com margens pressionadas e endividamento maior

Mesmo com receita em alta e efeito cambial favorável, as empresas listadas na B3 reduzem dividendos

Veja o balanço geral e o comparativo das empresas listadas na B3 no 2TRI25 vs 2TRI24 (Foto: Adobe Stock)
Veja o balanço geral e o comparativo das empresas listadas na B3 no 2TRI25 vs 2TRI24 (Foto: Adobe Stock)

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Segundo levantamento da Elos Ayta Consultoria, as empresas brasileiras reportaram lucro líquido de R$ 42,2 bilhões, alta de 29,16% em relação ao mesmo período de 2024 (R$ 32,7 bilhões).

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Petrobras (PETR3;PETR4) e Suzano (SUZB3) ficaram de fora da amostra, pois seus resultados acabam gerando muitas distorções.

O avanço foi impulsionado principalmente pelo efeito positivo do câmbio sobre o resultado financeiro, que reduziu significativamente as perdas com despesas em moeda estrangeira.

Balanço geral das empresas  listadas na B3 no 2TRI25 vs 2TRI24 – sem Petrobras e Suzano 

Indicador 2024 2025 Var. R$ Var. %
Vendas (3 meses) 728,3 780,0 51,7 7,10%
Custo de produtos vendidos (3M) 544,8 590,9 46,1 8,46%
Lucro Bruto (3M) 183,6 189,1 5,6 3,04%
Despesas/Receitas Operacionais (3M) 81,0 94,6 13,6 16,84%
Lucro EBIT (3M) 102,6 94,5 -8,1 -7,86%
Resultado Financeiro (3M) -62,1 -43,7 18,4 -29,67%
Receitas Financeiras (3M) 35,8 43,9 8,1 22,51%
Despesas Financeiras (3M) 97,9 87,6 -10,4 -10,58%
LAIR (3M) 40,5 50,9 10,4 25,59%
Lucro Líquido (3M) 32,7 42,2 9,5 29,16%
Dívida Bruta 1.703,8 1.829,0 125,2 7,35%
Dívida Líquida 1.098,4 1.253,7 155,3 14,14%
Caixa 605,4 575,3 -30,0 -4,96%
Dividendos distribuídos (3M) 30,9 28,3 -2,6 -8,47%
Margem Bruta (%) (3M) 25,20 24,25 -0,95 p.p.
Margem EBIT (%) (3M) 14,08 12,12 -1,97 p.p.
Margem Líquida (%) (3M) 4,48 5,41 0,92 p.p.
ROE (%) 12 meses 12,54 11,29 -1,25 p.p.
Dólar Ptax R$ 5,56 5,46
Variação Ptax % 11,26 -4,96
Quantidade de empresas na amostra: 272  — ($) Bilhões R$

Receita maior, margens menores

As vendas das companhias somaram R$ 780,0 bilhões, um crescimento de 7,1% frente a 2024. O movimento foi acompanhado de uma expansão ainda maior no custo dos produtos vendidos (CPV), que subiu 8,46%, para R$ 590,9 bilhões.

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Como resultado, o lucro bruto aumentou apenas 3,0%, alcançando R$ 189,1 bilhões, e a margem bruta recuou 0,95 ponto percentual, para 24,25%.

Já as despesas operacionais avançaram 16,84%, para R$ 94,6 bilhões, comprimindo ainda mais a rentabilidade operacional. O lucro EBIT caiu 7,86%, para R$ 94,5 bilhões, com a margem EBIT recuando de 14,08% para 12,12%.

O alívio do câmbio

A virada positiva no trimestre veio do lado financeiro. Em 2024, o dólar Ptax havia se valorizado 11,29%, pressionando fortemente empresas endividadas em moeda estrangeira. Já em 2025, a moeda americana registrou queda de 4,96% no período.

Esse movimento gerou alívio no serviço da dívida e reduziu em 29,67% o resultado financeiro negativo das companhias, de R$ -62,1 bilhões em 2024 para R$ -43,7 bilhões em 2025.

A queda decorreu principalmente da retração de 10,58% nas despesas financeiras, para R$ 87,6 bilhões, enquanto as receitas financeiras avançaram 22,51%, para R$ 43,9 bilhões.

Esse efeito câmbio contribuiu para que o Lucro Antes do Imposto de Renda (LAIR) avançasse 25,59%, chegando a R$ 50,9 bilhões.

Lucro líquido e margens finais

Com o ganho cambial refletido no resultado, o lucro líquido saltou para R$ 42,2 bilhões, crescimento de 29,16% frente ao segundo trimestre de 2024. A margem líquida subiu de 4,48% para 5,41%, alta de 0,92 p.p., mesmo com o recuo das margens bruta e operacional.

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Em termos de rentabilidade, porém, o indicador de ROE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido) em 12 meses caiu 1,25 p.p., de 12,54% para 11,29%, refletindo um lucro acumulado ainda pressionado no comparativo anual.

Estrutura de capital e caixa

O trimestre também registrou deterioração no perfil de endividamento. A dívida bruta cresceu 7,35%, alcançando R$ 1,83 trilhão, enquanto a dívida líquida subiu em ritmo mais acelerado, 14,14%, para R$ 1,25 trilhão.

Esse avanço foi potencializado por uma redução de 4,96% no caixa das companhias, que caiu para R$ 575,3 bilhões, reduzindo o colchão de liquidez.

Dividendos recuam

Outro destaque foi a distribuição de dividendos, que caiu em relação ao segundo trimestre de 2024. As empresas desembolsaram R$ 28,3 bilhões, valor 8,47% inferiro ao do mesmo período do ano anterior (R$ 30,9 bilhões).

Vale destacar que esses dividendos são referentes a pagamentos efetivados no segundo trimestre, mas podem estar associados a lucros de períodos anteriores, como o quarto trimestre de 2024 ou o primeiro trimestre deste ano.

Conclusões

As empresas não financeiras listadas na B3 atravessaram o segundo trimestre de 2025 em um cenário de receita crescente, margens comprimidas e maior endividamento, mas foram beneficiadas pelo efeito cambial positivo, que garantiu a expansão dos lucros.

Ainda que o ambiente operacional siga desafiador, o ciclo de queda de distribuição de dividendos evidencia uma postura mais cautelosa das companhias na remuneração aos acionistas, diante de um quadro de margens mais estreitas e dívida em alta.

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