Multiplicando Sonhos

Evandro Mello é CEO e fundador da Multiplicando Sonhos, associação sem fins lucrativos que tem como missão transformar a vida de jovens de escolas públicas através da educação financeira. Nascido na zona leste de São Paulo, é graduando em administração com ênfase em Comércio Exterior e estuda Psicologia Econômica e Tomada de Decisão.

Escreve aos sábados, a cada 15 dias

Evandro Mello

5 medidas que espero ver no plano de governo do próximo presidente

Há 2 meses das eleições, compartilho algumas ideias de políticas públicas voltadas para a educação financeira

Palácio do Planalto, onde o presidente da República despacha. Foto: Agência Brasil
  • Ultrapassando as caixinhas da esquerda e da direita, acredito que o que todo cidadão brasileiro quer é um Brasil melhor, com mais educação, saúde, qualidade de vida etc.
  • Precisamos de um projeto de empréstimos a juros baixos para que as pessoas possam começar seus negócios. Mas não só isso
  • Fazer campanhas de educação financeira nos canais de TV e rádio abertos pode gerar um impacto imensurável

Véspera de eleições é sempre um momento acalorado. Mas se soubermos superar os partidarismos, acredito que há algo de muito valioso nisso: o debate.

Ultrapassando as caixinhas da esquerda e da direita, acredito que o que todo cidadão brasileiro quer é um Brasil melhor, com mais educação, saúde, qualidade de vida etc, apesar dos diferentes pontos de vista sobre como alcançar esses objetivos.

Neste artigo, compartilho com vocês algumas políticas públicas que eu gostaria de ver no plano de governo do próximo presidente do nosso País, independentemente de quem ele seja. E, claro, vale também para as propostas dos novos deputados e deputadas.

1. Dar o peixe e ensinar a pescar

Todo mundo já ouviu a famosa frase “não se pode dar o peixe, tem que ensinar a pescar” quando o assunto é políticas assistenciais como o “Auxílio Brasil”, antigo “Bolsa Família”. Eu ouso discordar e concordar ao mesmo tempo.

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De acordo com o 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19, divulgado em junho, 33,1 milhões de pessoas não têm o que comer no Brasil e 58% estão em insegurança alimentar, quando a comida na mesa não é uma certeza.

Dado isso, os auxílios financeiros do governo são extremamente necessários. Uma pessoa que passa fome não tem sequer condições de trabalhar. Porém, isso não quer dizer que, no médio e longo prazo, não se possa fazer nada para que a pessoa mude de fato a sua condição.

Se criássemos uma regra para que, ao receber o auxílio, o beneficiário e sua família passem por um programa de educação financeira e profissionalização, levaríamos autonomia às pessoas e colaboraríamos para pôr fim ao ciclo de pobreza no nosso país.

2. Empreendedorismo também é coisa da periferia

Um dos temas de educação financeira que eu mais gosto de abordar nas aulas da Multiplicando Sonhos é a economia circular.

Quando incentivamos as pessoas a lidarem bem com o dinheiro e a empreender, sonhar mais alto, a economia do nosso País cresce junto.

É um efeito cascata e os grandes empresários já sabem disso há muito tempo. Então, por que não furar a bolha e fazer esse movimento crescer nas periferias?

Precisamos de um projeto de empréstimos a juros baixos para que as pessoas possam começar seus negócios. Mas não só isso: oferecer, junto com os empréstimos, cursos gratuitos sobre administração, finanças e marketing voltados para a realidade das periferias.

É a informação e a capacitação que farão com que as pessoas prosperem e não apenas se endividem.

3. É preciso entrar na casa das pessoas

Um trabalho que eu admiro muito no SUS e que todo mundo que veio da periferia conhece bem é o dos agentes de saúde.

Esses profissionais, atrelados aos postos de saúde, vão até a casa das pessoas, conversam com elas e fazem um acompanhamento minucioso da saúde das famílias brasileiras.

Uma campanha de educação financeira, para dar certo, precisa ter essa mesma lógica. Ela precisa conhecer a realidade das pessoas e fazer atendimentos especializados, afinal, cada caso é um caso.

Sabemos que a saúde financeira está ligada intimamente à saúde física, quem não está bem com suas finanças acaba em algum momento da vida apresentado problemas de saúde como ansiedade, depressão, crises de pânico e outras doenças.

Cuidar do dinheiro e educar financeiramente as pessoas, é cuidar da saúde emocional e fazer com que diminuam as incidências de doenças e idas ao médico. Nesse sentido, propor um programa de educação financeira em parceria com os postos de saúde – e também com conselhos comunitários e outras instâncias locais – poderia ser a solução para levar cursos e consultorias para bairros mais afastados.

4. O poder de transformação da comunicação

Outro jeito de entrar na casa das pessoas é por meio dos veículos de comunicação. Por isso, fazer campanhas de educação financeira nos canais de TV e rádio abertos pode gerar um impacto imensurável.

Isso pode ser feito de diversas maneiras: com campanhas publicitárias nos horários comerciais, com parceria com novelas para abordar o tema e com regras de programação que estipulem a presença de programas de educação financeira na grade.

5. Escola pública é para multiplicar sonhos

Por fim, mas não menos importante, destaco a escola pública. Na minha opinião, ela é a maior agente transformadora da nossa sociedade – não à toa foi a escolhida como foco do nosso projeto, que leva educação financeira a jovens do ensino médio.

Meu grande sonho é ver um governo que dê atenção total às escolas públicas e as coloque no centro do projeto para um Brasil melhor.

Nesses anos que tenho vivido a sala de aula, pude constatar o quanto nossos jovens têm potencial e estão dispostos a aprender e mudar o mundo.

Eles só precisam de alguém que os incentive e diga que é possível realizar sonhos. É isso que eu espero do nosso próximo presidente. Mas não apenas dele: de cada um de nós.

Seja você também um Multiplicador de Sonhos!

Colaboração: Giovanna Castro