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Colunista

Small Caps: brilho em 2025, mas ainda longe do máximo histórico. Há oportunidades?

Considerando 4 índices da B3, a carteira de empresas de menor capitalização teve o melhor desempenho anual

O Ibovespa é o principal índice da B3, a Bolsa de Valores brasileira. Foto: Daniel Teixeira/Estadão
O Ibovespa é o principal índice da B3, a Bolsa de Valores brasileira. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Os recordes do Ibovespa nos últimos dias têm chamado a atenção dos investidores. O principal indicador do mercado brasileiro fechou acima de 140 mil pontos pela primeira vez na história na terça-feira (20). E, apesar de algumas quedas nos pregões seguintes, voltou a testar esse limite dias depois. No entanto, apesar do recorde, o IBOV não registrou o melhor desempenho do ano.

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Considerando os quatro principais índices da B3, o melhor desempenho veio da carteira teórica das empresas de menor capitalização. O índice Small Cap (SMLL) acumula alta de 22,15% em 2025 até o dia 23 de maio, segundo levantamento da consultoria Elos Ayta. Essa rentabilidade supera os demais índices: os 14,58% do Ibovespa, os 12,25% do índice de dividendos IDIV e os 10,40% do IFIX.

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A recuperação das small caps vem sendo vigorosa em 2025, especialmente na comparação com anos anteriores. Nos últimos seis anos, a valorização de 2025 só foi superada pelo avanço expressivo de 58,2% em 2019. A alta no ano anterior à pandemia ocorreu durante um ciclo de otimismo com as reformas econômicas e com as perspectivas para as ações locais.

Desde então, no entanto, o SMLL apresentou um desempenho inferior ao dos outros indicadores do mercado. Ele foi testado por uma série de turbulências: a pandemia, os juros elevados, as incertezas fiscais e a fuga dos investidores institucionais das empresas de menor capitalização, devido à preferência por ativos mais líquidos.

Longe do recorde

Tarde demais para investir em small caps? Os números mostram que não. Apesar da valorização acima da média até agora, o SMLL ainda não conseguiu romper sua máxima histórica. O recorde para o índice foi registrado em 21 de junho de 2021, quando o SMLL chegou aos 3.224 pontos. Atualmente, o índice está em 2.154 pontos, o que representa uma queda acumulada de cerca de 33% em relação ao topo.

Esse é um dado importante. Enquanto os demais índices — Ibovespa, IDIV e IFIX — renovaram suas máximas históricas, as small caps ainda carregam um desconto estrutural frente às grandes companhias da bolsa.

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O SMLL é volátil. Seu comportamento nos últimos sete anos mostra uma montanha-russa de rentabilidades. O SMLL teve desempenho negativo em quatro dos sete anos analisados — com destaque para as fortes quedas em 2021 (-16,2%), 2022 (-15,06%) e principalmente em 2024 (-25,03%). Isso contrasta com os demais índices. O Ibovespa e o IDIV tiveram desempenhos negativos em três dos sete anos da amostra. O IFIX apresentou uma volatilidade menor e teve retornos consistentemente mais suaves, com perdas moderadas.

Essa volatilidade do SMLL decorre das características das ações que o compõe. As small caps são menos negociadas por vários motivos: capitalização menor, forte exposição à economia doméstica e maior sensibilidade às oscilações dos juros e do crédito. Isso torna suas cotações estruturalmente mais voláteis. Em geral, os minoritários são investidores profissionais ou institucionais, que possuem parcelas relativamente significativas do capital. Qualquer movimento provoca oscilações intensas nos preços das ações. Em contrapartida, as small caps oferecem maior potencial de valorização em ciclos de retomada econômica, como o atual.

O que os dados mostram

Um olhar sobre os números permite chegar às seguintes conclusões:

A virada em 2025 é expressiva: depois de três anos consecutivos de retornos negativos (2021 a 2024), o SMLL volta a subir com força em 2025, indicando possível realocação de investidores e recuperação da confiança.

O Small Caps é o índice que mais sofre e também o que mais entrega: ele acumula tanto as maiores perdas quanto os maiores ganhos do período, confirmando seu perfil de alto risco e alto retorno.

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Enquanto o Ibovespa se aproxima da máxima e o IFIX consolida sua estabilidade, o Small Caps ainda carrega o peso estatístico de anos difíceis. O que pode indicar espaço para valorização futura, caso o ciclo positivo se sustente.

A performance do índice Small Cap em 2025 é um sopro de alívio para quem insistiu em manter posições no setor. Mas a realidade dos números históricos ainda impõe cautela. O mercado parece reconhecer o valor dessas companhias, mas exige sinais mais robustos de estabilidade macroeconômica, crescimento interno e queda sustentada de juros para devolver ao SMLL o protagonismo que teve no passado.

O investidor que busca retorno acima da média encontrará nas small caps oportunidades promissoras — desde que esteja disposto a conviver com as tempestades do caminho.

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