O "lado B" do mercado

Einar Rivero é Consultor de dados financeiros de mercado. Engenheiro por formação, tornou-se referência para o mercado financeiro por trazer levantamentos e insights inéditos a partir do cruzamento de dados econômicos. Durante 25 anos, atuou como líder e gerente de relacionamento institucional de importantes plataformas de informação financeira. Está nas redes sociais como @einarrivero no Instagram e no Twitter e, ainda, como @einar-rivero, no LinkedIn.

Einar Rivero

O quanto reinvestir dividendos vai te deixar mais rico?

A estratégia contribui para acumulação de ativos e geração de renda passiva sólida. Mas há riscos

(Foto: Envato Elements)
  • A diversificação automática proporcionada pelo reinvestimento também é um trunfo
  • O que os cenários mostram é que o reinvestimento não é vantajoso por si só. As condições de mercado e as características específicas de cada setor podem desempenhar um papel significativo nos resultados
  • Cada investidor deve considerar as suas metas, horizonte de investimento, tolerância ao risco para construir a sua decisão

Uma dúvida que costuma atormentar muitos investidores, mesmo aqueles acostumados a navegar pelas águas complexas e, às vezes, revoltas, do mercado financeiro, é com relação a reinvestir ou não os dividendos.

A decisão de utilizar os proventos distribuídos para comprar mais ações é estratégica. E faz sentido para aqueles que buscam acumular patrimônio e, com o passar dos anos, formar um colchão de renda passiva que signifique independência financeira.

A diversificação automática proporcionada pelo reinvestimento também é um trunfo, reduzindo os riscos associados à concentração em setores específicos. Além disso, há a possibilidade de aproveitar as oportunidades de mercado, comprando papéis em momentos de grande volatilidade.

Para fornecer uma análise tangível da questão, examino aqui dois cenários. O primeiro deles traz a rentabilidade de ações em 2023, destacando as que apresentaram a maior diferença entre os cenários com e sem reinvestimento, para evidenciar como a opção pode moldar os resultados.

Como se pode observar na tabela 1, as dez ações da amostra revelam diferenças importantes de rentabilidade, com o reinvestimento se destacando como fator impulsionador, especialmente em Automóveis, Energia Elétrica e Incorporações.

Veja a rentabilidade das ações em 2023 com e sem reinvestimento entre ações da carteira do Ibovespa, Small Caps, IDIV e IBRX100 – Retorno sem reinvestimento positivo:



O segundo cenário traz ações que optaram por não reinvestir em 2023, observando aquelas que enfrentaram rentabilidade negativa sem o recurso. Nesse caso, nas ações da amostra, nos setores de Energia Elétrica e Máquinas e Equipamentos Industriais, as diferenças entre os cenários com e sem reinvestimento foram palpáveis.

Confira as ações com rentabilidade negativa em 2023 sem reinvestimento da carteira do Ibovespa, IBRx100, IDIV e Small Caps:


O que os cenários mostram é que o reinvestimento não é vantajoso por si só. As condições de mercado e as características específicas de cada setor podem desempenhar um papel significativo nos resultados. Há que se levar em conta ainda possíveis riscos como implicações fiscais, falta de liquidez imediata e concentração excessiva de ações de determinadas empresas.

Diante de uma dinâmica de mercado em constante mudança, o reinvestimento de dividendos emerge como uma ferramenta poderosa, mas não é uma escolha única para todos. A sabedoria está na maneira de utilizá-la. Cada investidor deve considerar as suas metas, horizonte de investimento, tolerância ao risco para construir a sua decisão.